Capítulo 14

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Sou recebida em casa com uma espécie de festa. Há balões de boas-vindas por toda parte e Violet segura um bolo. Depois de uma semana internada no hospital, finalmente fui liberada.

Rose também está aqui, ela vem em minha direção e me abraça, assim que atravesso a porta de entrada com minha mãe e Jonathan.

- Senti sua falta! - ela diz enquanto me aperta.

- Eu também senti a sua.

Violet e Olivia me abraçam em seguida, e até Edward vem me cumprimentar.

- Achou que ia ficar livre de mim, pirralho? - brinco.

- Que bom que voltou. - ele diz, me surpreendendo com um abraço que retribuo.

Derek também está aqui, mas ao contrário dos outros, ele não se aproxima. Ele observa tudo sem dizer uma palavra.

- Então, nós vamos comer esse bolo ou não? - pergunto animada, com Olivia em meu colo.

- Vamos! - ela grita alegre.

Todos se dirigem à mesa e os primeiros pedaços do bolo desaparecem em segundos. Violet e Edward me contam as novidades e Olivia me mostra os desenhos que fez enquanto eu estava fora.

O tempo passa rápido em meio à conversas e piadas, e quando percebo já está na hora de Rose ir embora. Eu a acompanho até seu carro.

- Pronta para voltar à rotina? - ela me pergunta.

- Nem um pouco.

- É melhor já ir se preparando porque a gente tem muito papo para botar em dia - ela fala, enquanto entra em seu carro e se despede.

Retribuo o aceno e ela acelera, sumindo de minha vista em poucos segundos.

Quando volto para dentro, já está tudo mais calmo. Violet e Edward assistem televisão e Olivia está adormecida no sofá. Minha mãe recolhe os pratos sujos de bolo e eu a ajudo.

- Como se sente? - ela pergunta, caminhando até a cozinha.

Eu a acompanho.

- Estou bem. - digo, colocando os pratos na pia. - Um pouco cansada.

- Vá dormir, eu termino aqui.

Ela beija minha testa e eu vou até meu quarto.

Quando chego, começo a trocar de roupa. Tiro minha blusa e observo, pelo espelho, um hematoma em minha costela, devido ao acidente.

Aperto levemente a área machucada e sinto uma dor profunda. Por pouco não quebrei nenhum osso.

Tiro meu sutiã devagar e procuro por meu pijama, quando alguém abre a porta, me assustando. Cubro meus seios com as mãos por instinto e, assim que Derek vê, ele fecha a porta rapidamente.

Coloco a blusa de meu pijama imediatamente.

- Pode entrar, agora. - digo, envergonhada.

- Desculpa. - ele fala, sem graça, entrando no quarto e fechando a porta em seguida.

Ficamos nos encarando por alguns segundos.

- Então... - começo, esperando que ele diga algo. - Você quer falar alguma coisa?

- Não sei.

Ele percebe minha confusão e volta a falar:

- Quer dizer, eu quero, mas não sei como.

- Derek, se for sobre o acidente... Não precisa se desculpar, não é culpa sua. - digo, sentando em minha cama.

Ele vem até mim e senta ao meu lado.

- Mas se eu não tivesse trazido aquela garota para cá, você nunca teria saído daqui daquele jeito. - ele abaixa sua cabeça e fica concentrado em seus pés descalços.

- Esquece isso, tá bem? Eu é que fui errada por dirigir e não prestar atenção. - digo, fazendo-o olhar para mim. - E daí se você trouxe alguém para cá? A casa também é sua e você pode sair com quem você quiser.

Ele me olha confuso.

- Mas, Cecília, eu achei que você tivesse ficado magoada...

- Por que eu ficaria? - pergunto, fingindo não me importar.

- Talvez por que a gente se beijou no dia anterior?

- Fala baixo! - grito, me levantando da cama e me certificando de que não há ninguém no corredor. Quando fecho a porta novamente, Derek está atrás de mim e me encurrala contra a porta, passando a chave na fechadura. - Tá fazendo o quê, garoto? - pergunto, assustada.

- Se você não ficou magoada, então por que estava chorando? - nossos rostos estão próximos um do outro e o cheiro de uísque que sai da boca de Derek é inegável.

- Você bebeu de novo? - pergunto, sem acreditar, me desvencilhando de seus braços. - Dá para ficar um dia sóbrio ou é impossível?!

Ele balança a cabeça e bagunça os cabelos com as mãos.

- Você nem lembra o que aconteceu aquele dia, Derek - continuo. - Você estava bêbado, como sempre.

- Eu lembro muito bem, Cecília - ele diz, me puxando de volta pela cintura e aproximando sua boca de meu ouvido. - Eu lembro que eu trouxe aquela garota até meu quarto, eu lembro como você saiu correndo de dentro de casa, eu lembro como você acertou um tapa bem no meu rosto... - ele leva minha mão direita até seu rosto quente. - Eu lembro das lágrimas escorrendo de seus olhos e o quanto eu queria poder enxugá-las.

Ele beija meu rosto, bem abaixo dos olhos, por onde as lágrimas escorreram.

- Derek... - digo, com um suspiro. - Você tem que sair daqui...

Ele não me dá ouvidos. Sou empurrada contra a porta novamente e ele segura minhas mãos nas minhas costas, me deixando sem saída. O calor que invade meu corpo só aumenta e sinto uma fincada no estômago.

- Você quer saber porquê eu trouxe ela aqui para casa? - ele pergunta, me encarando com um olhar indecifrável.

Não respondo, estou nervosa demais para dizer qualquer coisa. Então, ele continua:

- Foi porque eu queria tirar você da minha cabeça. - agora ele passa seus dedos pelos meus cabelos e lábios. Minha respiração não para de aumentar. - Eu não consigo mais parar de pensar em você, Cecília...

Quando estou quase pedindo para que ele me beije, ele faz justamente o contrário, ele solta meus braços e me dá as costas.

- Mas eu não posso pensar em você, Ceci... - ele diz, agora sem olhar para mim. - Eu não posso desejar minha irmã-postiça.

- Derek...

Me aproximo dele e toco seu braço, fazendo-o se virar. Levo minhas mãos até seus cabelos loiros e posso ouvir sua respiração acelerada. Mas antes que eu possa me aproximar mais, alguém tenta abrir a porta, me fazendo recuar.

- Cecília? Tá aí? - Violet pergunta do outro lado.

Derek fica sem jeito e se retira do quarto rapidamente, destrancando a porta e quase atropelando Violet. Ela me encara, confusa.

- O que foi isso?

Me jogo na cama e tampo a cabeça com o travesseiro.

- Não faço a menor ideia.

Bela QuedaOnde histórias criam vida. Descubra agora