CAPÍTULO 1 (Iris) TRAIÇÃO parte 2

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Ao chegar em casa bati na porta com o coração pulsando de ansiedade, queria colo de mãe, queria consolo de mãe e quando minha mãe abriu a porta senti que estava salva.

- Pois não? Em que posso ajuda-la?

- Como assim? Que brincadeira é essa mãe?_ Minha mãe estava estranha, atendeu a porta e olhou para mim como se não me conhecesse, um calafrio passou por mim. Não fazia sentido toda aquela loucura.

- Desculpe! Mas porque essa brincadeira de me chamar de mãe? Não tenho filhos e se eu tivesse me lembraria. _ Ela falou levando tudo na brincadeira, mas começando a fechar a porta.

- Eu que peço desculpas, estava afobada para falar com minha mãe e acho que errei o endereço e fui atropelando as coisas antes de olhar para você. Sua voz é igual a da minha mãe. _Falei como se não à conhecesse para ganhar tempo. Ela não estava brincando, vi em seus olhos que não me reconheceu. Pensei no exato momento que talvez os Lumines tenham tirado sua memória. Eu precisava saber o que havia restado. Uma fúria e um medo passaram por meu coração me deixando ainda mais desolada e aflita.

- Claro sem problemas. Sua mãe se mudou para cá tem pouco tempo?

- Sim. Eu vim visita-la. Sou Íris Sa... Santos. _ Menti o sobrenome para não assusta-la.

- Oi. Seja bem vinda a nossa cidadezinha! As casas são muito parecidas e é normal as pessoas de fora errarem o endereço. Eu sou Lara Sales. È um prazer conhecer você! Qual o nome da sua mãe? As vezes posso ajuda-la a encontrar.

- Sim. Minha mãe se chama Lu... Luísa Santos. _ Falei o primeiro nome que veio a minha mente.

- É realmente não me lembro deste nome. Sinto muito. Não tem o numero da casa?

- Não. Senhora Lara a quanto tempo mora aqui? Não quero ser indiscreta, se não quiser falar tudo bem.

- Não tem problema. Eu moro aqui desde muito jovem, eu tinha mais ou menos a sua idade. Resolvi cuidar de mim mesma e me mudei para Serrano, minha amiga também se mudou e com a ajuda dela consegui montar minha casa e seguir em frente.

- Que bom que ainda existem pessoas boas no mundo. _ Então a história não estava tão diferente, tudo exatamente como aconteceu, só estava faltando eu. Era isso! Eu tinha sido removida de suas memórias.

- Sim. Em falar nisso deseja beber alguma coisa? Quer entrar e descansar até consegui falar com sua mãe ao celular para encontrar a casa dela? _ Assim que ela perguntou consenti com a cabeça sentido um nó na garganta ao pensar que ela não me reconhecia e a ideia de que eu não existia na vida dela deixou bem claro que se eu não existia para as pessoas que eu amo então eu realmente não precisaria existir. Será que o conselho descobriu e eu seria exterminada e fui apagada da memória das pessoas que eu conhecia. Meu coração sangrou só de imaginar essa hipótese, mas também me deu a esperança de que assim era mais seguro para ela.

- Senhora Lara, não tem filhos?_ perguntei tentando sondar mais coisas e prolongando aquele momento de estar perto dela o máximo possível, só a presença dela já era um balsamo para meu coração aflito.

- Não minha querida! Não tive essa sorte. Mas estou bem sem filhos, sempre que sentia falta de uma criança ficava com a filha da minha amiga. Hoje ela já está uma moça da sua idade. Está morando em Limões, foi para lá estudar.

- Sério? Também moro lá. Fui para estudar Enfermagem. _ falei com a voz falhando pois sabia que em suas lembranças eu não estava.

- Nossa que mundo pequeno. As vezes conhece minha afilhada. O nome dela é Lindra Boanova. Conhece? _ Perguntou minha mãe inocentemente. Meu estomago embrulhou imediatamente, tudo estava igual, a história estava correta, as pessoas que deveriam estar na vida dela estavam somente eu fui apagada. Uma lagrima começou a se formar no canto do olho, eu não estava conseguindo segurar a tristeza. Minha mãe está ali na minha frente, olhando para mim sem me reconhecer e eu não podia nem cair em seu colo e chorar. Chora por um amor perdido, chorar por perder a melhor amiga, chorar por está confusa com minha nova vida, chorar por não ser mais normal, simplesmente chorar por todos os motivos ou por motivo nenhum. Eu não podia porque para ela eu era apenas uma estranha. Então eu menti, disse que não conhecia Lindra, me despedi e disse que ia tentar encontrar minha mãe. Acho que por pena ou por ser uma boa pessoa ela olhou em meus olhos e me desejou sorte e depois me deu um abraço apertado. Eu senti a emoção passar por mim como um trem desgovernado, eu segurei o máximo para que ela não visse minha dor e as lagrimas que já escorriam pelos cantos dos olhos. Agradeci olhando para o chão e segui meu caminho o mais rápido possível. Era oficial, agora não me restava mais nada e nem ninguém, eu estava sozinha no mundo.

VIAJANTES II - A PROCURA #Wattys2018Onde histórias criam vida. Descubra agora