Me chame de molenga se quiser...

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Eu havia dito "algumas horas"? Bem para o meu desespero não durou tanto tempo assim como havia pensado. Demorou apenas dez minutos para sentir meu calcanhar doendo e meu dedinho do pé esquerdo pedindo clemência. Carolina andava despreocupada e falando coisas que agora eu não ouvia muito bem, por estar pensando na dor que estava sentindo. Apenas sorria quando ela olhava para mim. De certeza voltaria mancando para casa ou pior descalço. Nunca mas voltarei a calçar esses malditos tênis. Nem por mais bonitos que sejam.

-Desse jeito não chegaremos nunca. Vamos mais rápido Murilo. -Disse andando um pouco mais a minha frente.

É sério mesmo isso que acabei de ouvir? Só pode ser brincadeira. Eu estou ferrado. Não! Eu sou um ferrado.

-Carolina eu não posso ir mais rápido que isso. -Parei e coloquei as mãos nos joelhos, fiquei olhando para os meus pés. Estavam ardendo, doendo. Deve ter estourado as bolhas que se formaram.

Seu mole! Meu cociente deveria tirar umas longas férias. -solto um suspiro pesado. Não queria dar uma de mole na frente dela. Mas já me sentia no meu limite. Não suporto sentir dor. Sou medroso. Sou um fraco. Já não suportava dar mais nem um passo. Foi então que Carolina se aproximou de mim trazendo consigo um semblante sério e pertubador.

-Algo errado?

Tudo errado. Tudo.

-Sim. Meus pés estão me matando. -Me levanto para olhar para Carolina sem saber onde enfiar a cara de tanta vergonha que eu estava sentindo naquele momento.

-Quer se sentar? -segura minha mão e me conduz para fora da rua. Faço careta de dor a cada passo.

Acabamos nos sentando em um tronco de uma árvore que estava caído no outro lado da rua. Tirei meu estúpido tênis. Ficando apenas de meias. Era constrangedor ficar ao lado da garota que você venera usando apenas meias. Mais contrangedor ficou quando ela pediu para ver como estava. Oh céus!

-Poxa vida Murilo está muito feio. -Murmurou como se sentisse dor também. -Você deveria ter me dito logo. Jamais teríamos continuado se me dissesse que...

-Esse é o problema. Não continuaríamos. A verdade é que quero poder passar mais tempo com você. -Não sei o que deu em mim. Mas consegui proferir aquelas palavras. Ela apenas me fitava surpresa. Após alguns meros segundos ela resolveu falar alguma coisa.

-E está conseguindo. -Sorrira de orelha a orelha.

E estava mesmo. De certa forma, demoraríamos mas do que o previsto. Retribui o sorriso na mesma moeda. Ficamos ali por pelo menos uns cinco minutos calados. Carolina olhava para o horizonte. E eu a olhava para ela sempre que podia, sem que ela percebesse. Olhei para o meu relógio e marcavam quinze para as dezoito horas. Tanto tempo assim. É incrível como o tempo corre quando estamos ao lado de quem gostamos. O tempo definitivamente correu no estilo fórmula 1.

-Que pôr do sol lindo não acha? -Disse me tirando dos meus pensamentos.

-Muito. -Era uma cena muito linda mesmo. E se tornou mais especial por está com aquela linda menina. Se eu pudesse gravaria aquele momento e guardaria para assiti-lo sempre que quisesse.

Assim Como as BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora