A formatura

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Desejei que a semana passa-se rápido e na realidade passou, entre exames, estudar a noite toda e dormir pouco, passou num instante e eu fiquei feliz com isso!

Queria muito ir para Paris, ter orgulho de começar o Internato no hospital st. Francis, eu estava tão entusiasmada com o meu futuro na cidade que não pensava em mais nada.

Chegou a manhã da formatura e eu vesti a minha veste e lá fui eu para a faculdade toda sorridente, entusiasmada porque a partir daquele dia eu seria uma médica obstetra e ninguém me podia tirar aquilo... era aquilo que eu mais queria e claro ir para Paris para ao pé das minhas amigas também, era o que mais sonhava desde os meus 17 anos.

Quando cheguei à faculdade sentei-me no lugar que me estava destinado, na primeira fila... Eram onde os melhores da turma ficavam, tal como eu!

Esperei pelo momento ansiosamente até que o Reitor Jacques veio falar ao microfone e anunciou o melhor estudante daquele ano para dar o Discurso, digo-vos já que o discurso foi lindo, apaixonante até, mas eu só queria que aquele momento passa-se depressa e que aquela semana também para eu puder começar o estágio, ou seja, internato que eu ia disfrutar no hospital em Paris e das minhas amigas também!

O Rapaz acabou de fazer o discurso e finalmente anunciaram que a minha turma já estava formada a partir daquele momento, depois atirámos os chapéus e falámos uns com os outros e despedimo-nos uns dos outros também, não sabíamos quando nos íamos ver de novo, eu esperava que fosse daqui a muitos e longos anos, porque isso significaria que eu ia estar muito tempo em Paris!

O meu pai não apareceu na formatura, notava-se o quanto estava orgulhoso, a minha mãe só apareceu quando atirámos os chapéus ou seja no fim da cena toda! 

Eles nunca tiveram orgulho em mim e nunca iam ter, porque apesar de tudo eu era a deficiente da família, como eu os ouvia chamar-me quando estavam a conversar sobre mim, porque diziam que nenhum homem me ia querer porque eu não podia ter filhos, era injusto ouvi-los dizerem isso aos cochichos e não na minha cara, na verdade era triste e fazia.me sentir como o resto de uma laranja que vai apodrecendo!

Na realidade ir para Paris e a minha formatura tornava-me mais feliz, saber que ia sair dali e que nunca mais ia ouvir essas coisas, sentia-me mais descansada, era como se um peso saísse de cima dos meus ombros ou como se eles fossem um mero pesadelo que ia acabar brevemente visto que agora eu ia ser uma mulher trabalhadora e independente que não iria precisar mais deles!

Nunca mais eles me iam pisar e falar mal de mim, como tinham feito até agora e acho que mesmo o que mais os assustava era ficarem sem o seu balde de frustrações por eu ser um fardo e por me ir tornar numa mulher nova, sem eles pra me mostrarem que eu não valia nada e que não era nada na vida deles, apenas um acidente que nunca devia ter nascido ou mesmo existido!

Jurei a mim mesma que depois de chegar a Paris me ia tornar numa mulher nova, renovada, sem preconceitos e sem esquisitices da minha mãe e sem rapazes com dinheiro, o que eu queria era viver a minha vida e ter a minha privacidade, nada me dava mais gozo que isso....

IA SER MARAVILHOSO!

Um Amor MaiorOnde histórias criam vida. Descubra agora