Cronos e o Amor
OBS: Lara Sales : Mãe de Íris / Cronos: Pai de Íris
Eu estava sem saída, sendo eu um homem em posição de estrema importância, não me restava nada mais além de dor, minha esposa estava morta, e nada mudaria esta situação, me isolei de minha dor, escondido entre as dimensões para não ser encontrado por ninguém, estava de luto, estava vagando entre as trevas, decidindo entre sucumbir a fenda de alguma dimensão, ou selar algum portal com meu corpo e minha energia vital, agora que minha amada estava morta, nada mais me restava além da dor e da saudade.
Eu era um viajante feliz, com minha vida seguindo o curso de que era necessária, fazendo o meu papel a muito determinado, e diante da dor calei meus poderes, afundei-me na vida mundana, deixei que me tornasse apenas um homem comum, sem poderes, sem dons, sem responsabilidades, eu sabia que estava sendo caçado por todos os viajantes pelas dimensões, mas eu não queria mais ser um viajante, não sem minha amada, que se jogou para a morte certa, selando um portal para salvar os humanos, que não sabem sobre seu sacrifício, que não fazem a menor ideia do que foi necessário para manter a ordem e garantir a existência da sexta dimensão, era para lá que eu iria, para estar mais perto de minha amada, para partilhar de seu sacrifício e certificar-me de que a sexta dimensão era merecedora de seu mais belo sacrifício.
Já se passados anos desde minha chegada a sexta dimensão, eu conseguira obter o êxito de me tornar invisível aos olhos viajantes, sendo apenas um humano comum, minhas lembranças se apagavam aos poucos, eu já não sabia mais como era o rosto de minha esposa, e tudo o que desejava era afundar-me ainda mais no esquecimento, a fim de entregar-me a vida mundana, ao cotidiano comum, deixar a mente ser esquecida, para tentar diminuir a dor, para dar espaço ao vazio, pois já cansava sangrar em vão, pois não haveria mais o que fazer, eu estaria sozinho nesta vida sem a mulher que tanto amava.
Trabalhava agora como professor de universidade, ensinando mitologia grega aos alunos, era um tema muito conhecido por mim, graças as condições que carregava como viajante, detentor dos conhecimentos de todas a dimensões e a sexta dimensão, conhecida com o nome de Terra não era diferente para mim. Utilizei de meu poder para garantir o emprego como professor, a documentação necessária para viver como um mundano comum, e depois deixei de usar cada dom, cada poder e então havia me decidido não usar mais os portais, a sexta dimensão seria minha casa, lugar em que minha amada era responsável por trazer o equilíbrio, em homenagem a ela, iria passar o resto de minha existência no mundo mundano e na Terra, esquecido por todos de minha espécie, escondido de minha antiga vida, de minha dor.
Vivi assim, por um longo tempo. Já me sentindo mais humano do que qualquer um, minha mente vagava em meio as histórias mundanas, e a mitologia se tornara apenas a um mito a muito criado e estudado nestes tempos.
Minha vida mudou de verdade no ano de 1997, quando eu decidir mudar de cidade, precisava de uma nova identidade, de uma nova história, e fui morar na cidade de Cervo, local pequeno e aconchegante, sem muita urbanização, apenas paz e sossego de que precisava, logo tive de usar meus poderes a muito esquecido, apenas para adquirir uma nova identidade, um novo nome mundano, na cidade anterior, me chamava Demostenes, e nesta havia escolhido usar Cronos, já havia algum tempo que eu não usava este, e senti vontade de usa-lo nesta nova cidadezinha, e logo encontrei um local para trabalhar, desta vez não queria ser um professor, apenas queria cuidar de flores, plantas e coisas equivalentes, então abri uma pequena floricultura, para viver de plantar e colher belas rosas, sem pretensões maiores, apenas o suficiente para a minha sobrevivência.
Eu estava preparando um belo arranjo de flores, a pedido de uma senhora de cabelos brancos, foi quando eu a vi, lá estava a bela jovem, de cabelos encaracolados e compridos, seu corpo esguio e seu rosto pequeno feito uma linda bonequinha, pequena e delicada, ela andava apresada, vestida sem seu uniforme escolar, diria que a bela jovem não tinha mais do que 17 anos, e me encantei com sua beleza, naquela manhã de sol, decidi fechar mais cedo e peguei uma pequena cesta com alguns botões de rosas, eu não sabia o que me fazia ir até os portões da escola, mas eu não tinha como escapar, como o destino atuando sobre mim, fiquei tentado a olhar mais de perto a belíssima garota com suas face delicada e seu pequeno corpo esguio e encantador, fiquei no portão da escola, apenas observando de longe, enquanto fingia vender rosas as pessoas que passavam por lá.
Passei a ir a escola todos os dias, observava a linda jovem entrar e sair da escola, as vezes acompanhada de suas amigas, as vezes acompanhada de seus pais, em um belo dia, a jovem quem eu observava a dias caminhava sozinha, com um semblante triste e senti vontade de aborda-la, para talvez pergunta-lhes o que a estava deixando tão triste.
- Olá moça! Vejo que está com um semblante triste, talvez uma rosa possa alegrar seu coração. _ Falei tentando ser simpático, mas tudo tomou um novo sentido, ela olhou para mim, com seus pequenos olhos amarelos, e entrou em minha alma. Senti algo dentro de mim mudar de uma única vez, meu corpo se tornou energia, e senti meus dons pulsarem descontrolados, ela então sorriu para mim, com seus belos dentes brancos e boca pequena.
- Você sempre dá rosas de graça? Não é o seu "ganha pão"? _ Perguntou a jovem, olhando diretamente em meus olhos, e mais uma vez meu corpo recebeu outra carga de energia, como se estivesse pegando no tranco, e meus dons pulsaram mais uma vez.
- Para a moça mais bela que conheci, com certa dou até mesmo meu coração, sem querer nada em troca. _ Falei deixando minhas emoções falarem mais alto.
- Para um rapaz de sua idade até que tem boas cantadas. _ Falou a jovem sorrindo novamente.
- Poderia saber o nome da bela flor, que acabei de conhecer? _ Perguntei a ela entregando-lhe uma rosa.
- Lara, Lara Sales é o meu nome e o seu? _ Perguntou-me a bela garota.
- Cronos, Cronos Ares. É um prazer conhece-la. _ Falei empolgado estendendo minha mão para um cumprimento.
- Nome diferente o seu. Posso saber qual sua idade? Nunca o vi na escola. Trabalha na floricultura da cidade, estou certa?_ Perguntou ela curiosa.
- Tenho 20 anos, e sim trabalho na floricultura. _ Respondi a ela dizendo a idade que eu aparentava e não minha verdadeira idade.
- Foi um prazer conhece-lo Cronos. Bem tenho que ir, minha mãe me espera. _ Sibilou Lara, e senti que tudo mudou para mim, todo o vazio havia sumido, toda dor já era passado, e a morte de alguém amada, já não fazia mais sentido, e então entendi o porquê de toda essa mudança, eu estava apaixonado, ou melhor, eu estava sobre o efeito de "Soulmate-Coactus", ela havia ativado o meu lado viajante, e quando Lara sorriu para mim ao se despedi, seu sorriso ativou o efeito em mim e então a beijei na boca, deixando meus sentimentos tomarem conta de minhas ações, eu não tinha escolha, ela era a escolhida, a mulher que amaria por toda a eternidade, não havendo volta para a verdade desse fato.
E enquanto eu a beijava, pedi que jurasse ser minha, só minha, minha viajante para sempre, por todas as dimensões e para o meu espanto ela olhou em meus olhos e jurou, juro e me beijou com seus lindos olhos assustados e então minha história mudou a partir daquele dia.
Este é um extra sobre a história dos pais de Íris, mais um pedacinho do quebra cabeça para que possamos conhecer um pouco mais sobre nossa querida personagem. Espero que tenham gostado. Votem e comentem para que eu saiba se estão gostando deste capítulo. Beijocas!!!
Boa Leitura!
VOCÊ ESTÁ LENDO
VIAJANTES II - A PROCURA #Wattys2018
FantasíaÍris agora tem que entender o que o pai preparou para ela e ainda está entre perdoar seu grande amor ou tentar outra escolha. Nesse livro Íris está a procura da verdade sobre si mesma e seu futuro.