A Última Fuga

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Amanheceu e as celas foram invadidas por pálida luz solar.
Pardal, angustiado, preocupava-se com o amigo na outra cela.
Era uma pena que as duas celas, embora no mesmo corredor, ficassem do mesmo lado da parede.
Sem saber o que fazer, ele fechou os olhos e surpreendeu-se ao ver em sua mente a linda silhueta de Cris.
Ela sorriu e disse telepaticamente:

- Pardal, procure se concentrar no Carlinhos para que vocês possam estabelecer um contato telepático.

- Isso é possível entre nós dois, Cris?

- Claro que sim! Vocês têm o principal, que é o vínculo afetivo sincero de um para o outro!

- Vou tentar me comunicar com ele!

- Não esqueça que o pensamento, quando educado, é a maior força de realização do Universo!

- Não vou esquecer! Cris, só mais uma coisa!

- Pode falar, Pardal, o que foi?

- Quando tudo isso vai acabar?

- Fique tranquilo, Pardal, já está chegando ao fim. Mas não esmoreça, confie! Pense sempre no melhor!

- Farei o possível!

De olhos fechados, a imagem de Cris desvaneceu na mente do menino.
Pardal agora procurava se concentrar na imagem de Carlinhos.
Para dua surpresa, ele não teve a menor dificuldade em visualizar o amigo.
Carlinhos, que ainda estava deitado na cela, contemplando o teto, fechou os olhos brevemente e viu a imagem de Pardal.
Mentalmente, ele disse ao amigo:

- E agora, meu amigo? Como vamos fugir daqui?

- Fique tranquilo e confie! Nós iremo sair dessa!

- Você está falando comigo ou é a minha imaginação?

- Sua imaginação não é tão inteligente como eu! A Cris me ensinou a falar com você telepaticamente.

- Por que não pensamos nisso antes, Pardal?

- Porque não somos tão espertos como acreditamos ser!

- Tem razão, somos meio lerdos!

- Meio? Eu diria que somos inteiramente lerdos. Se fossemos espertos, não teríamos acreditado nesse Jean.

- Pelo jeito, o cara é figura conhecida aqui nesse mundo de malucos!

- E é mesmo! Preste atenção! Daqui a pouco todas as celas vão se abrir para o café da manhã e depois para o banho de sol. Espere que nós vamos nos encontrar!

- Como você sabe disso?

- Ouvi dois garotos falando da cela em frente a minha!

A comunicação foi interrompida pela alta campainha que toca.
O serviço de alto-falantes informava:

- Atenção! Em dez minutos as portas automáticas das celas serão abertas, todos os jovens devem postar-se lado a lado, na porta de suas celas, e aguardar novas ordens!

O tempo passou rápido e as portas foram abertas.

- Atenção... atenção... os jovens do corredor de celas de número par devem virar à sua direita e começar a caminhar, de maneira a respeitar a fila indiana até o refeitório. Assim que todos chegarem ao refeitório, os jovens do corredor de celas de número ímpar devem virar à esquerda e ter o mesmo procedimento.

Ao entrarem no refeitório, os jovens pegavam uma bandeja e iam passando pela cozinha, onde eram servidos adequadamente.
Assim todos sentavam-se à mesa, a refeição se iniciava.
Do café da manhã eles saíam por uma porta lateral que dava no pátio externo do reformatório.
Quase quarenta minutos depois, Pardal e Carlinhos se abraçaram ao se encontrarem.

- E agora, Pardal? Como vamos sair daqui?

- Ainda não sei, precisamos pensar...

A conversa foi interrompida por uma bola que acertou o rosto de Pardal, fazendo com que ele caísse no chão, deixando-o atordoado.
Carlinhos procurou erguer o amigo.
Confuso, Pardal se levantou.

- Machucou?

A voz vinha de um garoto mal-encarado que sorria com o ocorrido.
Pardal limpou o rosto e encarou o garoto.
Imediatamente a imagem lhe veio à mente.
Era o chefe da gangue que o perseguiu no começo da fuga.
O garoto se aproximou e disse desafiadoramente:

- Logo vamos acertar as nossas contas! Você me deve!

- Não devo nada a você nem a essa sua gangue! - Pardal respondeu com coragem.

- Deve e vai pagar!

- O que é que eu lhe devo?

Gargalhando, o garoto avisou:

- Quando chegar o momento, você vai saber o que me deve!

A bola estava caída ao lado de Carlinhos.
Sem que ninguém esperasse, ele pegou-a do chão e atirou-a com força no rosto do garoto.
Imediatamente a confusão se formou.
O garoto da gangue partiu pra cima de Carlinhos, que não deixou por menos e se atracou com ele.
Pardal, imediatamente, procurou separar a briga e, no momento em que conseguiu esse intento, ficou de costas para o garoto da gangue.
Esse não teve dúvida, covardemente pegou um objeto pontiagudo e bateu com ele na cabeça de Pardal.
Os inspetores correram e ainda pegaram o garoto com o objeto na mão.
Imediatamente ele foi conduzido à presença do Juiz.
Pardal, por sua vez, foi levado para a enfermaria.

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Alguns dias depois, Carlinhos foi chamado.

- Acompanhe-nos à presença do Juiz!

Ele foi conduzido pelo mesmo comprido e frio corredor.
Ao chegar à sala do Juiz, surpreendeu-se ao encontrar o amigo Pardal recuperado da agressão.
Os dois se abraçaram emocionados.

- Após intensa investigação, ficou constatado que o único proprietário das drogas encontradas na diligência, que culminou com a prisão dos jovens Pardal e Carlinhos, é o garoto Jean. Portanto, a prisão de ambos é revogada e os dois podem deixar o reformatório.

O Juiz bateu o martelo e assinou a petição.
Em poucos minutos eles se viram novamente em liberdade.

- Pensei que não ia mais ver você! - afirmou Carlinhos com alegria.

- Estou feliz em te encontrar!

- Agora vamos pra casa, Pardal?

- Sim, Carlinhos, você vai pra casa!

- Como assim, eu vou pra casa?! Voce também vai! Que papo é esse?

- Vou te levar, venha comigo!
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CONSEGUI!! Consegui terminar antes de 00:00 ksjshsufjsjhb.
Ai meu Deus.. prontos pro último capítulo?
Votem e cometem, ajuda muito ♡
- Ella
Próximo capítulo: A volta para casa

Fugindo Para ViverOnde histórias criam vida. Descubra agora