Over (part I)

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Já amou tanto uma pessoa a ponto de sentir dor? Não emocional ou psicologicamente falando, mas de forma física. Dor física. Que faz o peito doer e as bochechas ficarem doloridas por causa do sorriso idiota que se forma quando um único nome é verbalizado. Eu costumava achar que era exagero. Que seria praticamente impossível eu sentir as pernas bambas e, pela primeira vez na vida, sentir meu coração querer sair pela boca, mas acontece. É tão real. Confuso, às vezes, intimidado. Mas conforme o tempo passa, você começa a se familiarizar com os calafrios na espinha e com as borboletas no estômago. É como uma droga: Você hesita no início, mas acaba viciando e se torna dependente daquilo.

Quando olha para trás, se pergunta mentalmente todos os dias como conseguiu passar tanto tempo sem sentir aquele mar de emoções. Como conseguiu passar tanto tempo fugindo do inevitável.

A sensação é de finalmente se sentir completa. De saber que um único sorriso completará o dia e que um simples "eu te amo" irá te arrepiar da cabeça aos pés. Eu sempre tive dificuldade em descrever o que amar realmente é. O que essas quatro letras e uma só palavra englobam de verdade. Mas é exatamente isso. Amar é uma droga: Inevitável fugir. Inevitável sentir. Inevitável escapar.

Mas inevitável não amar.

~~

"Lauren..."

Não conseguia distinguir sonho de realidade. Conseguia escutar a voz abafada pelo travesseiro, mas sentia uma dificuldade desumana em abrir os olhos.

"Amor."

Pousou a mão gélida sobre meu abdômen. Não consegui evitar o sorriso bobo se alastrando por meu rosto. Ainda não conseguia abrir meus olhos.

"Camila..." Murmurei tão baixo que fiquei em dúvida se ela realmente havia escutado. Os dedos hábeis, agora agarrando minha cintura.

Senti meu corpo afundar no colchão quando colocou seu peso sobre mim. Me forcei a abrir os olhos e encontrei duas órbitas castanhas me fitando com intensidade. Um sorriso frouxo pincelava os lábios rosados e o cabelo ondulado cobria os ombros nus.

Encurtou a distância mínima entre nós colando a boca na minha. Era incrível como meu corpo reagia diante do toque delicado.

"Camz..."

Afastou o rosto me lançando um olhar reprovador e pousou o indicador sobre meus lábios. Balançou a cabeça negativamente e estalou a língua.

"Shhhh... Não quero que diga nada agora."

Arfei irritada por saber que ela estaria no controle. Cristo, ela sempre esteve.

"Não pense em nada", ordenou. "Não quero que pense nada. Apenas se concentre em mim."

Estava séria. Passava um ar autoritário, mas gentil ao mesmo tempo. Não conseguia entender seu olhar.

Retirou o indicador me permitindo falar e retirou alguma mecha de meu cabelo que empobrecia minha visão. Eu queria poder lê-la.

"Eu te amo, sabia?"

Queria mais tempo para mostrar que eu sentia o mesmo. Queria ela aqui para sempre e não por mais algumas horas. Nada era suficiente. Jamais seria suficiente.

"Eu também te amo, anjo."

A senti tremer sob meu corpo com a resposta. Não teve tempo de assimilar quando capturei o lábio inferior e a puxei para um beijo. Soltou um gemido fraco quando a chupei a língua e riu quando minha mão passou perigosamente perto da barra da calcinha. Estava quente e a pele geralmente branca como porcelana se encontrava rosada.

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