Primeira Parada: Melbourne

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RONY


Chegamos em Melbourne depois de umas seis horas de sol e chuva no teto do Ranger.

Darel fizera a cortesia de já adiantar a reserva do hotel onde nos instalaríamos.

O Brighton Savoy Hotel era um lugar de cair o queixo. Tinha paredes de vidro que tinham vista para o mar da costa e confortos que eu realmente nunca me dera o luxo de experimentar.

Não podia deixar de me perguntar como Hermione estava bancando todas aquelas viagens e reservas de hotéis luxuosos. Nunca me passou pela cabeça que a família dela talvez ganhasse dinheiro a esse ponto.

– Hermione... - eu murmurei enquanto estávamos desembalando nossas coisas outra vez - os seus pais... ahn... ganham bem no mundo trouxa?

Hermione ergueu os olhos sobre a camada absurda de roupas na cama que cobriam seu rosto.

– Sim... - um tom muito delicado de rosa coloriu suas bochechas - de acordo com o British Dental Journal, eles são o quinto núcleo mais rico de odontologia no Reino Unido - ela corou ainda mais, se é que isso era possível; parecia estar com raiva de si mesma por ter deixado escapar isso - a rentabilidade deles é de cinco mil libras esterlinas por dia... bom... eles também participam dos processos que ocorrem nas clínicas.

– Perdão... - levantei a mão, surpreso - nas clínicas? É mais de uma?

– Dez ao todo, ao longo de Londres e Manchester - ela parecia não querer olhar de novo para mim - mas eles tem... ou tinham... uma "sede", uma clínica própria, em Londres. Eles geriam as outras clínicas de longe.

– Ah... - eu disse, olhando cabisbaixo para as minhas roupas. Que droga, Hermione também era rica, de certa forma.

– Mas uns quarenta por cento do que eles ganham sempre foram destinados à caridade... - Hermione algavariou, parecendo constrangida.

– Ei, calma aí - eu ri, percebendo o desconforto dela - ninguém disse que vocês são ricaços sovinas. Não precisa ficar envergonhada.

Ela sorriu um pouco, com o olhar quase perdido.

Darel surgiu na fresta da porta, com um sorriso que parecia querer arrebentar seu rosto.

– Já se instalaram?

– Sim... eu acho - Hermione sorriu também em resposta - acho que vou... vamos... - ela corrigiu quando eu ergui a sobrancelha em resposta ao uso do singular - rodar o centro de Melbourne para procurar informações sobre meus pais.

– Não precisa - Darel disse, com uma expressão um tanto convencida, enquanto erguia um bloco de papéis para Hermione - já contatei alguns... colegas, que fizeram esse servicinho. Gahoole e Nariel moram aqui há mais de cinco anos e conhecem gente de todos os lugares... fotógrafos, rodoviários, policiais, agentes de turismo, departamento de imigração... está tudo aqui...

Hermione folheou o pequeno prontuário com um espanto arrasador no olhar. Seu queixo foi caindo aos pouquinhos, como se reagisse em câmera lenta.

– Caramba, Darel! - para minha surpresa, ela saltou nos braços de Darel e o abraçou - nossa, está tudo aqui... e...

Me aproximei assim que ela soluçou, com as mãos na boca. Hermione virou a folha para mim.

Era uma foto de Monica e Wendell Granger, não havia dúvida. Mas além de estar congelada, tal como ficavam as fotografias trouxas, parecia ter sido tirada do alto.

Rony e Hermione na Terra dos Cangurus (A Saga da Lontra) - Temporada IIOnde histórias criam vida. Descubra agora