O Chacal

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- A vida é uma eterna balada!!! - ele gritou, iniciando sua fala.

   A grande massa de jovens, delirando, aplaudiu o que ele disse.

- Devemos aproveitar ao máximo o que a vida pode nos oferecer. Merecemos todos os prazeres. Tudo nos é permitido. De que vale a vida sem prazer?

   Carlinhos, Cris e Pardal se entreolharam. E Chacal continuou:
- Devemos buscar outros jovens para a nossa legião. Prescisamos de mais viciados para poder suprir o nosso desejo. São eles os vestidos de carne que podem manter o nosso gozo.

- Não estou entendendo nada - Pardal falou baixinho para os dois amigos.

   Outro jovem, fisicamente enorme, que se encontrava ao lado deles, o advertiu colocando o dedo nos lábios:
- Shhhhhhhhhhhhhh!

   Pardal engoliu em seco, amedrontrado.

   E Chacal prosseguiu:
- Muitos pais são nossos maiores aliados no aliciamento dos filhos. São eles que molham o dedo na bebida e colocam na boca dos bebês, despertando neles o vício que se encontra adormecido.

   Ele foi interrompido pelos jovens que gritavam enlouquecidos:
- Chacal... Chacal... Chacal...

- Tudo nos é permitido, mas, para que possamos usufruir dos nossos prazeres, devemos continuar a buscar os que estão afinados com nossos desejos na outra dimensão.

- Que papo é esse, Carlinhos?

- Fica quieto, Pardal!

   Naquele momento, Cris segurou a mão dos dois amigos. Eles não entenderam o que ela desejava, mas ambos começaram a ouvir a voz dela mentalmente.

   Ela conversa com os dois por telepatia.

- Carlinhos e Pardal, confiem no que eu vou lhes dizer. Vocês devem fugir o mais rápido que puderem.

   Nesse momento, ela não segurava mais a mão dos dois amigos, mas o vínculo telepático se mantinha e a converda continuava. Carlinhos buscou explicação:

- Como podemos estar falando com você sem abrir a boca? Que lugar é esse, Cris?

- Vocês foram avistados pela gangue que os perseguia, saiam devagar e fujam o mais rápido que puderem, não desistam. Vocês ainda terão que fugir pir algum tempo, mas tudo vai acabar bem. Eu estarei com vocês! Agora, vão!

- A vida é uma eterna balada! - voltou a afirmar Chacal.

   Os dois amigos foram se dirigindo à saída, pediam licença e tentavam sair logo dali.
    Chegando à porta, ouviram vozes vindas por entre os jovens pelos quais haviam passado:

- Saiam da frente, saiam da frente...

   Assim que passaram pela porta principal, desandaram a correr.

   Pardal olhou para trás e viu um grande número de garotos correndo atrás deles.

- Pega, pega, pega!

   Com o coração aos saltos, os dois amigos correram em direção à mata que havia próximo dali.
   Com as mãos, iam afastando os galhos, mas mesmo assim arranhavam o rosto, se feriam.
   As luzes haviam ficado para trás, mas eles não paravam de correr.
   Corriam como podiam, fugiam para viver.
   Atrás deles as vozes faziam ouvir:

- Eles não devem estar longe... - dizia um.

- O Chacal pediu para levarmos os dois até ele - afirmava outro.

- Quando colocarmos as mãos neles, estaram mortos! - avisava alguém.

- Mortos de novo!

   A gargalhada foi geral.

Fugindo Para ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora