Maldita Lei de Murphy! (Márcia)

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"Se algo pode dar errado, dará"
Essa frase não poderia estar mais certa.

...

Sabe quando o despertador toca, você escuta, mas seu cérebro não entende que você tem que levantar? Foi o que aconteceu comigo na manhã de sábado.
Minha sorte foi que uma das minhas primas- não me lembro quem, as memórias desse dia ainda não estão claras na minha mente- me acordou.
Nossa família tinha combinado de viajar para São Paulo hoje (uma parte da minha família mora lá, aí sempre que dá vamos visitar eles).
Lembro que não fui no mesmo carro que minha mãe, mas não lembro o motivo. Adormeci logo no começo da viajem, como sempre.
-Cuidado!!!!!!!!!- Ouvi alguém gritar.
Senti uma dor terrível na minha cabeça. Abri os olhos mas vi tudo embaçado, fechei os olhos de novo e quando abri já estava fora do carro. Pessoas estavam correndo de um lado pro outro. Vi uma ambulância. De repente tudo ficou escuro. Silêncio.

...

Acordei e vi uma parede branca, com alguns detalhes azuis.
- Mãe?- Falei baixinho, mas minha mãe imediatamente acordou, como se estivesse em alerta.
Ela veio correndo em minha direção, deu pra perceber que ela chorou.
Perguntei o que aconteceu, e ela me disse que eu sofri um acidente. Meu tio acabou batendo em uma árvore e eu bati minha cabeça, por isso perdi um pouco da memória, mas os médicos disseram que não parecia ser muito grave, e que minha memória iria voltar rápido. Ela também disse que estavam no carro minhas duas primas, meu primo e meu tio, e que Valéria deu a ideia de ir todas as crianças no mesmo carro, já que segundo ela seria mais legal.
No domingo eu já estava ótima e lembrando de tudo, por isso eu fui liberada às 17:00 da tarde. Cheguei em casa e fui logo dormir, nunca tinha me sentido tão cansada.
Acordei na segunda-feira mais ou menos 6 horas da manhã, fiquei assistindo Pretty Little Liars até às 8:00, porque minha mãe pediu para eu ir na padaria que ficava em frente à nossa casa, do outro lado da rua.
A rua estava bastante movimentada. Olhei para os lados para ver se tinha algum carro vindo. Tinha uma moto, mas ela dava sinal de que ia virar na esquerda. Comecei a atravessar a rua, e quando estava no "meio" dela escutei uma buzina. Olhei pro lado e vi a mesma moto me atingindo na perna direita. Sinti uma dor horrível, me joguei no chão e deixei a perna imóvel.
- Márcia!- Pedro largou o skate e veio correndo na minha direção. Meu joelho estava roxo e um pouco inchado.- Ficou maluco, cara?
- Desculpa, é que a seta está quebrada. Você quer ir pro hospital? Eu pago.
- Não precisa, acabei de voltar de lá.
- Tem certeza?- O garoto da moto perguntou.
- Tenho.
Ele se despediu e pediu desculpas mais uma vez.
Fui com o Pedro para a casa dele. Meu joelho doía muito.
- Que babaca, merecia no mínimo levar uma multa.- Pedro reclamou com raiva.
- Pelo menos ele tentou ajudar.- Falei prendendo o choro.
- Mar? O que aconteceu com o seu joelho?- Daniel apareceu me assustando, se antes eu já tava com vergonha de chorar agora então...
Pedro explicou o que aconteceu para ele.
- Aí tem gelo, joelheira e uma faixa?- Daniel perguntou já procurando pela casa.
- Tem tudo isso sim. Pega os gelos que eu vou buscar a joelheira e a faixa- Pedro disse subindo as escadas. Sinceramente, não sei como tem tinha isso lá, mas não vou reclamar.
Daniel pegou três gelos, enrolou em um pano e colocou em cima do meu joelho.
- Tá doendo muito? Quer ir no hospital?- Ele perguntou com pena.
- Não, acabei de voltar de lá.- ele me olhou sem entender.- Longa história.
- Por que você não tem respondido as mensagens?
- Eu estou sem celular.- ele me olha de novo sem entender.
Conto tudo sobre o acidente para ele.
- Parece que Murphy tá tentando provar que sua lei é verdadeira e escolheu você como cobaia.
-Ou talvez eu seja azarenta.
- Você já contou para as suas amigas? Elas pareciam preocupadas.
- Não, já que eu tô sem celular.
A vontade de chorar aumentou, não tinha como segurar, a dor era muita. Comecei a chorar baixinho.
- Ei, tá tudo bem. Já vai passar eu prometo.
Ele me abraça de leve, eu deitei a cabeça no ombro dele e começo a chorar desesperadamente (Já contei que sou exagerada?). Pedro chegou e colocou a faixa e a joelheira no meu joelho (que já estava um pouco menos inchado, graças ao gelo).
Entreguei o dinheiro do pão para o Pedro e ele foi buscar. Enquanto isso eu continuava abraçada com o Daniel, mas a dor já diminuía.
- Então, já passou?
- Um pouco.- Falei parando de chorar- Obrigada.
- Que isso. Amigo é pra essas coisas.- ele diz cabisbaixo.
- Você não é só um amigo.- eu disse e ele me olhou com um sorriso.- É meu melhor amigo.
-Ah, tá.- ele volta à ficar cabisbaixo.- e o Pedro?
-O Pedro já é um irmão, só que de pais diferentes.
Nesse momento Pedro entra na casa.
- Advinha? A padaria tá sem pão em plena segunda feira, 8:00 da manhã.
- Não acredito! É Daniel, parece que você tinha razão, Murphy tá me fazendo de cobaia.
- Não precisa se preocupar. Eu, o melhor amigo do mundo, vou naquela outra padaria comprar pra você.
- Você não é meu melhor amigo, você é meu irmão. O Daniel é meu melhor amigo.
- Espera! O Daniel é o quê?
- Meu melhor amigo.
Quando eu disse isso o Pedro começou a ter um ataque de risos enquanto Daniel rumava almofadas nele.
- Qual foi a graça?- Perguntei sem entender.
- Nada não, tô indo lá na padaria, leva a Márcia pra casa ô "melhor amigo", eu levo o pão pra lá depois.
Cheguei em casa e contei tudo para a minha mãe. Ela disse que eu deveria ter anotado a placa da moto e que aquilo era um absurdo, mas eu preferi evitar confusão.
Pedi o celular dela emprestado pra eu contar tudo o que aconteceu para as meninas, mas logo quando eu ia apertar em "ligar" o celular descarregou, e minha mãe tinha esquecido o carregador na casa de minha vó, então eu desisti de ligar para as meninas.
O Pedro trouxe o pão alguns minutos depois. Passei o resto do dia assistindo séries e filmes e de noite fiquei triste por não poder conversar com a Bi como sempre faço, mas amanhã eu vou conversar bastante com ela, pra compensar.
Na falta do que fazer fui dormir cedo, com o joelho ainda doendo.

5 Amigas, 4 amores e 1 história inesquecível <3Onde histórias criam vida. Descubra agora