Princesa da Lua

Qualquer coisa que puder ser feita.

-Realmente a história é bem mais longa do que eu imaginava.
-Pois é. -Falou Louis. -Por isso que você tem que ir embora, não é seguro aqui, pra ninguém.
-Mas, você deveria ir também, assim como o seu irmão e todos que vivem aqui.
-Não é assim que funciona, Luna.
-E como é então? Deixar todo mundo morrer?
-Isso não tem importância agora, ja está tarde. Temos que arrumar um lugar pra você dormir, vamos.
Por fim, eu dormi em um colchão na sala. Louis e Isaac dormiram no pequeno sofá juntos.
Eu não consegui dormir. Acontecera em um dia tudo o que nunca tinha acontecido em toda minha vida. Quem diria que uma chave velha me levaria pra um mundo mágico, que eu veria fadas de verdade e que conheceria pessoas tão diferentes quanto as outras poucas que ja tinha visto.
Pra uma menina que sempre vivera no campo, escondida do mundo, tudo isso fora mais que uma grande descoberta. Eu tinha encontrado muito mais que uma nova vida.

*************
Terça, 27 de agosto
Cinco dias antes da Lua azul

-Bom dia. -Falei assim que acordei.
Louis e Isaac estavam na mesa aparentemente muito ocupados abrindo os armários e potes enquanto enfiavam tudo que podiam, principalmente algo parecido com mapas, dentro de inúmeras bolsas e mochilas
-O que vocês estão fazendo?
-Continue Isaac, eu ja volto.
Louis se aproximou de mim com muita pressa, eu ja ia perguntar o que estava acontecendo quando ele falou:
-Se lembra porque eu disse que não podia ficar aqui? Que você perguntou porque todos não iriam embora ao invés de ficar?
-Sim, mas o que isso tem haver com...
-Luna, as pessoas não vão embora porque esse é o lugar delas. Todo o Vale está tentando encontrar um jeito de achar a princesa, inclusive eu.
-Mas você mesmo disse que a única solução, encontrar a princesa, era perda de tempo... Quero dizer, nunca a encontraram, é perigoso, ela está tão longe e...
-Exatamente. É o único jeito. -Interrompeu ele.
Não. Ele não poderia simplesmente se matar! Todas as pessoas que tentaram encontrar a princesa nunca nem se quer voltaram e não se sabe nem pra onde foram. E talvez ele nem soubesse o que fazer ou para onde ir. Aquilo era...
-Loucura! O que você está fazendo é uma loucura!! -Gritei
-Olhe garota, foi bem legal te conhecer e te mostrar o Vale. Realmente nunca tinha visto ninguém que possa ter vindo de tão longe como você. Eu espero que você fique bem e que volte logo pra casa, mas eu vou fazer o que tenho que fazer.
-Você não percebe? Vamos embora comigo, a gente arruma um jeito de voltar antes que seja o dia do meu anivers... Quer dizer, o dia que a profecia poderá ser cumprida.
Ele me ignorou e voltou á ajudar o irmão a preparar a mala. Depois o mandou sair para pegar a encomenda de viajem que tinha feito. Ele estava mesmo disposto a correr esse risco, mas e eu?
O que eu poderia fazer? Sozinha aqui nesse lugar, perdida, sem saber onde estou e como voltar de onde vim. Sem contar com toda a bagunça que estava minha vida; um presente de aniversário muito estranho, um mundo secreto dentro de uma simples árvore, uma profecia que irá se cumprir bem no dia do meu aniversário, uma população inteira e em perigo por causa de uma princesa que nem se quer podia estar viva... Não havia nada de útil que eu poderia fazer.
-Agora, sem querer ser grosso nem nada parecido, vou ter que me despedir de você. Espero que encontre o caminho de volta pra esse seu outro planeta, foi um prazer.
-Eu não moro em outro planeta! Eu não sei aonde estou, não sei como voltar e você não vai me deixar aqui pra ir em uma "missão suicida" com seu irmãozinho.
Ele soltou a porta que estava mantendo aberta e andou na minha direção com passos fortes enquanto gritava:
-Escuta aqui, eu e meu irmão estamos nos preparando a muito tempo pra isso, você não sabe o que nós passamos, não sabe o que esse lugar significa para nós e o quão importante é pra todos encontrarmos a princesa e não vai ser nenhuma garotinha teimosa e perdida que vai me dar ordem alguma pra que eu não faça o que eu puder pra salvar esse lugar!
Eu me assustei com o tom de voz dele e o quanto ele estava exaltado. Ele assim que viu minha expressão relaxou e acalmou-se
-Tudo bem, não vou mais te atrapalhar. -Falei, calmamente
-Ótimo, talvez você encontre ajuda no castelo, a rainha deve saber como ajudar, adeus. -Falou ele com desdém enquanto abria o mapa e inspecionava-o cuidadosamente antes de guardar de volta na mochila
-Eu não vou pra o castelo da rainha.
-E pra onde pretende ir então?
-Eu vou com você.