A Fogueira

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HERMIONE


Darel estava irritantemente surpreso com minhas novas maquiagens.

– Puxa - ele sorriu, de um jeito irônico - ele realmente é um artista... não que esse padrão de desenhos exista em algum canto do mundo, mas...

Acotovelei-o, também rindo.

– Dá um tempo, Darel...

Mas Darek tinha lá sua razão: Rony havia feito tantos padrões circulares e linhas paralelas que eu estava parecendo um mapa das linhas de Nazca. Apesar de confusos, os desenhos formavam tatuagens muito bonitas e peculiares.

Me arrepiei mentalmente ao relembrar o momento em que Rony me pintava. Eu sentia um choque toda vez que ele tocava minha pele, deslizando os dedos ao longo da tinta.

Sacudi a cabeça. Credo, eu estava ficando muito sensível com esse assunto de toque e proximidade física. O que diabos estava acontecendo comigo?

– Então.. - comentei, mais para me distrair do que outra coisa - vai falar com Nyree hoje a noite?

– Puxa, Granger - Darel pôs a mão na nuca, suspirando - nem sei por onde começar. Mas Rony disse que ia me ajudar...

Piquei, surpresa. Rony queria mesmo bancar o cupido australiano? Desde quando ele era especialista em juntar casais?

– Então ele vai mesmo - murmurei.

Eu havia conhecido Nyree algumas horas antes. Era uma moça linda, provavelmente da minha idade, com longos cabelos negros e pele morena. Lembrava muito o desenho de uma índia que eu havia assistido quando criança.

Havíamos conversado um pouco, mas eu nem sequer cheguei a mencionar Darel - ou seu interesse por ela.

– Vai começar daqui à algumas horas - Darel avisou, saindo da cabana - se prepare...

– Pode deixar - suspirei, procurando, enquanto Darel saía porta afora, um lugar para guardar minha varinha naquela roupa minúscula. Quando vi a impossibilidade de guarda-la junto ao corpo, desisti e a enfiei no bolso da mochila enfeitiçada de Rony.

A tarde passou, sendo logo substituída por uma noite escura, com muitas estrelas. Vi o céu escurecer aos poucos, deitada na cama de bambu.

Uma garotinha maori chegou correndo em minha cabana, saltando em seus pezinhos. Devia ter acabado de se destransfigurar, já que ainda saltava como uma canguruzinha.

– Moça... Darel tá chamando a senhorita...

– Estou indo - sorri, acompanhando a menininha.

A fogueira da qual Darel tanto falara já estava acesa no centro da aldeia, flamejando uns três metros acima da madeira que queimava. Tinha uma linda cor amarelada, e, apesar de alcançar uma altura tão grande, não era tão quente quando nos aproximávamos dela.

Quase toda a tribo já estava sentada ao redor da fogueira; as crianças, mães e bebês ficavam na frente dos demais. Porém, havia um ligeiro vácuo na roda das crianças, suficientemente grande para três adultos sentarem. Deduzi que Akahata nos queria na "frota de frente" dos ouvintes.

Rony e Darel apareceram do outro lado e se sentaram no local vazio, perto de Akahata, que estava em pé, gesticulando para que eu me juntasse à eles.

Sentei-me ao lado de Rony, que parecia animado.

– Então... essa é a fogueira de histórias? - ele indagou.

Rony e Hermione na Terra dos Cangurus (A Saga da Lontra) - Temporada IIOnde histórias criam vida. Descubra agora