Hi

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Eles levaram ela, pensei.

Ótimo. Minha vida acabou de ficar pior.

Como se fosse possível.

"Dá pra parar com isso?" A morena me encarava da poltrona do outro lado da sala. "Você está se torturando, e pensamentos negativos atraem coisas negativas."

"Você realmente está me dando uma aula disso agora?" Soltei uma risada sem humor. A mancha do rímel e lápis de olho borrado em minhas bochechas deveria estar um caos a esse ponto, mas eu simplesmente não ligava.

Eles levaram ela.

"Eu estou tentando falar com Ally, mas o celular dela só cai na caixa postal", murmurou enquanto deslizava o dedo de forma habilidosa pela tela do aparelho. "Deus, Lauren. Vá lavar esse rosto. Faça um café. Ela não está morta."

"Você age como se ela tivesse pego um táxi e pudesse sair de lá a qualquer momento", ri em descrença. "Normani, ela pode estar na solitária neste exato momento."

"Eu realmente não deveria ter dado um calmante a você", rosnou mal humorada.

"De fato", esfreguei as costas da mão na ponta de meu nariz. O coriza insuportável me fazendo pestanejar o comprimido branco que recebi minutos atrás. "Eu não sinto minhas pernas", falei balançando os dedos dos pés e não sentindo absolutamente nada no processo.

"Alô, Ally?" Ouvi Normani falar o nome de minha amiga. Meus olhos voaram de encontro aos dela. "Deus, que dificuldade de falar com você."

Franzi o cenho.

Por que ninguém parecia preocupado com a atual situação? Por que ninguém estava surtando?

"Sim, levaram ela", a clarividente continuou. "Lauren teve um ataque de histerismo no meio da calçada e o porteiro teve que me ajudar a trazê-la para dentro", sorriu meu encarando. "Medicamos ela e agora ela não consegue sentir as pernas".

Levantei a mão direita no ar em pura indignação. O humor sarcástico tilintou em seus olhos quando percebeu meu dedo médio erguido, acompanhado da frase "vá se foder" que escapou de meus lábios.

"Não, ela está mandando eu me foder", riu alargando o sorriso que já tinha nos lábios. "Sim, eu vou dizer a ela que isso é feio, Ally. Não se preocupe."

"Será que alguém pode falar sério aqui por um só minuto?!" Gritei exasperada do sofá. Bati as mãos nas coxas a fim de sentir alguma coisa, mas o efeito colateral do remédio que Normani me deu, parecia longe de passar.

"Tudo bem. Eu vou ligar para Dinah e ver o que podemos fazer hoje".

"Hoje?" Arregalei os olhos. "Normani!" Gritei tentando chamar a atenção da mulher ao telefone. "Normani, como assim, hoje?!"

"O efeito do remédio está passando, Ally", falou. "Preciso desligar. É, eu sei. Ok, tchau, garota".

Minhas órbitas seguiram o aparelho indo do ouvido da mulher até a mesinha de centro que nos separava. O olhar indecifrável de Normani se mesclava com a tensão que acabara de se instalar no cômodo.

"Você precisa se acalmar, Lauren".

"Fácil pra você falar. Minha namorada está naquele fim de mundo e eu nem ao menos consigo sentir minhas pernas. Que porra de remédio você me deu? Cretina."

"Talvez não seja o remédio", piscou levantando da poltrona e indo em direção à mesa de jantar do outro lado da sala.

"Normani!"

Get Me OutOnde histórias criam vida. Descubra agora