A promessa

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Andaram horas e horas de carro até chegar a San Diego. Lua tinha dormido durante a viagem e só agora acordou.

- Apresento-te San Diego - Disse Arthur

- Uau! - Disse ela olhando para as enormes pontes que lá se encontravam.

- Anda. - Arthur agarrou na mão de Lua e os dois foram a correr até a ponte onde o acesso às pessoas, que não estivessem num veículo, era proibido. - Fica como estás. - Disse Arthur tirando o bloco de desenho e os seus lápis de dentro da mochila.

- Arthur, isso é sério? - Ela riu.

- Muito sério. Agora fica quieta um pouco. - Lua não conseguia ficar quieta por muito tempo, pois começava sempre a rir - Lua. - Disse Arthur a rir e ela tentou se acalmar.

Lembrava-se do seu pai todos os dias e de como ele estaria agora que sabia que Lua tinha fugido. Teria ele se preocupado e mandar a polícia atrás dela? Não me parece.

Mais do que nunca, tinha de aproveitar estes dias e esquecer por breves momentos o que a memória teima em lembrar.

- Já está! - Disse Arthur.

- Posso ver?

- Não.

- Mas... isso não é justo, eu estive aqui este tempo todo e...

- Hoje não, Lua. Agora vamos, antes que sejamos apanhados.

- Apanhados?

- Sim, ou já esqueces-te que estamos em local proibido?

No caminho para o carro, encontraram uma loja com produtos de campismo e decidiram comprar uma tenda para passar a noite.

- Acho bom que saibas montar isto.

- Dois anos de escuteiro serviram para alguma coisa - Disse Arthur.

- O que é que aconteceu?

- Do que estás a falar?

- A tua mãe tinha medo de te deixar vir, depois do que aconteceu.

- Ah, isso. - Arthur parou o que estava a fazer. Lua reparou que a sua expressão mudou e os seus músculos ficaram tensos.

- Desculpa, eu não devia ter dito nada, eu... eu sou tão estúpida!

- Tu não és estúpida.

- Desculpa.

Acabaram de fazer a tenda em silêncio e depois fizeram uma pequena fogueira, onde começaram a assar marshmallow.

- Eu era a pessoa mais popular da escola. Todos queriam ser como eu. Um dia, eu e os meus amigos saímos à noite e bebemos de mais. Eu insisti que estava sóbrio e eles deixaram-me conduzir. - Lua olhou para ele sabendo o que viria a seguir. - Eu só me lembro de ver luzes fortes na minha direção e depois de sair do carro e ver eles todos sem braços, com a cara desfigurada e a deitarem sangue por todo o lado. E o mais cobarde, estava ali sem um arranhão. Eu podia ter-me desviado, eu sabia que podia, mas eu não consegui. Eu não consegui salvá-los. - Arthur olhava para a fogueira - Eu passei do mais amado, para o mais odiado. De tudo, para nada. E foi aí que refugiei-me a desenhar. Bem, suponho que queres que te leve de volta para casa, eu também não queria ficar com um assassino.

- Não Arthur, tu não és um assassino.

- Claro que não, eles mataram-se porque quiseram. - Disse ele irónico.

- Sabes, eu acredito que exista uma força superior, seja ele Deus, Maomé, Alá, ou outro que ainda não tenham descoberto. Mas seja qual for esse deus imaginário, ele tem um plano para nós e o teu plano de vida não acabou ali porque não tinha que acabar. - Arthur assentiu. - Vamos fazer uma promessa?

- Qual promessa?

- Vamos prometer que não vamos mais reviver o passado. Afinal, esta viagem era para ser um novo começo, não era? - Arthur sorrio.

- A partir de hoje acabaram-se as más recordações.

- O que importa é o presente.

Arthur olhou de novo para ela, foi a única que o ajudou de verdade durante todos aqueles anos. Lua fazia-lhe bem.


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Postarei brevemente. Kisseeeeesss :)

Chuva de Estrelas · LuArOnde histórias criam vida. Descubra agora