Nesta folha de papel,
Vou-te dar meus parabéns.
A mim nada se me importa,
Dos amores que tu tens.
Recorda-te se estás lembrada,
Do teu que eu ai estive.
Que tanta ocasião tive,
Em te ferrar a caçada.
Trouxe-te sempre enganada,
Com palavrinhas de mel.
Não digas que sou cruel,
Em usar a minha arte.
Parabéns á minha parte,
Nesta folha de papel.
Tive um amor e deixei-o!
O mesmo te faço a ti!
Só falava para ti.
Só mentes pelo paleio!
O paleio que tu tens,
A mim não é que me ilude!
Metia-te as nãos nos seios,
Como as crianças ás mães.
Era uma amizade eterna!
Até na cova da perna,
As mãos te cheguei a pôr!
Falas franca no calor,
Que eu por ti tenho causado!
Não te tenho apoquentado,
Em ter dó do teu viver.
Vais viver com um desgraçado,
Que te não sabe estimar.
Para a fome te matar,
E só para te arranjar filhos!
Para os filhos que tiveres,
Ai se vai sabendo,
A desgraça da mulher!