Carinho

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RONY


Hermione saltou da cama assim que Errol entrou. A coruja, como sempre, se desengonçou toda e caiu de cara no chão, amarrotando um pouco o envelopinho vermelho que trazia no bico.

Puxei o berrador do bico de Errol, olhando para Hermione, desanimado. Suspirei fundo antes de abri-lo.

Para minha surpresa, o berrador não emitiu grito algum.

Mas ao ouvir a voz soluçante que saiu do envelope, preferi mil vezes que tivesse berrado.

– Ronald... onde vocês estão? Estão bem? Por que fugiram desse jeito? Estamos tão preocupados, querido... Ficamos chocados quando soubemos que vocês deixaram o país... o que estão fazendo? Por favor, filho, dê notícias... estamos todos angustiados com o sumiço de vocês... volte para casa logo... por favor...

Após o breve monólogo, a cartinha se rasgou em vários pedaços sob meus pés. Dela, joguei meu olhar para a expressão petulante e deprimida de Hermione.

– Eu falei pra você, Rony - o tom dela pretendia ser convencido, mas a preocupação e o arrependimento varriam seu rosto em ondas intensas - você sabia que reagiriam assim. Ainda acha que está fazendo o que é certo?

Bufei, revirando os olhos.

– Sim, Hermione. Eu realmente já sabia no que isso ia dar - para o visível choque dela, puxei-a pela cintura até mim, usando a outra mão para enrolar uma das mechas de seu cabelo - e quanto a achar que estou fazendo a coisa certa - absorvi com prazer o gritinho de choque de Hermione quando beijei seu ombro - eu não tenho dúvida alguma... como eu poderia ter coisa melhor do que isso? - indiquei-a num gesto amplo do braço, brincando.

Hermione gargalhou, o que me deixou outra vez ridiculamente surpreso. Era uma cena linda de se ver... seus ombros sacudindo com o riso, sua boca se alargando no rosto enquanto ria, a cabeça bambeando com a gargalhada, o seu rosto contorcido de humor... não podia haver coisa mais fantástica de se observar. Ela era irracionalmente maravilhosa.

– Do que isso? - ela também se indicou com os braços, ainda rindo - fala sério, não sou tudo isso que você diz que eu sou.

– Você é linda. É um fato - contestei.

Saboreei o rubor delicado que tingiu suas bochechas.

– Ah, que nada - ela me olhou de esguelha, tímida - o que acha bonito em mim?

Credo, era uma pergunta difícil - quase impossível de responder. Se eu citasse ela toda, Hermione não ficaria convencida. Se eu falasse das curvas, com certeza apanharia. E se eu falasse de sua cabeça-dura, estaria mentindo.

Olhei para as delicadas esferas cor de chocolate que compunham suas pupilas.

– Seus olhos - murmurei, sentindo minhas orelhas esquentarem. Hermione arfou baixinho, sorrindo com uma vergonha adorável - bom, principalmente. Não é só isso.

– Tem mais? - ela veio saltitando num pé só para mais perto do meu corpo.

– Hum - eu ri, pensando - bom... você tem uma pele legal.

Hermione arfou mais alto desta vez, e corou mais ainda, como se tivesse sido pega em flagrante.

– O que foi?

Ela mordeu o lábio e não respondeu. Só uma coisa me passou pela cabeça.

– Alguém já te passou essa informação?

Rony e Hermione na Terra dos Cangurus (A Saga da Lontra) - Temporada IIOnde histórias criam vida. Descubra agora