Nada melhor do que um dia após o outro.

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No dia seguinte, fui para a escola.
E ao sair, quem estava na porta da escola? Yeeeeah ... A minha mãe hahaha
-Filha, tenho uma novidade.
Disse a minha mãe empolgada.
-O que é mãe, me conta.
-Recebi uma proposta de emprego!
-Que maravilha mãe.

A minha mãe trabalha com tudo, tipo, tudo mesmo!
Ela já foi enfermeira, já trabalhou com festas e eventos, e até então, estava por aí, sem fazer nada.

-Mas tem um problema.
Prosseguiu minha mãe.
-A proposta de emprego é para longe.
-Longe onde?
-É em Portugal!
-Mas eai mãe? Vai me deixar aqui?
-São só por seis meses filha, e se eu me der bem por lá, eu volto para buscar vocês.

E então eu concordei e nos abraçamos.

-Você vai para casa agora?
Perguntou minha mãe.
-Acho que não, os meninos estão pensando em jogar vídeo game, vou na casa do Matheus.
-Tudo bem então, não deixa para vir tarde ein.
Me despedi dela e fui até os meninos, que me esperavam.

-Vamos então?
Eu disse.
-Espera só um pouco que o Lucas está vindo, ele vai com a gente.
Disse Nicollas.

Então nós esperamos ele, e quando enfim ele chegou, nós fomos.

Na casa do Matheus.

-Maitê só morre, quase não gasta bala.
Disse Matheus.
-Eu não tenho culpa se eu não tenho mira poxa!
-O problema não é a mira, é que você está apertando muitos botões, não fica nervosa demais.
Disse Lucas, e riu.
-Deixa eu te ajudar.
Ele pegou em minhas mãos e me ajudou a atirar. Me abraçando por trás de meus ombros e me deixando arrepiada pelo suspiro na nuca.

Empolgada, eu disse para Matheus;
-CONSEGUI, MATEI VOCÊ SEU TROUXA!
-Conseguiu né?
Disse Lucas em um tom irônico.
-Nós conseguimos.
Eu prossegui.
-Na verdade, você conseguiu.
E eu ri.
-Nós conseguimos.
E Lucas piscou para mim.

É incrível como tudo parece ser renovado, a dor parece ter passado, e alguém parece ter ocupado o lugar do Lucas.
Eu estou tentando ir ao encontro de um novo amor, não é por questão de orgulho, mas de fome!
Tantas decepções eu já vivi, mas a mais marcante foi ele, por que? Porque eu dei lugar.
Eu dei lugar para ele ficar e tentar me amar.
O difícil, é dizer pra mim mesma que eu vacilei por não ter dito o mesmo que eu o amava.
Por ter mentindo durante o pouco tempo em que eu o via.
E agora, eu quero muito reconstruir uma vida, mas ele não sai da minha cabeça.
Vive me dando força aqui dentro do coração, parece dizendo "Me escuta, eu continuo aqui dentro" e então eu volto para o meu lugar, fecho os olhos e vejo tudo novamente, o seu rosto, o seu sorriso, a sua fala, a sua última palavra.
E eu rapidamente seco os olhos antes que caia lágrimas, pois mesmo sabendo que eu preciso chorar, eu sei que preciso ser forte. Aguentar.
Me ajuda Lucas, eu deixo ou não deixo eu mesma ser feliz com outra pessoa que não foi você?

-Ah, tenho uma notícia para contar para você.
Eu disse.
-Minha mãe vai para Portugal, conseguiu uma proposta de emprego.
-Ai que legal!
Disse Nicollas e Matheus.
-Mas o ruim é ...
Prossegui.
-Que se ela se der bem, que eu quero que ela se der bem. Ela volta para nos buscar!
-Não me diga que você vai embora.
-Sim.
-Assim, pra sempre?
Perguntou Nicollas.
-Sim. - respondi.
-Ah ... Legal!
Afirmou Matheus, com os olhos olhando para baixo.
-Ah meninos, não fiquem triste, vocês vão para lá na férias, e eu também posso vir para cá.
-Mas não é a mesma coisa Maitê!
Disse Matheus.
-Nós estamos acostumados com você aqui. Todos os dias. Falando sobre a sua vida e suas historinhas. Na escola. Em quase todo lugar.
E do nada você nos diz que vai embora?
-Pelo menos eu estou avisando que estou indo.
Olhei para os dois, com o semblante triste.
-O que você quer dizer com isso?
Perguntou Nicollas.
-Nada! Vamos parar de depressão? Vamos ou não jogar?
Mudei de assunto.
-Vamos, vamos!
Afirmou eles.

E o Lucas quieto em seu lugar, parecia sentir o que eu sentia. Dava para perceber em seus olhos a ternura, uns olhos que parecem não mentir, pelo contrário, pareciam fazer você falar a verdade.
E ele me encarou enquanto eu pensava em como eu quase contei tudo, após abafar durante esse tempo todo, o Lucas guardado só em mim.
E então ele me cutucou e sussurrou;

-Quer conversar?
Parecia ele já saber tudo.
-Por que? - eu respondi.
-Porque eu acho que está descendo uma lagrimazinha aí no seu rosto.
Eu passei a mão no rosto rapidamente antes que alguém percebesse (além dele).
E abaixei a cabeça.

-Vamos lá fora.
E ele me puxou pela mão.

Chegando lá fora, sentamos em uns bancos que Matheus mantinha no gramado e ele olhou fixamente em meus olhos como se estivesse esperando eu desabafar, soltar tudo, até não sobrar nada.

-O que foi? - murmurei.
-Me diga, o que sentes?
Perguntou ele.
-Eu não sinto nada - e sorri.
Ele levantou, pegou pela minha mão, apontou para o céu e disse;
-Tá vendo o céu?
Respondi que sim, e então ele prosseguiu.
-Por que você vê o céu?
-Por que ele é grande e está em cima de mim?
-Exato!
Respondeu ele, dando um pulo.
-Ele é grande e está em cima de você. Como a sua dor ou o sentimento que você guarda, ele é grande e já está por cima de você, quase que toma conta do teu sorriso.

E então eu abracei ele, sem pensar uma ou duas vezes, eu simplesmente abracei-o.
E ele me abraçou tão forte, como se estivesse dizendo, "eu sei querida, eu sei", como se sentisse a minha dor.

ODEIO ESSE TAL AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora