Princesa da Lua

Muito longe de casa

                  

No começo foi tudo uma loucura. Eu não sabia o que era aquilo, onde estava, que tipo de pessoas eram aquelas. Eu tentei voltar pra casa, mas não tinha como. Não havia mais portas, árvores ocas, nem nada. Pra começo de converse entrei em pânico, fiquei com medo de estar louca ou algo do tipo.
Mas aos poucos eu fui percebendo a magia que cercava aquele lugar.

  Depois de eu tanto tentar convencer aquele menino, que se apresentou pra mim como Louis, ele, por fim, acreditou. Menos na parte onde eu disse que cheguei lá pela "porta de uma árvore oca", ele apenas riu de mim.

-Mas, afinal, onde eu realmente estou? -Indaguei
-Aqui é o Vale da Lua. Como você não conhece esse lugar? -Ele falou com desdém. -Deixe pra lá... Já vi que você está muito perdida e muito longe de casa
-É, quase isso...
-Bem, eu nunca fiz isso antes, mas... -Ele sorriu e me estendeu a mão. -Quer conhecer o lugar?
Eu olhei pra ele com certa incerteza e coloquei o braço atrás das costas. Eu sentia que a única coisa que deveria fazer era arrumar um jeito de voltar pra casa. Eu só não sabia como, nem porque fora parar ali.
E tinha também os meus tios, toda aquela confusão da chave, das letras na árvore. Se eu se quer achasse um jeito de voltar, tudo iria ficar mais bagunçado quanto já estava.
-Tudo bem, vamos então.

                                                                                       *********

  Nós estávamos caminhando entre a multidão de pessoas lentamente, e à medida que ele me mostrava as coisas, mais curiosa e impressionada eu ficava.
-Aqui onde estamos é o mercado do Vale. Todos os caminhos e estradas meio que acabam aqui.
-Que coisas vocês vendem aqui? Porque pra mim não parecem muito normais.
-Ah tem as coisas básicas, mais os comerciantes se sustentam mais por causa dos itens da floresta. Pó e asas de fada, raízes de salgueiro, e os nossos chifres de unicórnios são os mais raros! Além das iguarias que a gente recolhe do lago das sereias. Enfim, tentamos sobreviver de tudo um pouco sabe...
-Peraí, peraí... Asas de fada, sereias, unicórnios?!
-É... Vai me dizer que você não sabe o que são também?
-Não, quer dizer... Eu sei o que são, mas eles... Existem?
Naquele momento ele riu muito alto como se eu tivesse falado algo absurdo ou muito maluco.
-Mais é claro que existem! Você veio de bem longe mesmo ein? Que tipo de pessoa nunca viu uma fada... Ah, tem uma bem ali.
  Ele apontou pra uma banca cheia de coisas entranhas com um velhinho sentado de lado em um banquinho.
  Eu e Louis nos aproximamos e a primeira coisa que mais se destacava na banca eram potes transparentes com luzes azuladas dentro, que não paravam de piscar. Louis pegou um desses potes e me mostrou o que tinha dentro.
  Era um pequeno ser de braços, pernas e corpo esverdeado, tinha as orelhas, os pés e as pequenas feições finas e pontudas. Mas o mais impressionante eram as asas. Pareciam mais com folhas translúcidas longas e delicadas. A pequena criatura voava desesperadamente como se estivesse tentando fugir.
  Eu já ia pegar o pote quando o velhinho que estava junto à bancada se aproximou e tomou o pote das mãos do Louis
-Se não vai comprar, não pode pegar! -Gritou ele de modo rabugento, recolocando o pote de volta na banca.
-Nós vamos levar, sim.
Louis chegou perto do velho e lhe entregou 3 moedas douradas que tirou do bolso. O velho olhou de mau gosto para as moedas e entregou o pote de volta.
-Presente de boas-vindas! -Ele me deu o pote, sorrindo
-Hum... Obrigada. -Peguei o pote observei mais atentamente a fada. Ela era tão linda, tão incrível.
   Depois ele continuou a mostrar tudo que nos cercava;
  "-Lá no final ficam as três vilas, onde a maioria das pessoas moram, como eu.
  Ali adiante é o caminho pra floresta e aquela ali é a nascente do lago das sereias e o caminho pras montanhas, que vão dar no castelo da Rainha.
  Na verdade nós vemos mais as ninfas do mar do que as sereias, elas ficam bem escondias na parte mais profunda do lado, adentrando na floresta. Não são muito amigáveis, mas se você as ajuda, elas podem lhe conceder um pedido. Legal. Né?"

  Ele continuou a falar e falar sobre tudo aquilo, cada coisa era mais magnífica do que a outra e eu nem percebi o tempo passar.
-Eu moro aqui.
-Ah, legal.
-Vamos.
  Ele entrou e eu fui junto. O lugar dentro era pequeno e aconchegante. Mas o mais perceptível eram as espadas prateadas que estavam presas às paredes, junto com armaduras e outros itens.
-Legais, não? Eram do meu pai. -Falou ele enquanto pegava a fada que ele me dera e a colocava em cima da mesinha ao nosso lado
-É, acho que sim... Onde estão seus pais?
-Bem, na verdade eu moro só com meu irmão. Meu pai e minha mãe morreram na guerra do castelo.
-Eu, sinto muito...
-Sem problemas, ja foi a um bom tempo, pra falar a verdade.
-Mas o que foi a guerra do castelo?
-Você tem mesmo muito há aprender... ISAAC! ISAAC ONDE VOCÊ ESTÁ?
Logo depois um garotinho de não mais que 8 ou 7 anos apareceu.
-Esse é meu irmão: Isaac. Essa aqui é a Luna, Isaac.
-Oi! -Falei
-Oi. Tchau -Falou o garotinho desanimado, depois se virou e se sentou no sofá.
Louis revirou os olhos se sentou na mesa do lado.
-Então... Sabe algum jeito de me fazer voltar pra casa? -Perguntei
-Não. Sinto muito, eu vou tentar. Mas, de onde quer que você venha, tem que voltar logo.
-Porque? Não posso ficar aqui?
-Não é isso, é que daqui a uma semana vai ser o dia da profecia e se ela for cumprida, iria ser muito falta de sorte você estar aqui bem no dia que isso acontecer.
-Que profecia?
-Ah é, esqueci que você veio de outro planeta... Sente-se, é uma longa história.