XIII

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- Está sozinho? - Perguntou com voz mole. -Quer um lugar mais à frente ou mais atrás?

- Pode deixar que me arranjo sozinho. - Respondeu de má vontade.

O lanterninha deu de ombros e afastou-se, e Yasser sentou-se na última fileira. O cinema estava praticamente vazio, apenas alguns casais de homossexuais aqui e ali.

De vez em quando, o filme na tela projetava uma claridade pálida no cinema, e Yasser podia ver um pouco melhor. Alguns se beijavam descaradamente. Outros pareciam assistir ao filme, mas o movimento de seus braços dava sinais de que se acariciavam mutuamente.

Yasser sentia-se cada vez mais enojado. Ainda se recusava a acreditar que seu filho se prestasse àquilo.

De repente, nova luminosidade invadiu a tela, e avistou Zayn e Liam mais à frente. Eles estavam de costas, beijando-se e acariciando-se.

Na mesma hora, Yasser levantou-se. Não conseguia pensar em nada. A revolta foi tomando conta dele, e ele se mostrou cego à razão. Se não estivesse vendo com seus próprios olhos, não acreditaria que era seu filho quem estava ali, esfregando-se em outro homem.

Era nojento, revoltante!

Mais que depressa, aproximou-se, chegando pelo lado de Liam. Sem que os dois percebessem, agarrou o rapaz pelo colarinho e começou a sacudi-lo, gritando descontrolado:

- Seu veado nojento! Sem-vergonha! Então recebo-o em minha casa, e é assim que me paga?

Levou algum tempo até que Zayn entendesse que era seu pai quem estava ali. Como os descobriu? Será que os seguiu?

- Pai... - Falou aturdido. - Como... o que... o que está fazendo aqui?

- De você, cuido depois! - Esbravejou.

Aproveitando-se de sua distração, Liam conseguiu empurrá-lo para o lado e levantou-se, ao mesmo tempo em que os segurança do cinema se aproximavam.

- Vamos parar com isso aí! - Disse um grandalhão. - Não quero saber de briga de veados!

- Não sou veado! - Berrou Yasser, ofendido. - Onde está o gerente desta espelunca? Exijo falar com o responsável daqui!

- Vamos andando, dondoca. - Continuou o outro, em tom de deboche. - Resolva seu ciuminho lá fora.

Yasser estava cada vez mais indignado e ofendido. Como aquele brutamontes se atrevia a confundi-lo com aqueles homossexuais nojentos? O homem segurou-o pelo braço e começou a puxá-lo para longe de Liam e Zayn, que, aturdidos, não conseguiam dizer nada. Na mesma hora, Yasser pôs-se a berrar:

- Solte-me, animal! Ou chamo a polícia!

A palavra polícia deu excelente resultado. O segurança soltou-o espantado, porque não era comum falar em polícia naquele lugar.

O que costumavam fazer era correr da polícia, e não procurá-la. As outras pessoas já os olhavam carrancudas, e alguém reclamou:

- Será que dá para fazer silêncio aí?

- Chi! - Acrescentou mais alguém.

Veio o gerente.

- O que está acontecendo aqui? - Perguntou baixinho.

- Exijo respeito! - Esperneou Yasser. - Seus corruptores de menores! Vou processá-los por admitir a entrada de menores neste lugar!

- Menores!? - Indignou-se. - Que menores?

- Meu filho!

Yasser apontou para o lugar em que Zayn e Liam estiveram sentados, mas as poltronas estavam vazias.

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