Capítulo 19

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- Não é bem isso, é que... - Tais o interrompe.

- Não precisa explicar, Alê... - Tais respirou fundo e continuou: - Vai ver é melhor assim não é mesmo?

Alê estava sem palavras e não sabia o que dizer naquele instante. Tais por outro lado demonstrou ter entendido, mas só demonstrou mesmo, pois por dentro estava destruída.

- E então... Amigos? - Alê disse estendendo a mão.

- Amigos. - Tais falou e deu-lhe um aperto de mão. - Agora preciso ir para minha barraca.

Tais levantou-se e estava segurando o choro, mas apenas uma pessoa percebeu isso no momento em que ela se dirigia até sua barraca "Guilherme", que logo segurou em seu braço a fazendo parar.

- O que houve? - ele quis saber.

- Depois conversamos, boa noite. - Tais se soltou e foi diretamente para sua barraca.

***
Amanheceu e os demais alunos foram se dirigindo até a mesa para tomar o café da manhã. Exceto Tais, pois Guilherme à procurou e não a encontrou.

- Você viu a Tais? - ele perguntou para o Lucas.

- Não, acho que ela deve estar muito cansada. Vai ver foi por isso que não levantou ainda.

Guilherme por um momento esqueceu isso, mas sua preocupação veio à tona após o horário do almoço chegar e Tais não ter aparecido novamente.

Saiu perguntando para todos os alunos aos arredores do acampamento, mas não obteve resposta.

- Você viu a Tais? - perguntou para o Alê.

- Não. Olhou na barraca dela?

Guilherme saiu às pressas para o local onde a barraca de Tais estava, mas não encontrou o que queria lá dentro. Nem se quer pista de que Tais estaria ali, e o pânico tomou conta dele.

- Tais! - ele gritou e todos o olharam.

- O que está acontecendo? - Lúcia perguntou.

- A Tais sumiu diretora Lúcia. - Guilherme disse atordoado.

- Como assim sumiu? - o professor Mauricio quis saber.

- Ela não está em lugar nenhum, já procurei por todos os lados. - Lucas falou.

- Calma, fiquem todos aqui. Eu e o Mauricio vamos dar uma volta por perto e voltaremos rápido, não saiam daqui! - Lúcia disse e sumiu no meio do mato com o professor em busca de Tais.

Todos ficaram sentados e falando ao mesmo tempo, menos Guilherme que não conseguia ficar quieto.

- Vai ver ela foi encontrar alguém no meio do mato. - Steph disse fazendo todos rirem.

- Cala a boca, Steph! - Guilherme disse a fuzilando com os olhos.

- Não precisa gritar com ela. - disse um menino o encarando.

- E você... Não fale com ele assim. - Lucas disse puxando Guilherme para o outro lado do acampamento.

Ao pôr do sol Lúcia e Mauricio voltaram, mas não conseguiram encontrar nem uma pista do paradeiro de Tais. Lúcia recomendou que todos terminassem suas refeições e em seguida cada um se dirigisse para suas barracas, pois no outro dia o guia viria para ajudar nas buscas.

- Onde será que ela está? - Guilherme falou não contendo as lágrimas.

- Calma meu anjo, ela está bem. - Lucas disse o abraçando.

- Vamos em busca dela?

- Gui, não podemos ir, vamos esperar até o amanhecer.

Guilherme assentiu com a cabeça e deitou para que assim tentasse dormir. Mas não foi isso que aconteceu. Guilherme esperou até que todos dormisse e pegou uma lanterna que estava pelo gramado, uma mochila com alguns mantimentos e partiu no meio da floresta.

Mas acabou sendo surpreendido quando alguém o puxou pelo braço.

- Vai à algum lugar? - era o Pedro, o menino que o Guilherme havia brigado no dia em que a escola descobriu sobre a sexualidade de Lucas, e ele estava segurando um cobertor.

- Eu não te devo satisfações, agora me solta! - Guilherme falou puxando o braço, e assim se soltando.

- Como quiser. Se me der licença, vou comunicar a diretora que... - Guilherme o interrompe.

- Espera! - ele respirou fundo. - Não vou ficar parado enquanto minha melhor amiga está perdida.

Guilherme e Pedro foram caminhando por uma trilha e sem perceber foram se distanciando do acampamento. Ambos pediram desculpas pelo ocorrido do passado e Pedro estava raciocinando por onde Tais deveria estar.

- Será que estamos muito longe do acampamento? - Guilherme perguntou olhando por todos os lados.

- Não sei, mas acho melhor pararmos um pouco. Está muito escuro. - Pedro sugeriu.

- Concordo.

Pedro ficou por alguns minutos observando Guilherme, e depois parou assim que percebeu que ele havia percebido.

- Não pensei que fizesse tanto frio assim à noite. - Guilherme disse.

- Bom, eu tenho esse cobertor... - ele ficou sem graça. - Estava indo dormir quando te vi saindo, podemos dividir.

E ali eles ficaram sentados e encostados numa árvore, lado a lado. Ficaram conversando até adormecerem.

Descobertas da Vida (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora