West

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O trabalho me deixou tão exausto que nem jantei, tomei um banho e caí direto na cama. O que foi bom, pois não estava nem um pouco a fim de escutar meu pai com o mesmo discurso de sempre.
Acordei as cinco e meia para tomar café, minha barriga roncava tanto que não consegui permanecer deitado. Tomei um banho e desci. Eu estava sentindo algo diferente além de fome no meu estômago, algo que eu não conseguia identificar. Foi aí que me lembrei que tenho que fiquei de dar carona a filha do Rob. Céus, eu havia me esquecido completamente disso. Enquanto eu comia um sandwich o Worth desceu passando as mãos em seus cabelos que para mim estava demasiadamente grande. Ele se sentou a minha frente e ficou encarando o nada, ele sempre faz isso por pelo menos dez minutos todos os dias. Eu não entendo é como se fosse um ritual pós acordar. Meu irmãozinho é cheio de manias por exemplo ele não toma banho no dia que antecede um jogo e usa a mesma meia sem lavar para fazer todas as provas. É nojento eu sei, mas segundo ele dá sorte.
-Por que acordou tão cedo? - ele ainda olhava para o nada. Sério ás vezes ele me assusta com essas manias.

-Fiquei com fome e... o Rob pediu para eu dar carona a filha dele para escola então... - sabia que isso acordaria ele do transe.

-Espera, o Rob tem uma filha? E ele vai deixar ela perto de você?

-Pelo que parece sim, se chama Charlie eu acho. E apenas para registro ele confia em mim. Disse que não conhece ninguém melhor que eu para ser amigo dela.

Quando terminei de falar meu irmão Gêmeo, minha outra metade, simplesmente cuspiu todo o café que estava em sua boca na tentativa de conter o riso.
Ás vezes é frustrante o quanto sou subestimado. Eu não sou o tipo romântico Don Juan. Eu sou um galinha assumido, mas isso não quer dizer que eu vou dar em cima da filha da Rob. Na verdade isso seria um problema gigantesco para mim. Eu gosto de trabalhar com o Rob e não quero estragar isso. Sem contar que eu não faço nada que as garotas não queiram afinal elas me procuram e se jogam em cima de mim. Eu apenas aproveito.

-Eu não vou ferrar com a filha do Rob. Ela só precisa conhecer alguém na primeira semana. Depois ela se vira. Ela é uma garota da cidade grande não é? Deve saber ser bem autossuficiente - e eu realmente esperava que sim. Não vou ficar sendo babá de uma patricinha. Geralmente essas meninas chegam aqui imaginando que andamos por ai atolados em bosta de cavalos. Isso me irrita na verdade porque nós somos tão evoluídos quanto qualquer um deles. Alguns de nós moram em fazendas mas a maioria dos meus amigos moram em apartamentos ou casas na cidade. E eu agradeço por não ser um deles. Eu tive muitas aventuras com meu irmão e amigos aqui nessa fazenda. Coisa que não teria vivido e aprendido em um apartamento. Mas estereótipo não é algo que me agrada.

-Você nem viu a garota ainda irmão, se precipite. Vai que ela é algo para se olhar. Não acho que você seja capaz de manter suas mãos para si.

-Algo para se olhar irmão não para tocar. Vou colocá-la entre as que estão fora doa limites como a Canrim.

Canrim é irmã de um dos meus melhores amigos o Sam.
Sam, Nash e Trent são meus melhores amigos e do Worth. Nos conhecemos desde o jardim e estamos juntos desde então. E para que a amizade não fosse amaldiçoada pela puberdade nós colocamos um limite onde as irmãs e primas que são como irmãs estão fora dos limites. Pena que a Canrim não entende isso. Eu já avisei ao Sam que ela pega no meu pé - e na semana passada ela pegou não só no meu pé como também no meu amiguinho. Praguejando eu tive que respirar fundo e pensar na dentadura da tia Berty para não ter uma ereção pulsando nas mãos da irmãzinha do meu amigo. Tia Berty sempre me ajuda nessas situações.

-Avise a Canrim desse limite porque a garota parece não saber. Ela se joga em cima de você como se você fosse uma porra de cama macia. Aquela garota é uma vadia irritante.

Meu irmão comia dois pães e um copo de café que mais parecia um bule. Certo que os treinos do futebol acabavam com a gente e na maioria das vezes estamos famintos mas ele parece mais ter uma solitária vagando pelo seu corpo.

- Eu já falei irmãozinho e o Sam está ciente disto. A garota segurou meu pau como se fosse o mastro da bandeira e se não fosse a tia Berty eu estaria morto agora.

Ele riu, não, ele gargalhou da minha desgraça. Worth está com a Savanna a dois anos e já pensa até em se casar com ela depois da faculdade. Eu acho que é muito cedo para amor eterno, mas este namoro o ajuda a evitar muita dor de cabeça.

-Tia Berty sempre ajudando seus amados sobrinhos - falou sorrindo e tive que rir também.

-Deixa eu ir ou o Rob vai achar que eu esqueci. Te vejo na escola.

Lavei meu prato e segui para o meu caminhão. Eu estava ouvindo Johnny Cash enquanto dirigia para o Rancho do Rob e estava me sentindo estranhamente nervoso. Não sei por que mas estava.
Estacionei meu caminhão e segui para a varanda onde Rob estava parado com o uma xícara de café na mão.

- Dia Rob - cumprimentei assim que cheguei

- Dia West, Charllie foi buscar as coisas dela e já está descendo.

- Tudo bem, nós temos tempo - Rob desceu os degraus da varanda e fomos caminhando até meu caminhão

- Sabe West a Charllie não tem estado bem nos últimos dias. Eu sei que ser novo na escola onde todos já se conhece exerce muita pressão em uma pessoa. E ela já está sedo pressionada de mais. Eu fico mais tranquilo por saber que você estará lá com ela, mas ela não vai deixar que você a ajude. Na verdade assim que ela se acostumar com tudo ela vai querer ir de ônibus. O que eu estou tentando dizer é que não se sinta ofendido se ela não falar muito ou ficar afastada. Ela só precisa de tempo para se adaptar - a tristeza que vi em seus olhos não estava ali ontem quando ele saiu para buscar a filha. Essa garota deve ser o demônio em forma de gente.
Tive que retirar esse pensamento assim que avistei um anjo sair pela porta da frente da casa do Rob. Essa era a filha dele?? Céus o Worth tem razão ela com certeza é algo para se olhar e mais que isso é algo para se tocar.

Seus cabelos longos desciam pelo seu ombro e se encontravam com o pequeno decote do seu top que envolvia perfeitamente seus pequenos seios. E aquele short não cobria em nada suas curvas inferno ela é quente, muito quente e toda aquela perna simplesmente é incrível. Tenho que pensar na tia Berty, tenho que pensar na tia Berty.

Ela se aproximou com sua mochila pendurada em seus ombros e parou perto do Rob.

-Querida esse é o West ele vai te dar uma carona já que vocês estão na mesma escola. West esta é a minha filha Charllie.

Olhei para ela tentando manter o foco na tia Berty mas quando seus olhos encontraram os meus eu perdi o raciocínio. Algo lá não estava certo. Havia dor e outras coisas que a tornavam indecifrável. O aperto que estava em meu estômago hoje de manha voltou com força total e eu quis entrar no meu caminhão e dirigir de volta para casa.

- Obrigado pela carona West, assim que eu me acostumar com tudo eu vou pegar o ônibus eu não quero incomodar.

Sua voz era suave e melodiosa eu queria ouvir mais e mais. Ela parecia tão frágil que tive vontade se abraçá-la e protegê-la.

Fora dos limites... fora dos limites.
Pelo visto esse será meu novo mantra.

Minha Razão é vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora