-Se você não quer que sua camisola seja destruída, tire-a já -disse a Fera, fi-
nalmente. Ele tinha um tom casual, mas seu comportamento era contido, rev-
elando o esforço para manter o controle. Sua voz era áspera e tão profunda que
ele mal conseguia transmitir a linguagem humana. Sua presença me dominava e
oprimia. Seu olhar me hipnotizava. Seu hálito me queimava. Não havia nada que
me lembrasse do amigo meigo com quem eu compartilhara tantas refeições.
Ainda assim, ao olhar em seus olhos, pasma, uma nova sensação brotava
dentro de mim, misturando-se ao medo.
Totalmente imóvel, exceto por meu coração disparado, eu enfrentava meu
apuro (enquanto isso, a sensação persistia e aumentava, até que subitamente me
senti estranhamente excitada). Nesse estado, eu só via a situação de forma su-
perficial e ponderava comigo mesma: Que poder eu teria para resistir à Fera? De
fato, resistência parecia algo improvável com ele ali, altivo, acima de mim, silen-
ciosamente esperando que eu obedecesse à sua ordem. Do que ele seria capaz, se
eu não concordasse, eu não me atreveria a especular. A Fera que estava ali à
minha frente parecia pronta para atacar ao menor movimento meu. No entanto,
eu desconfiava ligeiramente que a Fera se empenharia ao máximo para ceder à
minha vontade, desde que eu não tentasse fugir.
Durante o tempo em que fiquei ali, que me pareceram horas, apesar de ter-
em sido provavelmente meros segundos, fui tomada por uma excitação que aos
poucos crescia dentro de mim, sem admitir que não estava nem um pouco deses-
perada pelo fim daquela situação.
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A Bela e a Fera
CasualeQuem não se lembra dessa estória... O conto de fadas da bela, a mocinha e a fera, um monstro, que no final se apaixonaram e viveram felizes para sempre. Se vocês esperam por essa história, terei que desapontá-los, pois irei contar para vocês a histó...