Capítulo 6: Tudo o que sei.

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Droga! Por que ele tem que ser tão bonito mesmo sendo tão velho? Por que diabos ele está sem camisa?  

-Ei! Acorda!- murmurei balançando ele um pouco. Ele nem se moveu. Consigo ouvir a respiração dele. Ele parece tão calmo e relaxado. -Ei!-

Eu cutuquei o rosto dele e ele continuou na mesma. Eu comecei a me levantar mas ele segurou o meu braço, eu me sentei de novo e ele o soltou. Ele está mesmo dormindo? Não parece. Quer dizer então que eu não posso me levantar da cama... O quê isso deveria significar? Vou me deitar. Não posso me levantar mesmo. 

Eu me deitei do lado dele e fiquei o encarando. Essas coisas só acontecem comigo... Afinal, o que ele quer aqui? Não posso nem mais dormir sozinha? Ele poderia me dar uma resposta para, pelo menos uma dessas perguntas. 

-Hill!- sussurrei. Ele abriu os olhos.  

-Ally?- Ele sorriu maleficamente. -O que faz no meu quarto?-  

-Na verdade, você que está no meu quarto!- Ele se sentou e olhou em volta. Depois olhou para mim e sorriu de novo.  

-Por que me trouxe para o seu quarto?- 

-Você veio sozinho, eu não fiz nada!-falei emburrada. O que ele pensa que eu poderia querer fazer?

-E por que você se deitou aqui comigo?- perguntou ele sorrindo. Eu fiquei sem resposta e desviei o olhar. Ele riu. -Você está muito suspeita!-  

-Você segurava meu braço toda vez que eu tentava levantar, então eu achei mais efetivo me deitar do que continuar sentada!- falei irritada. -Não sou a suspeita! O único suspeito aqui é você!-

Ele olhou para o meu pescoço e eu o cobri rapidamente com a mão.

-Calma! Ainda está muito cedo para isso.- falou ele percebendo a minha intenção. -Só quero te dar uma coisa!-  

-O quê?- Eu me levantei. -Seja o que for eu não vou querer!- 

-Continua astuta, né...?- ele suspirou.- Esse você não vai poder negar!- 

Ele olhou em volta e depois levantou a mão na minha direção, mas parou no meio do caminho e fechou a mão. 

-Peguei!-murmurou. Ele abriu a mão e de dentro dela saiu uma florzinha brilhante laranja. 

-O que é isso?-perguntei curiosa. 

-É uma princesa!-falou ele me entregando ela. -Sua princesa!-  

-Como assim, "princesa"?- olhei para o que ele havia colocado na minha mão e vi uma pétala se mover. De baixo dela saiu uma mini-humana, aquela florzinha era o vestidinho. Ela olhou para mim e piscou. Em volta dela havia um certo "brilho". 

-Ela sempre esteve com você, só fiz você enxergar ela e conseguir tocar.- 

-Mas, literalmente, o que é ela?- 

-É o poder que você vai ter quando se tornar uma vampira.- ele falou. -Por enquanto é pequena e pura, mas quando você se transformar vai ficar corrompida. Escolhi você por causa dela.-

Fiz carinho na cara dela com o dedo e ela sorriu. 

-É a mais pura que já encontrei.- Ele se virou para sair. -Só isso mesmo. Quando minha sede chegar eu lhe chamo novamente!-  

-Tá bom, mas...- ele sumiu. Olhei para aquela coisinha fofinha e sorri. Como eu poderia corromper uma coisinha dessas? Ele ficou maluco?   

A princesinha se levantou e limpou o vestido de flor sorrindo para mim. Ela mexeu a boquinha como se estivesse falando alguma coisa e desapareceu. Olhei para a foto do meu pai e percebi que estava rasgada. Eu não rasguei. Então realmente, meu pai não está mais aqui, nem na foto.

Olhei para o céu da minha janela de novo. Estava nublado, com nuvens escuras de chuva. Acho que é melhor eu ignorar o fato de que a "princesinha" sumiu e ir dormir. Deitei na cama de novo e dessa vez acho que vou conseguir dormir. O cansaço veio.  

-Ally, me ajuda, por favor! A sua mãe tentou me matar.-meu pai falava dramático para mim.  

-Pai, você jogou bola dentro de casa e quebrou um vaso de novo? Você parece os meninos da minha sala.-falei com desaprovação.  

-GRANT!- gritou a mamãe. Ele se escondeu atrás de mim.

-Foi sem querer amor!- falou ele. Mamãe veio na minha direção. 

-Filha, pode avisar para o seu pai que eu vou tocar fogo na bola de futebol dele?-ela sorriu.  

-Não, querida, não! Com a minha bola não! Ela é a única que eu tenho!-ele choramingou saindo detrás de mim. A mamãe foi andando na direção da sala, onde provavelmente estava a bola e o pai foi atrás. 

-Esperem!-gritei. A porta se fechou depois que eles passaram e eu fiquei sozinha. De repente tudo começou a ficar escuro.  

-Ally...- murmurou a voz do meu pai. olhei para trás e lá estava ele. Em pé, me olhando com tristeza. -Você está bem?-

Eu olhei para o meu corpo e percebi que eu estava manchada de sangue.

-Não, pai! Eu não fiz nada! Não sei porque estou assim!- 

-Filha, estou decepcionado.- ele falou e cuspiu um pouco de sangue. -Agora estou morrendo.-

Olhei para a barriga dele, havia uma espada bem no coração dele. Ele caiu e atrás dele estava a Arquilliana. Ela sorriu para mim de novo, com aquele sorriso medonho.

  -Por que você fez isso?-perguntei. Ela estreitou os olhos e sorriu mais ainda. 

-Você não tem nada demais. Não sei por que o Hill te escolheu.-Ela se aproximou de mim. -Mas, acredite que eu vou destruir a sua mente completamente. Se prepare!-  

-O quê?- Eu acordei. O que acabou de acontecer? Ela falou sério, mesmo...? Aquilo foi assustador. Aquela lembrança do meu pai, é a mais antiga que tenho. Por que eu não consegui salvar ele nem no sonho? Fiquei só parada. Sou uma idiota fraca.  

-Olá, Ally!-falou o Hill sorrindo na porta. -Estou com sede.-

-Que bom para você!-falei me deitando novamente. Ele ficou surpreso. 

-Começou a agir assim de novo? Achei que tinha entendido.- 

-Ah! Eu entendi, entendi que você é um monstro sugador!- Ele ficou mais surpreso, só que de forma triste. 

-Eu sou um monstro, hein?-perguntou ele sarcástico. Ele andou até mim e me mordeu contra a minha vontade e novamente eu não consegui me mover. -Viu, agora sim eu sou um monstro. Percebeu a diferença?-

Mrs.sadistic night(LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora