Maggie

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Uma vez conversei com Elizabeth sobre isso. Minha irmã tinha virado uma expert sobre filhos de Hades e seus poderes. "Você tem capacidade de sentir a morte, o que é normal para jovens como nós. Mas a sua capacidade de prever é realmente incrível. Mas mesmo assim, tome cuidado: quanto mais poderes tiver pode ser perigoso. Alguns puxam isso, outros puxam aquilo... mas o seu tem pouquíssimos registros, e esses poucos registros descreve sérios problemas nas vidas deles e fraquezas que podem destorcer a realidade que eles viam, causando em tragédia"

Problemas, fraquezas e tragédias... eu estava cheia dessas coisas.

Já estava cansada de assistir novamente a quarta temporada The Walking Dead com Lilly. Ela achava que por ser uma das minhas séries favoritas assistir repetidamente me animaria.

Ela desligou a Tv.

- E então? - ela se virou sorridente - parece que depois do almoço veremos a quinta.

-É -murmurei.

- Hoje está um dia incrível, não quer que eu abra a janela para você ver? - ela disse já se levantando da cama.

- Não! - a ideia de ver o sol era irritante. Eu não iria saltitar no Central Park, como Lilly gostaria.

- Tudo bem. Eu vou comer um lanche, qualquer coisa me chame.

Ela fechou a porta do meu quarto ao sair. Levantei um pedacinho da janela para espiar. O dia não estava incrível. As nuvens estavam cinza, aquilo me lembrou fumaça, então resolvi sair.

•••

Foi difícil sair do prédio sem ser vista, minha sorte foi a ausência do porteiro.

Entrei por algumas ruas, era como minha primeira queda, na época não tinha acampamento e a dor tinha transbordado. Sentei num banco em um lugar bem esquisito. Os prédios estavam velhos e mal cuidados, uns caras estavam reunidos numa esquina longe e tinha a carcaça de um gato atropelado alguns metros de mim.

Naquele mesmo lugar, uns dois anos atrás, eu estava lá. Fugindo de um dos namorados de minha mãe, ela tinha ido ao trabalho e quando voltei da casa de uma amiga, ele estava lá no meu quarto, me esperando. Seria terceira vez se eu não tivesse cortado o braço dele com um canivete.

Naquele dia, sai correndo sem rumo, até parar ali.

Aonde está o cara? Eu matei depois de duas semanas. Um tiro no peito e foi tudo. Matei um cara, deu a maior confusão, mas a polícia me elogiou quando descobriram tudo que ele tinha feito. Aquele era um segredo de família, entre eu, minha mãe e Robb.

Agora estou eu aqui no mesmo lugar que eu tinha chorado até desidratar. Lembrando disso.

Peguei um cigarro da caixinha que roubei de minha tia. Tinham dois, provavelmente quando chegasse em casa iria caçar nas gavetas dela.

Fumei enquanto olhava entediada para minhas botas e o asfalto da ruazinha. Fiquei sentada lá um tempão, até achar que já tinha causado polêmica com meu sumiço. Voltei para casa, tomei um picolé na volta. O porteiro começou a falar uma sequência de coisas que não prestei atenção. Abri a porta do apartamento, tirei o casaco, minha intenção era me jogar no sofá até chegar alguém para me dar um sermão. Mas quando olhei para sala, o casaco caiu de minha mão.

Logan era a única que eu tinha me agarrado para não cair e quando ele foi embora, senti sua morte. Ele tinha morrido, tinha certeza. Tinha pesadelos todos os dias: confrontos, monstros, acidentes... ele morria de todas as formas na minha mente. É isso tinha me envenenado aos poucos.

A Maldição dos SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora