Capítulo 13

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Abro meus olhos com dificuldade. Há muita claridade no local. Estou deitada em uma cama e cercada por paredes brancas.

- Ela tá acordando. - ouço a voz de Violet.

- Graças a Deus! - minha mãe diz, aproximando-se e beijando minha testa. - Você vai ficar bem, meu amor.

O que elas estão fazendo aqui? Pensei que estavam em Nova York. Estou confusa.

- O que houve? - pergunto com dificuldade. Me sinto fraca, mal consigo falar.

- Você sofreu um acidente de carro, filha. - minha mãe responde, acariciando meus cabelos.

Imediatamente, lembro-me do sinal vermelho e depois dos dois faróis que vinham em minha direção. Também me lembro do que aconteceu antes do acidente e um sentimento de raiva surge dentro de mim.

Olho para o ambiente ao meu redor. Estão todos aqui, menos Derek. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, ele nem se deu ao trabalho de me visitar. A raiva aumenta cada vez mais.

Há um monte de balões desejando melhoras ao lado de minha cama e um tubo de sangue está conectado à minha veia.

Tento me levantar mas estou fraca e minha cabeça dói.

- Nem pense em levantar. - alguém diz, perto de mim. É uma enfermeira que eu nem percebi que estava no quarto. - Você perdeu muito sangue e precisa descansar.

Obedeço à enfermeira e volto à encostar minha cabeça no travesseiro do hospital.

- Que dia é hoje? - pergunto, atordoada.

- Quarta-feira. - Jon me responde. - Nós viemos de Nova York ontem, assim que recebemos a notícia.

- Mais alguém se machucou? - volto a questioná-los, preocupada. - Tinha outro carro no acidente. Eu lembro.

- Tinha sim, filha, mas não aconteceu nada de grave com eles. Fica calma. - minha mãe tenta me tranquilizar.

- Mãe... - uma lágrima escorre do meu olho. - Eu sinto muito, eu não queria...

- Shh... Eu sei, meu bem, eu sei. - ela fala, acariciando minha mão.

A enfermeira nos interrompe, dizendo que eu preciso descansar e pedindo que todos se retirem.

- Tchau, Ceci. - Olivia diz, beijando minha bochecha. - Ah, eu trouxe isso para você. - ela me entrega um ursinho de pelúcia pequeno. - É para você não ficar triste.

Não consigo conter um sorriso meio emocionado.

- Obrigada, Oli.

Eles se despedem e saem do quarto, mas minha mãe fica. Estamos sozinhas com a enfermeira.

- Posso falar com ela a sós, só por um momento? - minha mãe pergunta, educadamente.

- É claro. Qualquer coisa, você aperta esse botão aqui, - ela diz, se dirigindo a mim e apontando para uma caixinha ao lado da cama. - E eu venho te atender, tudo bem?

- Pode deixar. - digo e ela sai do quarto.

Minha mãe me observa de forma estranha. Sua expressão é de alívio.

- O que foi? - pergunto.

- Nada, só estou feliz por você estar bem. - ela faz uma pausa e senta ao meu lado na cama. - Mas o que eu quero falar não tem a ver com você, eu acho.

- Pode falar, mãe. - estou atenta.

- Ninguém viu o Derek desde o seu acidente. - ela fala, com uma expressão preocupada. - De acordo com o pessoal do hospital, ele veio com você na ambulância até chegar aqui. Depois ninguém mais teve sinal dele.

Derek estava na ambulância comigo? Eu tento mas não consigo me lembrar de nada. Provavelmente estava inconsciente. Mas por que ele sumiria, assim?

- Por que ele faria isso? - pergunto, confusa.

- Eu nunca te contei isso, mas a mãe deles morreu em um acidente de carro logo depois de uma briga com Derek. - ela diz, triste. - Jon me disse que ele se culpa até hoje.

Meu Deus. Eu não fazia ideia.

Uma tristeza profunda toma conta de meu corpo. Ele deve estar se culpando pelo acidente, de novo.

- Ele teve alguma coisa a ver com o que aconteceu, Ceci? - minha mãe pergunta de repente.

Ah, meu Deus. Por que ela perguntaria isso? Ela sabe? Não, é impossível.

- O quê? - me faço de desentendida.

- Vocês brigaram? Tem que haver um motivo para ele sentir a necessidade de se desligar do mundo. - ela diz, inquieta.

- Não, a gente não brigou. - minto. - Eu não sei o que aconteceu com ele.

Ela respira fundo, insatisfeita.

- Tudo bem. Só queria ter certeza. - ela diz, se levantando da cama e ajeitando a roupa amassada. - Vê se dorme um pouco.

Ela me beija na testa e me deixa sozinha.

Um milhão de perguntas começam a passar pela minha cabeça. Onde Derek está? Ele está bem? Como ele foi parar na ambulância do hospital? Por que eu nunca soube sobre a mãe dele?

Argh. Minha mente vai explodir. Fecho meus olhos e deixo que o sono limpe essas perguntas. Eu só queria que ele pudesse respondê-las também.

•••

Acordo com um barulho na maçaneta da porta. As luzes do quarto estão apagadas e eu não consigo ver quase nada.

Continuo quieta e finjo estar dormindo. Alguém se aproxima da minha cama e acaricia minha bochecha e cabelos. É um toque familiar.

- Meu Deus, Ceci... - é a voz de Derek, acompanhada de um cheiro de álcool. - Como você consegue ser tão linda? - ele diz, passando seus dedos pelos meus lábios.

Na mesma hora, sinto minha pele esquentar e uma fincada no estômago. Minha respiração está ofegante.

Derek não percebe que estou acordada e deita ao meu lado, passando um de seus braços pela minha cintura. Posso senti-lo beijar o topo de minha cabeça.

Ficamos abraçados na cama do hospital por um tempo. Ele acaricia meus cabelos com sua mão livre, enquanto a outra toca minha barriga. Nossa respiração começa a entrar em um ritmo constante e a última coisa de que me lembro é de sua voz distante:

- Sinto muito. - o sussurro invade meus ouvidos ao tempo em que pego no sono.

Quando acordo no outro dia de manhã, Derek não está mais deitado ao meu lado. Ao invés disso, ele dorme na poltrona do hospital de forma desajeitada. Não acredito que ele passou a noite aqui.

Observo sua expressão pacífica enquanto está adormecido, mas ele logo acorda, atordoado. Pelo visto, o efeito do álcool passou. Ele se levanta rapidamente e começa a colocar seu casaco, sem perceber que também estou acordada. Quando Derek, finalmente, bate os olhos em mim, ele fica sem reação.

- Oi - é tudo o que ele consegue dizer.

Nos encaramos por um tempo e ele engole em seco.

- Por que você veio? - pergunto.

- Queria saber como você estava. - ele diz, desviando o olhar.

- Você considerou vir de dia? Sóbrio de preferência. - digo, já irritada. - Ou você achou que ia deitar na minha cama e eu não ia perceber?

Ele não me responde, confirmando minha pergunta.

- Esse era seu plano, né? Aparecer aqui de noite e depois ir embora sem que eu soubesse. - falo, brava. - Você tem ideia do quanto o seu pai tá preocupado com você? Do quanto eu estava preocupada com você?

Ele fica em silêncio, como se não soubesse o que fazer.

- Fala alguma coisa! - grito, impaciente e alterada.

- Preciso ir - ele diz assustado com minha reação. Antes que eu possa dizer qualquer outra coisa, ele sai do quarto.

Bela QuedaOnde histórias criam vida. Descubra agora