Notícias atrasadas

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Posso afirmar com todas as letras possíveis do dicionário Aurélio que eu não compreendia nada do que meu pai me dizia naquele momento. O tempo e o espaço giraram 360 Graus comigo junto.
Como assim uma garota procurou por mim ontem à noite? E ainda por cima aqui em casa.
Será que meu pai bebeu um pouco à mais ontem anoite?
Bem...Ele não é disso. Então está suposição está fora de questão.

Quanto mais o meu pai falava, mais aumentavam as minhas suspeitas.
Seria possível mesmo? Carolina viera aqui me ver?
Quem mais além dela poderia vir?
Ninguém...
Tem que ser ela.
Mas por qual motivo?
E a rosa?
Carolina foi à festa da escola mesmo como eu pensei? Pior... Será que me viu com a Vanessa?
Meu Deus!
Se foi isso deve ter pensado errado de Vanessa e de mim.
Estou com tantas perguntas sem respostas.
Quem mas me procuraria aqui? Ninguém mesmo seu idiota! Diz o meu conciente em alerta vermelho.

Carolina...
Preciso saber o por quê.
Por quê me procurou...
Tenho que saber.

-Pai eu preciso sair. Não demoro. Só alguns minutos prometo.

-Onde você vai assim com tanta pressa?

-Preciso saber o que Carolina queria comigo ontem.

Ele me olha parecendo surpreso e logo após com um meio sorriso no rosto, o que me fez ficar envergonhado e querer sair dali sem mais nenhum questionamento, o quanto antes. E, é isso mesmo que eu faço indo para o meu quarto.
Chegando lá pego a primeira jaqueta de dentro da minha mala. Uma de algodão e partes de couro sintético da cor vermelha. Que não costumo usar com frequência. Mas estou sem tempo para ficar escolhendo roupa.
Em cima da comoda pego o celular que está junto a minha carteira que não tem mais do que Vinte reais apenas. Coloco tudo no bolso traseiro da calça jeans, calço meu all star preto e saio do quarto.
Encontro meu pai novamente e ele me olha de cima a baixo. Ele parece estranhar meu comportamento repentino.

-Precisa mesmo sair? Não assuste a garota com essa cara machucada. -comenta franzindo o cenho.

-Preciso sim. -respondo com a voz calma.

PRECISO MUITO! ORA PAI DEIXE DE PERGUNTAS E ME DEIXE SAIR LOGO DE UMA VEZ. Penso impaciente.

-Talvez ela só quisesse despedir-se de você. -diz meu pai passando fita adesiva em uma das caixas de papelão.

-Mais ela não sabia que nós viajaríamos hoje pai. -explico.

-É verdade. Percebi a cara dela de surpresa quando eu disse. Tá bom. Mas sem demoras Murilo. Nosso vôo saí as 18:00 horas. E precisamos deixar tudo em ordem por aqui.

-É isso mesmo que eu vou fazer pai. Deixar tudo em ordem. -saio de casa deixando o meu pai com a pulga atrás da orelha obviamente.

Pego a minha bicicleta da garagem e pedalo o mais depressa possível. Estou começando a ficar ofegante. E com uma agonia constante super presente que me deixa desconfortável. Não tenho tempo nem de ficar nervoso agora. Vou deixar isso para quando finalmente chegar na casa dela.

Droga! Por quê meu pai não disse sobre Carolina antes poxa. Se tivesse me dito talvez eu não estivesse tão desesperado como estou agora.

Drobrando a esquina, estou à um quarteirão da casa dela. Começo a avistar a praça. "Nossa praça". Cá estou sonhando outra vez.

Paro a bicicleta em frente a casa dela com uma só freiada. Meu coração acelerado e a respiração ofegante e os pensamentos à mil por hora. O vento sopra poeira da rua sobre mim. Me fazendo tossir um pouco. Protejo meus olhos com o antebraço. Com o vento cessando encosto a bike de qualquer jeito no muro.
Bato palmas três vezes. E nada. E mais quatro vezes olhando para dentro do terreno.
Será que não tem ninguém?
Começo a ficar apreensivo. Olho para os lados e ninguém.
Até que percebo a porta da frente se abrindo. Prendo a respiração esperando que aquela pessoa que está prestes a sair por aquela porta seja ela.
Que seja Carolina. Que seja. Torço.

Assim Como as BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora