No comando

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Sentado naquele banco velho. Outra vez me senti um homem solitário. Aquele sem nenhum amigo. Que não tem ninguém para jogar conversa fora ou conversar assuntos relativamente importantes sobre trabalho. Talvez o problema não esteja onde estou e sim como eu sou. Eu sei que mereço viver assim por não saber ser alguém de coração aberto. Meu coração permanece trancado para qualquer uma que queira entrar nele.
-Por quê eu não consigo ser feliz?
Olho para o céu como se esperasse alguma resposta do divino.

O céu permanece escuro com milhares de pontinhos brilhantes de estrelas, que estão espalhadas por todo orizonte e uma lua cheia ilumina a terra. Observando a paisagem percebo que nem meio mundo de pessoas poderia apagar essa sensação vazia do meu peito. Volto meu olhar para as árvores e para as pessoas.

-Parece que o tempo parou por aqui. -falo para mim mesmo.

Algumas estudantes passam sorrindo entre si, elas estão usando o uniforme da minha antiga escola. Dou graças a Deus por ter passado dessa fase. Odiaria ter que usar essa roupa de novo.
A praça está movimentada e com pessoas fazendo caminhada e correndo. Crianças andam de patins e bicicleta.
Levanto-me, assim como quem não quer nada, sentindo-me deslocado. Decido dar uma volta pelo local antes de voltar para casa. Mais no fundo do meu coração eu sei o quê, ou melhor quem, eu queria tanto ver por aqui. Conforme ando à passos lentos e meu coração começa a acelerar sem motivo algum previsto. Olho para a casa dela mais a diante do outro lado da rua. As luzes estão acesas.
Isso é loucura Murilo!
Vamos sair daqui.
Avisa meu subconciente em estado de pânico.
Giro os calcanhares dando meia volta para voltar para o meu carro quando uma menina me chama atenção.

-Moço, moço... Pode me ajudar a colocar a corrente? -ela diz com a bicicleta rosa na sua frente.

Ela deve ter em media uns 8 à 10 anos de idade eu acho. Seus olhos castanhos chocolate me dão uma sensação de já ter os visto antes. A encaro por um instante com os olhos semicerrados.

-Deixa-me ver isso. -abaixo-me. -Sua corrente está bem folgada. -digo colocando a corrente de volta ao seu lugar.

-Poiser eu sei. -diz abaixando a cabeça.

-Fala para o seu pai apertar, se não vai cair sempre. -sugiro.

-Eu não tenho pai. -ela me diz séria.

Fico sem jeito. Será que morreu? Ah que estúpido que eu sou.

-Bem, eu poderia apertar. Na sua casa tem alguma chave que eu possa usar?

Ela me olha sem dizer nada.

-Você mora longe? -pergunto.

-Não. Moro logo ali. -ela aponta para... Não. Para a casa dela. Aquela casa. Não pode ser. Ela mora na casa da Carolina? -Mas minha mãe não iria gostar nadinha, porque você é um desconhecido. -ela toma fôlego.

-E onde está sua mãe?

-Ela saiu. Estou com minha tia.

-Como sua mãe se chama? -inclino a cabeça.

-Bem... Obrigado moço. Já vou pra casa. Se me pegarem conversando com estranhos vão me dar uma bronca. -seus lábios formam uma linha reta.

-É você está certa...qual é o seu nome mesmo?

-Viviane.

-Certo Viviane. Boa sorte com a bicicleta. Talvez outro dia eu traga uma chave e aperte sua corrente. O que acha?

-Sério? -arregala os olhos.

-Sim. -sorrio. -Eu também tenho uma bicicleta sabia?

-Pode ser amanhã?

Assim Como as BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora