Rick

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Nos últimos dias, ajudei Lilly com o esgrima e algumas técnicas de combate. Ela tem um grande potencial, mas não acredita em sí própria.

- Hoje de noite chegaremos à Grécia - ela disse enquanto saíamos da sala de treinamento - você acha que estou... preparada?

- Você é muito rápida e controla bem os poderes, eu não sou um profissional mas eu sei que você vai se dar bem.

- Ótimo.

Fomos andando em silêncio até o lado de fora.

- E se morrermos hoje? - ela perguntou, meio distraída com os cadarços soltos de seu tênis.

- Você sabe que não vamos.

- Mas e se acontecer? Vamos deixar pendências nessa vida.

- Que tipo de pendência?

Ela ergueu os olhos, suas bochechas enrubesceram, ela se aproximou e me deu um leve beijo. Rápido e delicado. Fiquei tão surpreso que mal me mexi. Senti que por dentro eu estava pulando mas por fora ainda imóvel.

Lilly se afastou e saiu correndo.

Tentei ir atrás dela mas a garota corre muito. Muito mesmo.

Estava procurando nas cabines quando Taylor e Elizabeth passam correndo e brincando com espadas de um material negro, ferro estige.

- ei Rick! Tudo bem? - Taylor me pergunta enquanto ataca Elizabeth

- é. Tudo bem? Você tá meio vermelho - concordou Elizabeth.

- Hmm... nada - murmurei - eu tenho que ir.
***

- Cadê a Lilly? - perguntou Robb enquanto nos arrumávamos para descer.

O sol já estava se pondo, e aquela era a visão mais bonita que eu já tinha visto em toda a minha vida, mas eu estava tão tenso que mal pude admira-la, pois tinha dois problemas em mente: o resgate e Lilly.

O pessoal se preparava do lado de fora. Taylor conversava com Chloe, Elizabeth mexia no celular, Logan ajudava Maggie com a armadura, e o estranho que Robb não estava vigiando eles, ele estava comendo um sanduíche. De qualquer forma, Robb estava menos agressivo e menos vigiador desde que terminou com Maggie. Maggie e Logan agora vivem conversando e estou desconfiado que eles estão juntos. Nossa, como essas coisas são complicadas.

Lilly apareceu. Andava calmamente, por dentro de sua armadura ela usava uma camisa rosa clara de manga comprida, seus cabelos curtos estavam amarrados num rabo de cavalo.

- Até que enfim, Lilly - disse Logan - agora eu posso dar os comandos.

Nos juntamos numa mesinha perto da amurada. Lilly olhou para mim, inexpressiva.

- Debatemos sobre o plano e é o seguinte: descemos seis.

- Tá, mas quem vai e quem fica - perguntou Taylor.

- Temos certeza que todos nós, de Hades, vamos - disse Elizabeth.

- Não é bem assim - disse Logan - Precisamos de um do lado de fora, se der merda.

- Chloe também fica - Maggie falou sem tirar os olhos de uma flecha que examinava.

- Por que? - reclamou Chloe.

- Não é óbvio? - provocou Maggie - o mais fraco fica fora.

Chloe se levantou com raiva.

- Precisamos de Chloe - interrompeu Logan - ela é a única paramédica que temos.

Chloe aceitou bufando. Taylor logo se ofereceu para ficar do lado de fora com Chloe.

Antes de sairmos, Logan distribuiu um bolinho para cada um de nós

- pra quê isso? - resmungou Robb

- esses bolinhos são para ninguém morrer envenenado quando chegarmos na csa de Hades

- por quê? - indagou Elizabeth

- é um tipo de teste ou sistema de segurança. Lá terá vinho para bebermos mas está envenenado e apenas quem o tomar pode passar.

- irmão, se tomarmos veneno, morreremos! - disse Lilly acentuando a última palavra

- é aí que os bolinhos entram! Eles absorvem o veneno e nós poderemos passar. Estou certo Rick?

- certíssimo, Logan. Isso vai nos ajudar, mas o gosto desses bolinhos não é as mil maravilhas, já vou avisando.

Todos comeram fazendo careta, realmente era horrível.

- Agradeçam aos filhos de Deméter.

Descemos à alguns metros do templo, eu pensava que seria um templo glorioso, cheio de esculturas e tal. Mas não era assim. Tinham coisas quebradas no chão, uma coluna foi derrubada, samambaias se enrolavam nos restos de constituição, era uma verdadeira ruína.

— Acho que foi quando aquela feiticeira tentou destruir os planos dos sete — disse Elizabeth — parecem que houveram destruição.

— Nossa, que cheiro de morte — murmurou Maggie.

— Que?

— Nada — ela disse rapidamente e foi andando na frente de todos.

Ao chegarmos à entrada, Taylor e Chloe ficaram sentados em cima da coluna quebrada, não era a melhor posição de prontidão se algo desse ruim, mas ao menos eles estavam de olho.

Dentro do templo estava escuro, só que mais destruído que do lado de fora.

— É por ali — Maggie apontou para uma escadaria íngreme, perto de um pedestal, que provavelmente era para louvar deuses.

— Como você sabe? — perguntou Robb.

— Sei lá, só sei.

Descemos até uma sala, estranhamente iluminada, tudo estava revirado, tinham marcas de fogo nas paredes cuidadosamente esculpidas. As esculturas diziam para bebermos do vinho da taça. Ah, a taça... em cima de uma mesinha alta, era a única área não destruída.

Maggie pegou a taça e se virou para nós.

— Quem quer se envenenar? — ela sorri. Aquilo foi meio macabro.

— Não Maggie, espera! — Logan disse, mas ela já tinha dado um gole.

— Toma. Tem gosto de velharia.

Logan olhou para o conteúdo de dentro da taça, olhou para Maggie e bebeu.

Logan deu pra Robb, que fez cara feia mas tomou, Robb passou para Elizabeth que bebeu sem problemas. Então ela passou para mim. Meu estômago embrulhou.

Se seus amigos bebessem veneno, Zang, você beberia? Pensei na voz da avó de Frank, quando me lembrei do que li naquela transcrição.

Fechei os olhos e o gosto amargo do veneno invadiu minha boca.

A Maldição dos SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora