Sentindo-me uma pilha super carregada.

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Pego-me batendo palmas em frente à casa de Carolina. Torcendo para que ela esteja em casa. Devo está perdendo o juízo mesmo. Quando foi que fiz isso?
Nunca!
É a primeira vez que tenho coragem de ir à casa de alguém sem ser convidado. Não gosto de ir onde não sou chamado. Mas eu preciso vê-la. Preciso muito. Não sei por qual razão... ou motivo. Sinto uma sensação estranha começar a crescer no meu peito. Isso me assusta.
Uma senhora de aparência séria aparece. Deve ser a mãe dela. Se for, elas não são parecidas. Ela tem o cabelo preto e liso. Pele morena e olhos escuros como a noite, me mostra um sorriso simpático ao me ver.

-Oi?

-Oi. Sou Murilo Guedes, amigo da Carolina. Ela está? -Digo todo atrapalhado para variar.

-Está sim. Entre. -A senhora destranca o cadeado do portão e me convida a entrar. -Ela está no banho agora. Mas pode sentar-se aqui, ela não vai demorar. -Me oferece uma cadeira.

-Obrigado. -sento-me na cadeira de plástico da cor vinho de uva.

-Vou avisar que você está aqui. -Sai, me deixando sozinho com o meu conciente me banindo.

Seu idiota! O que pensa que tá fazendo?

Talvez eu esteja sendo mesmo. Mas já é tarde demais para recuar.
Fico olhando a movimentação da rua. Tentando me distrair. Estou nervoso. Sempre fico nervoso quando vou encontra-la.

Que droga!  Acalme-se Murilo.

Com um passar de nove minutos, Carolina aparece radiante. Com uma saia jeans preta e uma camiseta verde escuro.

Uau!

-Murilo. -A pronúncia do meu nome fica tão bonita na sua boca.

-Oi. Carolina.

-Desculpa fazer você esperar.

-Não, quê isso, nem percebi. -minto. -...Eu que te peço desculpas por aparecer sem avisar.

Carolina pega uma outra cadeira e coloca ao meu lado. Me olhando nos olhos. Grandes olhos castanhos. Fico desconcertado com eles me encarando assim.

-Como você tá? -arqueia uma sobrancelha.

-Bem. E você?

-Bem. -sorri.

-É bom te ver sorrir Carolina. -Para a minha sorte ela rir um pouco mais.

Nossa como é bom ouvir o som da sua risada, é contagiante.

Contei a ela sobre o meu dia, e ocultei a parte da escola onde a turminha de Agnes Monteiro me atazana. Melhor não dizer. Também não sei como ela reagirá em relação à isso.

-Você já está indo pro seu curso né? -Pergunto ao ver sua mochila ao lado de sua cadeira.

-É sim. Como a escola fica afastada da cidade preciso ir mais cedo, para pegar o ônibus.

-Hum... É...eu... -Porra Murilo fala! -Eu também tenho que ir.

Digo pegando minha mochila e ficando de pé. Carolina pisca sem entender, eu acho. Deve me achar um completo mané.

-Te acompanho até a esquina. -Fica de pé também jogando a mochila nas costas, com uma alça apena no ombro nu. -Vamos.

Assim andamos juntos até perto do ponto de ônibus. De longe percebo Carolina dar um abraço e um beijo no rosto de um garoto alto com uma jaqueta preta.
Hum?
Estou com ciúmes? Estou com raiva? Triste?
Claro que estou sentindo ciúmes. Ela disse que não tem namorado. Mas e se eles ficam? Ele parece gostar dela. Parece gostar muito, droga.

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