Capitulo 10 - Acidente

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Casa do Akise, 01h20...

Yuno

Fiquei deitada na cama do Akise enquanto tentava adormecer mas a febre alta não me deixava. O tempo foi passando e o Akise estava a ler, sentado na sua secretária, até que se levantou e tirou uma camisola do roupeiro.

Corei enquanto o via a tirar a camisola e a deslizar a outra do pijama pelo seu peito bem definido. Espero que aquilo tenha sido apenas um delírio por causa da febre... Fechei os olhos assim que ele entrou na cama e como ele ficou quieto durante algum tempo achei que estivesse a olhar para mim.

Virei-me de costas para ele e fiz de conta que estava a dormir quando ele tocou na minha bochecha para confirmar, acho que foi o suficiente para ele acreditar pois não voltou a tocar-me.

Quando voltei a abrir os olhos vi que as luzes do quarto já estavam apagadas e comecei a ouvir a sua respiração pesada, pelos vistos adormece rápido. Virei-me devagarinho e fiquei a olhar para ele com as minhas bochechas vermelhas, ficava bonito a dormir.

Resolvi tentar dormir mas não foi fácil, mas depois de algum tempo sem me mexer consegui adormecer.

Casa do Akise, 03h40...

Acordei durante a noite e estava com fome, por isso levantei-me devagarinho, passei por cima do Akise (pois a sua cama era encostada à parede do lado em que eu estava a dormir) e fui até à cozinha.

Abri o frigorífico e tirei uma maçã e um pacote pequeno de leite simples. Fiquei sentada encostada ao frigorífico a comer e depois de beber o meu leite, deitei o pacote ao lixo e voltei a abrir o frigorífico, queria ver o que havia mais.

Ouvi uma janela abrir-se e arregalei os olhos, pegando numa faca de cozinha que estava em cima da mesa. "Oh, este não é o Akise..." Uma voz de criança disse e fechei o frigorífico sem fazer barulho, caminhando devagar até ao quarto dos pais do Akise, de onde tinha vindo a voz.

Espreitei para dentro do quarto enquanto a adrenalina subia e vi uma criança olhar para o pai do Akise, que era o único na cama. "Dorme bem." A criança disse e lembrei-me dele, era o rapazinho do infantário que brincava com 2 bonecos. Não tinha a certeza, mas para andar atrás do Akise aquele menino devia ser o quinto, Reisuke Houjou.

Vi o miúdo pegar numa agulha e espetá-la num frasquinho de vidro com um liquido lá dentro. "Veneno...?" Deixei escapar baixinho, e segundos depois fiquei preocupada, não sabia onde poderia estar a mãe do Akise, visto que não estava na cama.

"Isto vai ser divertido." O Reisuke riu-se e vi-o preparar-se para espetar a agulha no pai do Akise. "O que raio estás a fazer?!" Gritei e corri até ele, o que o surpreendeu. "Segunda?" Ele disse e dei a volta à cama, pronta para lhe acertar com a faca que tinha trazido da cozinha.

Ele passou por cima do pai do Akise e correu até à sala. Também passei por cima do pai do Akise e fiquei surpreendida por ele não ter acordado, nem com os nossos movimentos, nem com todo o barulho e gritaria que estávamos a fazer. Tem um sono mesmo pesado!

Assim que voltei à porta do quarto dos pais do Akise, espreitei para fora da divisão e vi a porta do quarto-de-banho aberta, vinha luz de lá de dentro. Provavelmente o Reisuke tinha entrado lá para escapar pela janela...

Aproximei-me devagarinho da porta da divisão e preparei-me para entrar. "Mas que...?! Sai daqui!" Ouvi a mãe do Akise gritar, pelos vistos o Reisuke estava mesmo lá. "Sra. Aru!" Gritei e corri até à entrada do quarto-de-banho.

Ouvi passos de alguém a correr para fora da divisão e acertei na primeira pessoa que saiu de lá, achei mesmo que era o Reisuke a correr mas depois de ver aqueles cabelos brancos sabia que não era ele...

Tirei de imediato a faca do braço da Sra. Aru e a mesma ficou deitada no chão, sabia que a ferida não era grave mas ela devia ter desmaiado por causa das dores.

Larguei a faca e ajoelhei-me no chão, preocupada com ela. "Mas que...? Mãe!" O Akise abriu a porta do seu quarto e correu até nós. "Foi sem querer, eu..." Tentei falar mas o Akise cortou-me. "És completamente louca!" Ele gritou-me e prendi o ar.

"Mas o quinto, o Reisuke... Ele estava aqui, eu atingi-a por engano, foi um acidente! Eu estava a tentar protege-..." Mais uma vez, ele interrompeu-me. "Eu sabia que deixar-te entrar nesta casa era uma loucura, agora sai daqui e não voltes a causar-nos mais problemas!" O Akise gritou e senti os meus olhos ficarem molhados.

"Estás a mandar-me embora?" Perguntei e ele voltou a olhar para mim com as mãos cheias de sangue. "Estou, coisa que já devia ter feito. Nem sequer devias ter entrado aqui!" Ele gritou e fiquei parada a olhar para ele enquanto sentia as minhas lágrimas caírem.

"Sai daqui, agora!" Ele gritou e engoli em seco. "Mas..." Tentei falar mas ele não deixou. "Sai!" Ele gritou ainda mais alto e levantei-me do chão, correndo até à porta de saída.

Na altura nem sequer me lembrei das minhas roupas a secar nem de me calçar, apenas saí dali tal como estava e deixei as minhas lágrimas caírem.

Aquele idiota do Akise... Já salvei a pele dele muitas vezes e agora nem sequer me ouviu, desatou a insultar-me como se nada fosse. Eu compreendo o nervosismo dele, afinal a mãe estava a esvair-se em sangue, mas em vez de me ouvir disse-me o que realmente pensa sobre mim.

Acha que sou uma maluca, e é essa a verdade. Eu sou maluca porque mato pessoas e fico indiferente a isso, mas vou deixar de ser o escudo dele, da Hinata e de todos os outros. Para eles sou só uma proteção, eles acabam por me usar porque não me importo de matar ninguém.

Depois de correr bastante, ajoelhei-me no chão frio da rua com o vestido branco da Sra. Aru e o meu cabelo solto, fiquei cansada depois de tanta coisa.

Neste momento estou sem forças para fazer o que quer que seja, mas quando me recuperar juro que vou mudar, a "Yuno protetora de retardados" vai oficialmente morrer! Não vou deixar que voltem a tratar-me desta maneira.

Continuei a chorar enquanto ouvia alguém aproximar-se de mim, vindo de trás, mas não quis saber quem era por isso fiquei quieta enquanto soluçava.

Mirai Nikki - Novo Jogo [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora