Church Bells and Phone Calls

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Durante a vida nós sempre temos momentos difíceis. É inevitável e ninguém, absolutamente ninguém escapa. Existem momentos em que nós precisamos de um ombro amigo. Momentos que nós precisamos simplesmente ficar sozinhos e chorarmos até não podermos mais. Existem momentos em que o primário e espontâneo contato com um familiar já basta, um simples abraço, uma palavra amiga. Já é o suficiente.

Mas também existem situações que você simplesmente não sabe o que fazer. Esse é o pior momento.

Mãos atadas. A sensação de inutilidade tomando conta de cada centímetro do seu corpo. Impotência. Fragilidade psicológica.

Foi exatamente assim que eu me senti quando Naomi falou que Camila estava na solitária.

Eu literalmente não conseguia respirar.

Minha visão estava desfocada, eu não conseguia nem ao menos processar a informação. Tudo parecia se mover em câmera lenta ao meu redor. Nada tinha mais importância do que aquilo.

Só o fato de vê-la chorar no dia em que eu a conheci, o fato de saber o quão frágil Camila era, me deixou de mãos atadas. Ela precisava da minha ajuda e eu simplesmente não sabia o que fazer.

Aquilo era pior do que terrível. Era torturante.

Minha atenção voltou à minha situação atual. Onde eu estava. A voz de Naomi ecoava baixinho e eu não conseguia compreender o que ela estava dizendo. Havia ecos. Eu não conseguia me concentrar em nada.

“Lauren...” Ela falou baixinho, uma urgência no tom de sua voz me alarmou. “Lauren fala comigo, por favor.”

Respirei fundo e tentei me concentrar na voz em minha frente. Ela estava com os olhos arregalados e balançava o meu ombro suavemente tentando me tirar do transe.

“Camila...” Balbuciei.

Ela sorriu tristemente me guiando até as cadeiras. Me fez sentar e se ajoelhou em minha frente com uma expressão acolhedora no rosto. Talvez ela não fosse tão ruim quanto eu pensei.

“Você quer que eu pegue uma água pra você?” Ela perguntou baixinho.

Balancei a cabeça negativamente. Respirei fundo novamente e a encarei.

“Por que mandaram ela pra lá?” Perguntei desolada. “Quer dizer, ela parece ser uma pessoa tão calma e centrada... Ela não poderia fazer mal a alguém mesmo que tentasse.”

Naomi ficou em silêncio. Coçou a nuca antes de se pronunciar.

“Esse tipo de informação não é colocado nas fichas. Não há nada lá.”, ela viu a expressão inconsolável que eu tinha no rosto. “Sinto muito.”

“Você sabe em que prédio ela está?”

Naomi mordeu o lábio inferior. Desviou o olhar e encarou o chão. Aparentemente o carpete parecia dez vezes mais importante que meus olhos. Ela sabia, pensei.

“Ela é uma amiga muito importante pra você, não?”

Assenti. Cristo, eu odiava quando as pessoas me enrolavam.

“Onde ela está?” Perguntei novamente.

“Lauren, talvez você devesse voltar aqui outra hora...”

“Naomi”, falei séria a encarando nos olhos. “Onde ela está?”

As órbitas claras me fitaram atentamente. Ela coçou o nariz com as costas da mão quebrando o contato visual e encarou o tapete por alguns instantes antes de voltar a me encarar.

“Eu já disse. Ela está na solitária.”

Balancei a cabeça.

“Não, você sabe o que eu quero dizer. Onde ela está. O prédio em que ela está”, minha voz estava começando a ficar trêmula. Eu não podia chorar.

Get Me OutOnde histórias criam vida. Descubra agora