Strung out, a Little bit Hazy (part II)

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"Você é feliz?" é uma pergunta tão carregada, tão complexa. Eu não sei exatamente o motivo, mas eu sempre respondo que sim. Porque, se eu for analisar o contexto como um todo, as coisas que eu vejo não são tão ruins. Eu tenho amigos, rio de piadas, saio e me divirto. Minha vida não é tão ruim quanto poderia ser e eu não tenho problemas tão sérios. Poderia ser pior.

Mas então, em uma noite, às 3 da manhã, quando eu estou sozinha e ainda acordada, deitada na cama, pensando na vida, eu me encontro chorando. E de repente eu me convenço de que ninguém gosta de mim, ou que ninguém vá gostar de mim um dia. Eu também me pergunto o que eu achei de tão engraçado naquela piada que eu ouvi durante aquela festa onde todos se divertiam, e eu tentava me auto convencer de que eu também estava. Naquele momento eu me sinto horrível, analiso minha catástrofe emocional e questiono literalmente tudo o que eu já vivi.

E eu realmente não sei se no meio de todas aquelas risadas, eu fui feliz de verdade.

~~

Desde pequena, eu sempre me considerei uma pessoa independente. Tanto no sentido emocional, quanto no psicológico. E apesar de muitas vezes eu acabar dando a impressão de ser uma egocêntrica autossuficiente, eu não me importava. A sensação de orgulho que eu tinha ao terminar alguma tarefa sem a ajuda de alguém, era literalmente um combustível pra que eu continuasse a pensar daquela forma.

Eu não preciso de ninguém, eu repetia mentalmente.

Eu não costumava me importar com a opinião alheia. Eu não chorava ou demonstrava emoções diante de olhos desconhecidos. Eu não colocava minhas angústias pra fora, apenas as guardava lá dentro, no lugar mais escuro e sombrio do meu interior. Por algum motivo eu achei que aquilo nunca iria me incomodar posteriormente, e por um lado, eu meio que tinha razão.

Até que eu conheci Camila; E passei a duvidar de absolutamente todos os meus conceitos que eu já havia estabelecido em minha vida.

"Você vai sair de novo?" Ouvi Taylor perguntar do corredor.

Exatos dois dias desde aquela discussão que eu tive com Camila, haviam passado. Não era como se fôssemos estranhas ou algo do tipo. Nós conversávamos, ríamos, mas existia um limite, uma barreira que costumávamos manter entre os diálogos e toques.

Era tipo: Eu gosto de você, converso com você, não me incomodo com a sua presença ao meu redor, mas ainda estou puta da vida com o que você fez.

Quase nada havia mudado, mas as pequenas coisas que se alteraram naquele dia da discussão foram bem claras pra mim. Na primeira noite, após o fiasco no chuveiro, ela dormiu comigo – mais pelo fato de que ela não tinha escolhas naquela hora da madrugada –, mas assim que eu acordei, percebi que aquela seria a primeira e última vez que eu teria o privilégio da companhia dela em minha cama.

Então, depois da conversa acirrada que tivemos, ela literalmente passou a ser uma team Taylor. As noites agora eram passadas no quarto da caçula, os auxílios durante o banho, o controle de remédios. Tudo era feito por ela. Taylor isso, Taylor aquilo. Taylor, me alcance a toalha. Taylor, onde estão meus remédios? Taylor, eu não alcanço o controle da TV. Taylor, Taylor, Taylor.

Eu nunca pensei que diria isso, mas eu estava começando a odiar o nome da minha irmã. E pra ser sincera, eu nunca havia me sentido tão inútil, como durante aquelas 48 horas. Não era da minha natureza ficar sentada e ver o show rolar, eu era mais do tipo que corria de um lado para o outro e fazia as coisas acontecerem.

"Eu liguei pro pai", respondi. "Ele precisa vir até aqui resolver algumas coisas na cidade e disse que gostaria de me ver."

"Oh... Isso é sobre a multa?"

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