Lua agarra na mão da sua mãe assim que aterram.
- Nós conseguimos. - Diz Lua com um sorriso para a sua mãe quando a porta do avião se abre.
Desceram do avião. Lua olhou em volta, por mais lugares em que viajasse, era ali que pertencia.
O táxi deixou-as à porta de casa. Nem parecia a casa que antes habitavam, é impressionante como em pouco tempo alguém a consegue pôr tão degradada. Antes de entrar em casa, Lua chamou a polícia para levar o seu pai. Enquanto isso, entrou em casa com a sua mãe. O medo de o ver estava claramente estampado nas suas caras. Garrafas de vinho estavam aos montes espalhados pela casa, e no sofá estava ele. Ele estava tão diferente, com a barba por fazer, completamente desleixado para o seu visual. Como ele pôde se tornar neste monstro?
Maria começou a chorar com o estado do ainda-marido e isso fê-lo acordar sobressaltado. Olhou em volta, e viu a sua mulher e filha ali. Os nervos subiram-lhe a cabeça, levantou-se de imediato e apertou o punho.
- Eu já não tenho mais medo de ti. - Disse Lua e ele sentou-se no sofá.
- Filha... - Ele disse olhando-a nos olhos. - Tu sabes que eu nunca quis magoar-vos. Vocês são tudo o que me resta, mas mesmo assim decidiram fugir de mim.
- Porque tu és um monstro! - Gritou Maria. - Tu não sabes o nojo que me dás. Batias-me e mesmo assim eu amava-te. Até ao dia que eu abri os olhos!
- Eu... eu não sou um monstro. - O pai de Lua começava a chorar. Mas Lua não conseguia sentir pena dele, aliás, o único sentimento que sentia era desprezo por ele. Podem achar que ela estava a ser rude com o pai, mas depois de tantas chances desperdiçadas, o que nos resta é desprezo por um ser que nunca vai mudar.
A campainha tocou e Lua foi abrir a porta, era a polícia.
- O que eles fazem aqui? - Perguntou ele.
- O senhor é acusado de ter praticado atos de violência doméstica com Maria Blanco e Lua Blanco. - Disse um dos homens fardados.
- Vocês não seriam capazes de me denunciar. - Lua abraçava a mãe que não parava de chorar. - Eu fiz tudo por vocês e é assim que me agradecem? Caramba! Eu devia era ter vos metido mais na ordem, suas vadias! - Um polícia agarra nos pulsos dele atrás das costas e prende-o. - Lua! Filha, não vais deixar que me façam isto, pois não?
- Foste tu que escolhes-te. Eu disse-te tantas vezes para parares de beber e o que fazias? Ameaçavas-me bater ainda mais se eu não te fosse comprar mais umas garrafas.
- Se me deixarem ficar eu prometo ser uma pessoa melhor!
- Mentiras. - Os policiais levaram-o para fora de casa enquanto que ele gritava "Vocês vão se arrepender!" Mas do que adiantava essas ameaças? Com sorte ele apodrecia na cadeia, nunca mais as veria na vida.
- Já está. O pesadelo já passou. - Lua sorria enquanto voltava a abraçar a mãe.
- Obrigada Lua, foste tão corajosa. Eu tenho tanto orgulho em ti. - Maria respirou fundo e voltou a olhar para Lua. - Mas ainda tens mais uma coisa para fazer.
...
A noite já estava a cair. Arthur estava na praia, sentado na areia a olhar para a grande lua que se fazia ver no céu. E por falar em luas, como é que estaria a sua? Cada dia sem ela era uma tortura, viver sem ver mais o seu sorriso era desgostante. Tinha saudade da sua voz, do seu olhar, das suas loucuras, do seu corpo, da sua inocência. Deixá-la lá longe com a sua mãe foi doloroso, mas o amor é assim mesmo, às vezes precisamos de nos sacrificar.
- Foi aqui que nos conhecemos, lembras-te? - Olhou para trás. Isto era alguma brincadeira da sua mente? Não, aquilo era bem real. Arthur levantou-se e a beijou.
- Como é que poderia me esquecer do melhor dia da minha vida? - Lua riu da reação dele. Meu Deus, que saudades que ele tinha daquele riso. Os dois sentaram-se na areia, Lua tira o bloco dele da sua bolça.
- Sabes, ainda tens aí muitas folhas brancas para preencher.
- E importas que te desenhe todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe? - Lua sorriu.
- Não esperava outra coisa. - Dito isto, beijou-o.
Deitaram-se na areia, de mãos dadas e ficaram a olhar para a enorme lua que se encontrava no céu.
Lua deu-lhe as cores que lhe faltava e Arthur deu a vida ao grande desenho que era a vida deles.
The End
Hey!
Dedico este capítulo a todos os meus luares que me acompanharam desde o início. Obrigada!
E este foi o último capítulo deste livro. Pela última vez, o que acharam, não só deste capítulo mas de toda a obra?
Eu adorei escrevê-la e compartilha-la convosco. Obrigada, mesmo, pelas 4k de visualizações, que para alguns pode não dizer nada mas para mim diz muito! Obrigada também por todos os votos e comentários.
Eu estou com mais duas obras, "Clone" e "Curious" já postei o primeiro capítulo e queria mesmo que fossem lê-las.
#LuArParaSempre <3
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Chuva de Estrelas · LuAr
FanfictionEla era vítima de violência doméstica. Ele era o sobrevivente de um trágico acidente. Ela adorava ler. Ele adorava pintar. Um verão, um carro e uma estrada sem rumo. "Os sonhos são como as estrelas: infinitos" Capa feita por: xLuana_ Copyright © A...