Capítulo 31

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Durante os trinta dias seguintes, o advogado de Greg deixou de dar andamento ao processo, acarretando o abandono da causa. Arthur foi procurar Anne e disse o que pretendia. Reconhecia que o rapaz não foi o autor do crime e não queria mais prosseguir com aquela ação. Só o que pedia era que o caso morresse ali mesmo.

— Isso vai depender de meu cliente — informou ela secamente. — E da decisão do promotor. O senhor sabe que o que Niall fez foi muito grave. Denunciação caluniosa dá cadeia. E calúnia também dá.

— Eu sei, doutora, e não me cabe questionar a atitude do promotor ou de Zayn. Todavia, já falei com o promotor e com o juiz, e eles me disseram que, se Zayn não insistir, darão por encerrado o caso e não farão pressão quanto à denunciação caluniosa. Greg, por sua vez, resolveu deixar de lado o atentado violento ao pudor e não vai ingressar mais com nenhuma queixa-crime. O destino de Niall está agora nas mãos de Zayn.

— Vou marcar um encontro com Zayn. E, o senhor, traga seus clientes.

O encontro ficou marcado para dali a três dias, no gabinete de Anne, na defensoria pública. Zayn chegou logo cedo, ansioso para falar com Greg. Esperava não um pedido de desculpas, mas uma reconciliação com o médico, que, mais do que um amigo, fora seu pai por vários anos.

Greg também estava ansioso. Queria poder falar com Zayn e pedir-lhe desculpas. Gostaria de convidá-lo a morar com eles, mesmo contra a vontade de Denise. Era o mínimo que lhes deviam, e era o desejo de Theo também.

Niall, que alugou apartamento, chegou cabisbaixo, nada satisfeito com a humilhação a que estava prestes a se expor. Teria de se desculpar com aquele sujeitinho de quem não gostava e ainda implorar para que ele não o processasse. E teria de manter a calma, porque seu futuro dependia única e exclusivamente de Zayn.

— Boa tarde a todos — disse Anne, introduzindo-os em sua sala.

Todos entraram e se sentaram, e Greg foi o primeiro a fitar Zayn nos olhos. O rosto do rapaz estava sereno, embora ele se sentisse um tanto constrangido.

— Zayn — disse Greg, não conseguindo aguardar a hora de se manifestar. — Como esperei por este dia! Estou tão envergonhado.

Zayn engoliu em seco e fitou-o com olhos úmidos.

— O senhor não tem do que se envergonhar. Não teve culpa de nada.

— Devia ter acreditado em você.

— Acreditou na palavra de seu filho. Até eu teria acreditado.

— No começo, acreditei mesmo. Mas, depois, comecei a achar que Theo estava sendo pressionado para mentir. E fiz de tudo para provar sua inocência.

Pelo canto do olho, Zayn fitou Niall, que se mantinha de olhos baixos, evitando olhar para quem quer que fosse.

— Posso imaginar... — prosseguiu Zayn — E só tenho a agradecer.

— Você não tem de me agradecer coisa alguma. Não fiz mais do que minha obrigação. Desconfiava de sua inocência e não podia permanecer inerte, vendo-o ser acusado de um crime que não cometeu.

Zayn deu um sorriso sem graça e perguntou:

— E Theo? Como está?

— Aliviado. Sentia-se muito mal por estar acusando você. Mais tarde, você poderá encontrá-lo.

— Sim, isso mesmo — interveio Anne— Deixemos essas coisas para mais tarde. Vocês terão muito tempo para acertar suas mágoas. Por ora, vamos ao que interessa.

Todos se empertigaram e olharam para Arthur, que pigarreou e começou a falar:

— Bem, Zayn, você sabe por que estamos aqui, não sabe? — Zayn balançou a cabeça. — Estive conversando com a doutora Anne e ela sugeriu que falássemos com você. Bom, o que queremos saber é... que providências pretende tomar contra Niall?

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