Sou eu,
Poeta sem coisa alguma
Que espera por coisa e meia
Numa serena noite de lua cheia.
Mas essa noite não chega
E permaneço aqui,
No meio deste nada
Num nada tão tudo
Tão calado, tão branco,
Um tudo quase nada.
Oriundo de um sitio qualquer,
Com destino para não sei onde,
A única coisa que me importa
é estar aqui, neste nada quase tudo.
O tempo não pára,
E eu oiço os segundos caírem
Como gotas de chuva
Numa manhã de inverno.
E continuo neste nada tão tudo,
Neste tudo quase nada.
Um depois do outro,
Os segundos continuam a chover,
Como gotas de água cristalina
Que se assemelham a diamantes.
Não me interesso pelo fim,
Nem, tão pouco, sei se isso existe,
Procuro só viver o meu nada,
Tão nada quase tudo.
No meio deste nada,
Neste nada quase tudo,
Ainda é possível ouvir um silêncio:
Mudo.
Faço desse nada o meu mundo,
E fico com um mundo quase nada,
Mas um mundo quase tudo.
No meu mundo
Tão nada,
Tão tudo,
Não existe nada,
A não ser aquele silêncio mudo,
Um silêncio quase nada,
Um silêncio que diz tudo.