1º capítulo

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São 11 da manhã, escuto meu despertador atravessar meus tímpanos e ecoar em minha cabeça. Sinto latejar meu consciente. Por mais que eu já esteja acostumada com as ressacas, nunca me acostumo com a dor insuportável na cabeça. Ouço alguém bater na porta.

- Entre! - digo com a voz falha.
- Bom dia filha. - minha mãe entra e se senta ao meu lado.
Minha mãe já estava acostumada com as minhas "noitadas". Ela sabia que eu não tinha horário para voltar e a palavra "regra" não habitava em meu dicionário. Ela também sabia que eu fumava. Um dia ela encontrara um maço de cigarro dentro da minha gaveta de calcinhas, no começo brigava comigo e me colocava de "castigo". Bom ela achava que eu estava no quarto. Sempre tive meus planos de fuga e também é por este motivo que nunca conseguem me internar. Sempre arrumo um jeito de fugir. Ou transando com algum cara que trabalha no lugar ou fazendo amizade com uma das garotas, sempre tenho meus planos infalíveis.

- O que quer mãe? - me sento na cama e pergunto a encarando.
- Queria saber o que vai querer para o almoço. - diz ela docemente.
- Você sabe que nunca dou opiniões sobre o que iremos almoçar. - digo.
- Mas você poderia pelo menos um dia, tentar ser uma filha legal. - ela diz bufando.
- Mãe! Eu sou muito legal tá. Só não curto essas lorotas familiares. - me jogo para trás me deitando novamente. Minha mãe ri.
- Nossa você é realmente muito legal. - diz ela. Reviro os olhos.
- Não se esqueça de tomar seus remédios. - ela se levanta.
- Tá mãe. A porta é por ali, saia e feche por favor. - digo bocejando.
Ela sai e eu levanto. Vou até meu banheiro, lavo meu rosto e nuca. Pego meu remédio e minha garrafinha de "água". Tá aí uma coisa que minha mãe não sabe. Eu coloco vodca dentro da garrafinha de água, tomo junto com meus remédios. Sempre levo esta garrafinha para todo lugar, muitas vezes eu estava chapada na escola e reuniões de país.
Tomo meu remédio e um grande e longo gole da vodca. Escovo meus dentes para disfarçar o gosto de álcool na minha boca, volto para o quarto e abro meu guarda roupa. Coloco uma regata preta moldada ao corpo e uma xadrez por cima. Deixo meu cabelo solto, nunca fui de arrumar meus cabelos. Sempre estou fazendo luzes coloridas e cortando ele, mas nunca estará penteado ou arrumado. Gosto dele rebelde. Coloco uma calça jeans preta também moldada ao corpo e um All Star preto. Pego meu carregador, fones de ouvido, um livro que estou lendo, algumas roupas e um maço de cigarro. Jogo dentro de uma mochila de uma alça só e saio do meu quarto.
Adentro a cozinha e rapidamente pego uma batata frita do prato do Mike.

- Caramba Ruby! Não coloque esses dedos de fumante dentro da minha comida. - diz ele bufando.
Sorrio.
- " Não coloque esses dedos de fumante dentro da minha comida". - o imito com uma voz engraçada. - esqueci de dizer que acabei de cagar e esqueci de lavar as mãos.
- COMO VOCÊ É NOJENTA RUBY! Sua escrota. - diz ele ríspido.
- Olha o palavriado pequeno Ballinger. - digo o provocando.
- Falou o exemplo né? Me deixe em paz! - ele torna a comer sua comida. Começo a rir e me aproximo dele. Lhe dou um beijo na cabeça e saio.

- Posso saber a onde a senhorita vai? - minha mãe pergunta secando as mãos.
- Desde que eu me lembre, eu tenho 18 anos e não devo satisfações. Qualquer coisa ligue em meu celular! Se eu atender estou bem, caso eu não atender eu estou transando ou morta, dai você deduz do jeito que você quiser. - digo dando uma piscadela e me afasto da cozinha.
- USE CAMISINHA! - escuto minha mãe gritar.
- Tá. - fecho a porta e saio.
Sempre que saio nunca tenho um lugar certo a ir. Pego um táxi e vou ao primeiro lugar que me vem à cabeça. Certa vez fui para uma cidade vizinha e passei 4 dias a procura de uma carona. Meu celular descarregou e minha mãe quase me decapitou. Toda vez que entro em um táxi ele passa próximo ao corpo de bombeiros, longe consigo ver bombeiros treinando e logo lembro como meu pai gostaria que eu trabalhasse salvando vidas. Ele sempre quis que eu me tornasse uma garota responsável e adulta. Mas hoje, para ele, não passo de um ser humano revoltado com a vida. Talvez ele esteja certo, eu nunca irei seguir pelo "caminho de salvar vidas", não consigo salvar nem a minha piorou a dos outros. Vou andando calmamente pelas ruas do bairro. Decidi não pegar um táxi hoje; decidi que irei andar a pé em qualquer lugar que eu for. Vou para o centro da cidade, a onde meus pais costumam ir com o Mike aos domingos. Me sento em um banco de frente para o lago, passo alguns minutos observando as águas e como o sol reflete nela. Tudo tão calmo e sereno, como em um paraíso. Logo escuto barulhos que tiram o momento de paz que estou tendo, me viro e avisto alguns homens jogando basquete em uma quadra logo a rua ao lado. Aperto meus olhos na tentativa de enxergar melhor, tenho de usar óculos mas não vou usar aquela porra. Me levanto e me aproximo da quadra. Paro de frente a ela e observo com atenção todos os homens que estavam ali, percebo que um deles me fita fortemente mas eu o ignoro. Todos começam a gritar coisas do tipo "passa para mim" "aqui! Aqui!". Reviro os olhos e me afasto. Escuto passos atrás de mim e me viro.

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