Um pouco de esperança

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No exato momento em que a Rainha olhou nos meus olhos e dispensou os guardas, eu me peguei pensando em uma coisa que não pensava á um bom tempo: Meus Tios.
Durante toda essa bagunça, lendas, sereia e fadas, acabei esquecendo dos meus tios e do que acontecera um dia antes de eu vir parar no Vale da Lua.
Então os antigos fatos começaram a voltar á minha mente de novo; o presente, a escrita na árvore, até mesmo a carta que eles me deixaram

"Não importa o que você é ou o que deixa de ser, não importa para onde você vá [...]"

Essas palavras, que no começo eram absurdas, comeram a se encaixar na minha situação de agora, mas o que meus tios poderiam saber sobre isso, afinal?
-Venham, venham comigo. -Chamou a Rainha nos guiando.
Fomos todos juntos em um lugar que não notei naquela sala, uma mesa mediana com algumas cadeiras ao lado de um piano. Sentamos todos lá e a Rainha continuou:
-Vocês não deveriam ter vindo, sabem que é perigoso, algo muito ruim poderia ter acontecido diante a situação do Vale agora.
-Sentimos muito Rainha Dulce, muito mesmo, não queremos incomoda-la de forma alguma, jamais. Só precisamos de sua boa ajuda para... -Disse Louis, suplicante
-Sim, sim. Sobre a minha filha.
Vejam, todos nós temos esperança, isso é bom, muito bom. Um pouco de esperança é eficaz, muita esperança é perigoso. Estamos todos em dias muito decisivos e não podemos nos arriscar e muito menos arriscar a população do Vale, então, se aceitam minha ajuda, tomem banho, se alimentem, durmam, descansem e voltem para o vilarejo em segurança.
-Não, majestade, a senhora não entende...
-Eu entendo menino! Você acha que eu não entenderia?! Todos querem salvar minha filha e assim salvar o Vale, salvar a Lua, nos salvar!
-Sim, por isso nos deixe ajudar, por favor. Só precisamos que nos fal...
-Minha filha está morta! É impossível encontra-la e não quero tirar a vida de mais ninguém por isso! Eu ordeno que parem essa missão!
Pela primeira vez a Rainha pareceu realmente brava e impôs sua autoridade, mas percebia-se as lágrimas em seus olhos. Falar de sua filha e das pessoa que se arriscaram para procura-la, o rei, era mesmo muito difícil para ela.
-Com sua licença... -Comecei a falar. -Não sou a melhor pessoa pra dar opniões aqui, não sei nem direito o que eu faço aqui, mas eu sinto muito mesmo pelo o que aconteceu com sua família. Mas a sua ajuda significa,pra mim, mais do que encontrar a princesa; vai me trazer respostas, vai me levar pra casa.
Ela me analisou minuciosamente. Um silêncio constrangedor ja começara a se espalhar quando ela finalmente falou
-Você... Qual seu nome?
-Luna, senhora.
-Magnífico nome. Mas, perdoe-me, o que você quis dizer com "voltar pra casa"?
-Eu, eu não sou daqui, sou de um lugar longe, talvez muito longe.
-E o que faz aqui no Vale da Lua?
-Eu... Bem... Eu não tive escolha.
-Então, porque achar a princesa lhe levaria de volta para casa?
-É que, Louis me disse que a senhora poderia nos ajudar, me ajudar...
-Achar a minha filha ajudará a todos, menina. Não só a você, apenas.
A lua irá lhe indicar o seu real caminho, mas não há tempo e nem mais esperanças, esse é o destino do nosso Vale.

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