Princesa da Lua

Erros do destino?

  Estava no lugar mais confortável que estive desde que cheguei aqui no Vale; na verdade, era o lugar mais confortável e aconchegante que ja estive em toda minha vida.
Aquele quarto apenas, era do tamanho de toda a cada de Louis e um pouco menor que a minha. Era lindo, com tons pastéis e rosas claríssimos e leves que traziam uma calma e felicidade no lugar, além da beleza que o castelo inteiro trazia consigo.
Mas mesmo assim, em cada canto daquele lugar, a tristeza parecia escorrer pelas paredes e a esperança estava cada dia mais longe.
A minha história com esse lugar é tão breve quanto louca, mas sei que, de alguma maneira, não estou aqui por engano, e me sinto bem, mesmo nesse estado em que o Vale está.
-Vamos, me ajude Isaac, deve ter alguma coisa aqui... -Dizia Louis apressado enquanto procurada em gavetas, móveis e inúmeros outros lugares daquele cômodo.
-O que...? Não mexa aí! Se alguém descobrir estamos mortos! -Sussurrei tentando colocar tudo no lugar e arrumar  a bagunça que ele estava fazendo.
Nós estávamos bem mais limpos e apresentáveis do que antes e rainha nos convidara para jantar com ela antes de partirmos. Ela era de uma gentileza incrível, mas no fundo, sei que era uma maneira de se desculpar conosco pelo possível destino que nos espera.
-Para com isso agora! Vamos descer a Rainha deve estar nos esperando.
-Claro que eu não vou descer, não vou perder de maneira nenhuma a oportunidade de descobrir alguma coisa!
-Mas, nã...
-Shhh, desça com Isaac, diga que eu dormi, estou cansado, qualquer coisa.
Preferi retrucar, só chamei Isaac e desci com ele. Demorou um certo tempo para encontrarmos o grande salão onde seria servido o jantar.
-Podem se sentar, fiquem á vontade.
Isaac não perdeu tempo e logo se sentou e começou a saborear as mais diversas comidas que estavam na mesa.
-Você é um menino bastante corajoso.  -Falou docemente a Rainha, enquanto eu pegava uma xícara de chá
-Obrigada majestade.
-Seus pais devem ter orgulho de você, não é?
-Não senhora, ele morreram na guerra, mas meu irmão cuida de mim e me ensinou tudo que o papai sabia.
A Rainha pareceu decepcionada e pude notar sua expressão de pena quando ouviu isso. Então ela se virou pra mim e começamos a conversar
-Então Luna... De onde exatamente você é?
-Am... Vivo com meus tios no Alabama.
-Onde?
-Alabama, sabe... Sudeste, Estados Unidos...
-Desculpe, não conheço.
-Ah, certo. Eu também não conheço muito aqui.
-E como você veio parar aqui?
-Eu não sei explicar, foi uma coisa diferente que aconteceu...
-Bem, então como era onde você vive?
-Era normal... Eu vivia com meus tios em um lugar bem isolado. -De repente me interrompi quando percebi que havia falado "vivia". Eu ainda vivo com eles, aquela é minha casa, meu lar, tudo isso aqui é só mais uma confusão que vai ser resolvida. -Eu vivo com meus tios.
-E os seus pais?
-Eles morreram.
-Eu sinto muito.
-Obrigada, tudo bem. Estou acostumada, eles morreram quando eu era bem pequena, é como se nunca estivessem existido pra mim de verdade.
-Não diga isso, são seus pais. Eles á amam, não importa o destino. Ser pai é mais do que apenas ter um filho ou filha, é ter alguém pra protejer e amar mais que a sua própria vida.
-Eu não quiz... Me desculpe.
Ela olhou pra mim intensamente de novo com aquelas olhos extremamente reconfortantes.
Nunca tive coragem de admitir, até mesmo pra mim mesma, que na verdade, eu meio que tinha raiva dos meus pais.
Raiva por eles terem em abandonado, mesmo querendo ou não. Raiva por não terem ficado comigo e me verem crescer, ficarem ao meu lado quando mais precisei deles e tenho mais raiva ainda de continuar os amando apesar disso.
E agora, olhando para a Rainha, sei que talvez possa estar errada; sei o quanto ela tentou e o quanto deve ter chorado pra ter sua filha de volta. Não foi e nunca será fácil, tanto perder os pais, quanto perder os filhos.
O destino infelizmente não quis que minha mãe e meu pai vivessem ao meu lado, mas eu sinto que o destino não estava certo ao definir que a Rainha não viveria com sua filha e que não seria feliz ao lado dela e não traria também a felicidade a esse lugar tão incrível.
Conheci a Rainha Dulce a pouquíssimo tempo, mas sei que nenhum mal deve afetar seu tão bom coração. E eu faria o possível e, talvez o impossível, pra provar que o destino estava errado.