Catalyst

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Eu não conseguia sentir absolutamente nada.

“Lauren?” Ela repetiu, dessa vez se aproximando.

O par de olhos castanhos me fitando atentamente. Preocupação. Havia preocupação neles. Mais alguns passos e ela finalmente estava a dois palmos de distância de mim.

Eu ainda não conseguia me mexer.

“Lauren?”

A voz dela parecia mais calma dessa vez. A preocupação do olhar deslizando pelas cordas vocais. Macia. A cabeça inclinada para o lado. Me analisava como se eu fosse uma bola de cristal prestes a cair no chão.

Meu lábio inferior tremeu. Meus olhos embaçaram em questão de segundos. Parecia que eu estava entrando em estado de choque só em vê-la.

Antes mesmo que eu pudesse processar o fato de que eu estava na frente dela, eu senti seu peito chocar contra o meu e seus braços enlaçarem minha cintura. Minha respiração falhou com a colisão repentina.

“Você veio”, ela disse contra o meu ouvido. Incredulidade escorrendo na voz. “Meu Deus, você veio.”

Minha visão não passava de um borrão. Eu mal conseguia registrar meus movimentos. Minhas mãos enlaçaram a cintura fina. Senti ela sorrir contra meu pescoço.

O cheiro doce que vinha dos cachos escuros me acalmava de certa forma. Não era um cheiro específico, mas era doce.

Ela separou o embraço minimamente na tentativa de evitar a perda de contato. O rosto pálido a pouquíssimos centímetros do meu. O indicador levantou meu queixo delicadamente e eu juro ter sentido meu corpo inteiro tremer. Um sorriso tímido brotou nos lábios finos.

“Você não tem noção da falta que me fez”, ela fala sem quebrar o contato visual.

Senti minhas bochechas esquentarem.

“Eu... Eu tinha que vir”, falei apertando minimamente a mão contra a cintura dela. Era como se eu precisasse me certificar de que ela estava de fato na minha frente e que não era um sonho ou uma ilusão.

“Eu sei. Eu sei disso”, ela pausa. O polegar ágil secando uma lágrima que escorria pelo meu rosto. “E não chora. Você é bonita demais pra chorar.”

Minha garganta secou.

Eu nunca havia conhecido uma pessoa que se encontrava no estado de Camila e que apesar de tudo o que havia acontecido ela ainda tinha tempo para elogiar estranhos da forma mais graciosa possível.

Camila era surreal demais para explicar.

Sorri em resposta, o que consequentemente a fez sorrir ainda mais.

“Isso. Chega de lágrimas, anjo.”

Balancei a cabeça. Ela era surreal.

“Você está bem?” Perguntei sentindo a garganta doer. “Quando foi que você saiu da solitária?”

“Eu achei que fosse demorar mais, mas ontem mesmo eu fui liberada. O monsenhor ia ligar pra você amanhã mesmo.”

Mordi o lábio e baixei a cabeça. Ela riu levantando o meu queixo com o indicador. Os olhos castanhos me olhavam. Ela queria me ver. Absorver cada centímetro do meu rosto. Eu sentia isso. Os braços ainda enlaçados em minha cintura.

Era tão íntimo. Tão simples.

Fiquei em silêncio.

Talvez eu não precisasse dizer que eu necessitava ver ela e que talvez eu morreria se ficasse esperando o telefone tocar no sofá do meu apartamento. Talvez ela não precisasse dizer que ela estava ok com isso. Talvez o silêncio funcionava para nós.

Get Me OutOnde histórias criam vida. Descubra agora