Acordo com o som do despertador, e apenas ele. Nenhum outro barulho, nenhuma criança correndo pela casa, ninguém batendo na porta do banheiro, nada. Presumo que eles já foram viajar, apesar de ainda ser bem cedo.
Mas ainda não estou sozinha. Derek também está em casa, e, depois do acontecimento de ontem à noite, eu não estou nem um pouco disposta à esbarrar com ele.
Espio o corredor para ver se ele já está acordado, mas tudo indica que não.
Vou até o banheiro e faço tudo o que preciso: tomo banho, escovo os dentes, troco de roupas e dou um jeito no cabelo.
Mesmo depois de terminar, não vejo Derek. Vou até seu quarto, mas está vazio. Ele provavelmente está me evitando. Não que eu me importe. Pego as chaves e vou para o carro.
O caminho até a escola não é tão longo, mas Rose me pediu carona, então sou obrigada a passar por mais dois quarteirões.
Quando chego em sua casa, ela já está me esperando na entrada.
- Até que enfim. - ela diz, assim que entra no carro. - Aposto que veio a 20 km/h. Vamos logo.
- Tá muito mal agradecida, viu? - falo, fingindo estar magoada. - Da próxima você vai a pé.
Ela ri.
- Olha que eu chego antes de você. - Rose brinca, ligando o rádio e aumentando o volume.
Acelero o carro em direção à escola e nós duas vamos cantando durante o caminho. Abro as janelas, e o vento bagunça meus cabelos, me fazendo lembrar da sensação de estar na moto do Derek, com o coração na boca. Não acho que isso vá acontecer de novo, não com ele.
- Tá pensando no que, amiga? - Rose me pergunta, interrompendo meus pensamentos. - Ficou estranha de repente.
Nem percebi que tinha parado de cantar.
- Preciso te contar algo. - digo, enquanto entramos no estacionamento da escola.
- Já até sei. Derek arrumou briga de novo. - ela tenta adivinhar.
Acho graça. Estaciono o carro na vaga mais próxima e continuo:
- Não. Quer dizer, mais ou menos.
- Sabia. - ela diz, balançando a cabeça. - Fica longe dele, eu já te avisei que ele é problema...
- Me escuta. - digo, interrompendo Rose. - A gente... - não sei como dizer, parece tão errado. - Ele me beijou.
- O quê?! Cecília Hale, é melhor você não estar brincando comigo! - ela começa a gritar histericamente. - Você beijou seu irmão-postiço?! Sua safada!
- Rose! Fala baixo! - digo, me certificando de que ninguém ouviu pela janela do carro. - Eu não sei o que deu nele, uma hora a gente estava discutindo e na outra ele estava com a mão na minha boca e eu não sabia o que fazer.
Rose fica perplexa, com as mãos tampando a boca, como se ela estivesse prestes a gritar.
- Quando eu vi a briga na festa, eu soube. - ela diz. - O jeito como ele olha para você... Não tem nada de irmão naquilo.
- Mas tem que ter. É isso que nós somos. Irmãos! - digo, com mil coisas passando pela minha cabeça.
- Postiços, amiga. É diferente. - ela completa.
- Foi o que ele disse. - me lembro da discussão e das coisas que ele me falou. - Não importa. Nós vamos fingir que nada aconteceu. - termino, me retirando do carro.
Rose sai logo depois de mim e acelera o passo para me acompanhar.
- Vocês vão fingir que não sentem nada um pelo outro também?
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Bela Queda
Fiksi RemajaFora o divórcio de seus pais, Cecília nunca teve motivos para reclamar de sua vida. Até que sua mãe decide se casar novamente e todos os detalhes perfeitos da vida de Ceci parecem afundar em um oceano, cuja profundidade não tem fim. Uma casa superl...