Conciliação

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HERMIONE


Minha cabeça ainda latejava de raiva quando acordei na manhã seguinte.

Que droga... como Rony pôde ser tão cruel e descabido no eu modo de me convencer? Ele sabia muito bem o que estava fazendo. Sabia o como eu reagiria à sua "abordagem". Mas aquilo fora realmente um golpe baixo.

Por mais que eu entendesse a vontade - e, provavelmente, a necessidade - de Rony me acompanhar, eu fiquei magoada com seu jeito quase rude de me coagir.

Abri a porta do quarto de Rony uns dois centímetros, esperançosa que ele não acordasse e que eu pudesse seguir meu caminho sem nenhum peso na consciência. Porém, ele saltou imediatamente da cama, como se tivesse pressentido minha presença.

Olhei uma última vez para a cama de cima da beliche, observando Harry completamente adormecido. Quanto tempo nós ficaríamos sem nos vermos outra vez?

Rony passou por mim quieto como um agoureiro doente, levando uma bolsa de caminhada nos ombros. Não o cumprimentei, apesar de quase fazer isso por reflexo. Ainda estava chateada com o que ocorrera na tarde do dia anterior.

Saímos d'A Toca o mais silenciosamente possível, mas ouvimos uma movimentação desagradável no primeiro andar, que indicava alguém que acordara sobressaltado.

Rony estendeu a mão para mim, com uma expressão aterrorizada, como se pedisse para que aparatássemos logo antes que alguém viesse em nosso encalço.

Fechei a cara para ele, demonstrando o como eu não seguraria sua mão se não fosse para aparatarmos. Segurei seu braço e, em alguns segundos, fomos sugados por um redemoinho que nos transportou para longe dali.

________________ O __________________

Chegamos ao Aeroporto de Londres Heathrow menos de três minutos depois. Eu não estava com uma gota de paciência para ajudar Rony com as catracas, escadas rolantes e detectores de metais, então fiz tudo sozinha na frente dele, antes que os seguranças estranhassem.

Pegamos o primeiro voo para Sidney num avião da British Airways que teria duas escalas - uma na Índia e outra em Cingapura.

Assim que entramos no avião, sentei no assento que estava em meu bilhete e me virei para a janela, disposta a nem olhar para Rony o resto da viagem. Quando ele sentou ao meu lado, fiz questão de colocar os fones de ouvido e fingir que assistia ao noticiário que passava na tela do encosto a minha frente.

– Hermione... - mesmo com a voz do apresentador nos fones, pude distinguir o murmúrio inseguro se Rony.

Olhei de esguelha para ele, estreitando os olhos.

– Vai ficar sem falar comigo o resto da viagem?

"Vou, casseta. Estou com raiva de você, caçamba. Seu brucutu machista de uma figa...", xingava minha cabeça. Eu quase disse isso, mas algo me fez mastigar o que ia cuspir.

Mesmo encenando aquela birra ridícula, pude perceber que Rony parecia quase... arrependido. Até um tanto triste. Mas era como se alguma coisa o impedisse simplesmente de se desculpar.

Era infantil da minha parte, mas eu queria as desculpas dele. Pelo menos isso.

O voo de vinte e duas horas foi ridiculamente longo.

Quando pousamos no Aeroporto de Sydney, eu estava me sentindo completamente tonta com o jet lag da viagem.

Assim que passei pela saída, a tontura aumentou, e tombei para o lado, quase grata pelo desmaio que parecia estar vindo. Mas o tombo que eu esperava não ocorreu... provavelmente por que o panaca de peso na consciência ao meu lado me segurou, fingindo ser um cavalheiro para amenizar aquele tratamento de silêncio.

Rony e Hermione na Terra dos Cangurus (A Saga da Lontra) - Temporada IIOnde histórias criam vida. Descubra agora