Más recordações

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Era sexta de manhã, Arthur tinha ficado em casa enquanto quase todos os adolescentes estavam na praia a aproveitar o sol e estragarem a pele. Ele estava sentado na rede que tinha no alpendre, estava concentrado no seu desenho que tinha demorado dois dias só a fazer o traço. Queria que aquele desenho ficasse mais que perfeito.

- O que estás a desenhar? - Matheus tirou-lhe o bloco da mão.

- Devolve isso Matheus! - Levantou-se furioso da rede e correu atrás do irmão.

- Isto é uma rapariga?

- Devolve isso! - Gritou

- Tem calma, é só um desenho.

- Meninos, o que se passa aqui? - Chegou a mãe.

- É o Arthur que está muito chatiadinho só porque eu tirei-lhe isto.

- Devolve isso a ele, Matheus!

- E a mãe que não o defendesse. Também vou "quase morrer" para a mãe gostar mais de mim.

- Cala essa boca, já disse para não falarmos disso aqui! - Repreendeu a mãe

- Já não está cá quem falou! - Matheus foi para dentro de casa deixando Arthur e a mãe na rua.

- Deixa ele mãe, ele é um miúdo, não sabe o que diz.

- Eu sei, mas tu sabes que eu não suporto que falem daquele terrível dia.

Ela suspirou e olhou para o rosto do seu filho que estava cabisbaixo, com um dedo levantou-o para cima e sorriu para Arthur que estava com cara de triste e então abraçou-o com toda a força que tinha. Seguidamente pegou no bloco de folhas brancas que estava pousado na rede, nunca antes vira nenhum desenho dele, mas a curiosidade era tanta que abriu na página em que Arthur estava a desenhar e apreciou o seu desenho, Kátia estava surpreendida com o imenso talento do filho, nunca imaginara que ele desenhasse assim tão bem.

- É lindo. Absolutamente lindo. É alguém que conheço?

- Não.

- Mas conheces? - Arthur ficou calado não queria dizer o sentimento enorme que tinha por uma quase desconhecida à mãe. - Ela é linda. - Dito isto saiu, deixando Arthur com um pequeno sorriso no canto da boca, ele sabia que Lua era linda, mesmo com marcas na cara era ela linda, por fora e por dentro, Arthur queria encontrá-la de novo, queria passar horas a falar com ela, sinceramente ele nunca sentiu isto por ninguém, talvez fosse aquela lua enorme que o deixou assim.

Mesmo que a sua mãe detesta-se que ele saí-se de noite, ele saiu, foi até à praia, dois restaurantes estavam a fechar e outros a abrirem. As mesmas coisas, a mesma rotina.

Ficou sentado na areia vendo as pequenas ondas deslizarem pela areia branca, o sol já se estava a despedir e o céu estava a ficar num tom alaranjado.

Por momentos fechou os olhos e pensou na sua vida, recordando quando era um grande popular na escola, todas as miúdas suspiravam por ele e o seu grupo de amigos, que agora só as estrelas sabem onde estão. Subitamente veio-lhe à memória o tal dia, a sua respiração começou a ficar mais acelerada e foi aí que abriu os olhos e respirou fundo, olhou o céu que agora estava mais escuro e deitou-se na areia.

Chuva de Estrelas · LuArOnde histórias criam vida. Descubra agora