A Volta Para Casa

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Mãos no ombro um do outro e lá se foram os dois em silêncio.
Carlinhos parecia entender que algo diferente iria acontecer.

- Venha por aqui, Carlinhos!

- Você sabe o caminho?

- sei sim, meu amigo!

- Pardal, estamos longe?

- Não, meu amigo, estamos chegando!

- Pardal, por que aquela gangue nos perseguia?

- Eles queriam nos tornar escravos.

- Escravos?

- Sim, Carlinhos! Depois que você voltar pra casa irá compreender tudo. Eu não sei explicar mais nada!

- Onde está o caminho de volta pra casa, Pardal?

- Ali, olhe, naquela direção...

Pardal apontava para um túnel de luz que se abria à frente dos dois.
Naquele mesmo instante, Cris se aproximou dizendo:

- Carlinhos, você pode voltar...

- Só volto com o Pardal! Sem ele, nem pensar!

- Ele não poderá acompanhá-lo dessa vez, Carlinhos!

- Lamento, Cris, nós fugimos esse tempo todo juntos, e eu não posso deixá-lo logo agora que estamos perto de casa. Não vou deixar meu amigo aqui, nesse mundo maluco!

- Carlinhos, existem situações que nós não podemos lutar contra, não tem jeito.

- Ela está certa, Carlinhos, você precisa voltar! Não seja teimoso!

- Mas como vou voltar sem você! Agora que descobri que nós somos como irmãos!

Carlinhos começou a chorar.
Cris o abraçou com carinho.
Pardal se aproximou e, chorando, também abraçou o amigo.
Eles ficaram abraçados por alguns minutos!

- Amigo não abandona amigo, Pardal! Vem comigo!

- Eu vou aí dentro do seu coração, Carlinhos! Nós estaremos sempre juntos.

- Acredite nele, Carlinhos, só aprendemos a amar de verdade quando não desejamos prender os que amamos ao nosso lado.

- É difícil, Cris!

- Eu sei que é difícil, mas deixe o Pardal seguir o caminho dele!

A luz no túnel se intensificou.

- Volte, Carlinhos, um dia a gente se vê!

Carlinhos enxugou as lágrimas com o dorso das mãos e caminhou em direção ao túnel.
Ele acenou para os dois amigos que ficaram sorrindo pra ele.
À medida que caminhava pelo túnel, foi perdendo a consciência.

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Vozes eram ouvidas...
Bipes de aparelhos hospitalares...
Silêncio...
Vozes...

- Ele está abrindo os olhos!!!

- Graças a Deus! Graças a Deus!

As luzes intensas dificultavam a distinção das silhuetas que, como sombras, passavam de um lado para outro em sua retina.
Nesse instante alguém chamou:

- Carlinhos, Carlinhos, se estiver me ouvindo, aperte a minha mão.

Uma explosão de alegria, e a voz de uma mulher ecoou no quarto do hospital:

- Graças a Deus, meu filho saiu do coma, meu filho saiu do coma!

A recuperação foi lenta, aos poucos Carlinhos retomava sua vida.
Dias depois, assim que pode falar, perguntou:

- Mãe, e o Pardal?

- O Pardal não resistiu ao coma, meu filho, ele perdeu a batalha.

- A dose de álcool e de outras drogas ingeridas por vocês dois foi muito grande. Ele não resistiu!

- Mas nós não usamos drogas, mamãe!

- Carlinhos, o álcool é uma droga! Os exames laboratoriais feitos para apurar a causa da morte do Pardal apuraram que dentro da garrafa de bebida que vocês ingeriram havia outras drogas colocadas por alguém.

- E quem foi que fez isso?

- Infelizmente houve outra morte nesse triste caso.

- Quem foi, mãe?

- A polícia identificou um traficante chamado Jean como autor do coquetel de drogas.

Carlinhos tentava lembrar, mas tudo era confusão em sua mente.
Ele se lembrava do amigo Pardal com carinho.

- Eu estou muito arrependido de ter feito a senhora passar por essas coisas, mãe. Perdoe-me!

- Vai ficar tudo bem, Carlinhos! Você ficou em coma cerca de quatorze dias.

Nos horários de visita, muitos amigos da escola vinham abraçar Carlinhos.
Em uma dessas tardes, após receber flores de uma garota, ele se emocionou.
Ao cerrar os olhos, viu em sua mente imagem do amigo Pardal e de Cris.
Telepaticamente, eles diziam:

- Um dia iremos nos encontrar! O amor é a melhor balada!

FIM

Gostaram? Esse é o final da história. Particularmente, eu adorei.
Espero que tenham gostado. Obrigada por todos que tiveram interesse em ler.
Provavelmente estarei postando outro livro, avisarei a vocês.
Até logo!
- Ella

Fugindo Para ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora