Poema 2 - Poema do Nada e do Tudo

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Sou eu,

Poeta sem coisa alguma

Que espera por coisa e meia

Numa serena noite de lua cheia.

Mas essa noite não chega

E permaneço aqui,

No meio deste nada

Num nada tão tudo

Tão calado, tão branco,

Um tudo quase nada.

Oriundo de um sitio qualquer,

Com destino para não sei onde,

A única coisa que me importa

é estar aqui, neste nada quase tudo.

O tempo não pára,

E eu oiço os segundos caírem

Como gotas de chuva

Numa manhã de inverno.

E continuo neste nada tão tudo,

Neste tudo quase nada.

Um depois do outro,

Os segundos continuam a chover,

Como gotas de água cristalina

Que se assemelham a diamantes.

Não me interesso pelo fim,

Nem, tão pouco, sei se isso existe,

Procuro só viver o meu nada,

Tão nada quase tudo.

No meio deste nada,

Neste nada quase tudo,

Ainda é possível ouvir um silêncio:

Mudo.

Faço desse nada o meu mundo,

E fico com um mundo quase nada,

Mas um mundo quase tudo.

No meu mundo

Tão nada,

Tão tudo,

Não existe nada,

A não ser aquele silêncio mudo,

Um silêncio quase nada,

Um silêncio que diz tudo.

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