Em Família

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HERMIONE


Tudo o que eu me lembrava antes de desmaiar era de Rony desesperado para me desentalar daquela maldito buraco que quebrara minha pata - ou braço, que seja.

De repente, a escuridão me engoliu, como a água que me engolfara no dia que o buniyp me atacou.

Quando recuperei a consciência, já não estava fritando na areia do deserto.

Estava deitada de barriga para cima, me sentindo realmente péssima e dolorida.

Abri os olhos, e me deparei com um estranho teto feito de folhas e madeira. Tentei me erguer, como havia feito nos últimos dois dias - primeiro as "pernas", depois o "braço" - mas cambaleei e caí de volta ao chão.

Mas eu estava no chão? Olhei em volta, e me vi deitada num tipo de cama forrada com folhas e feita de bambu. Ergui o que deveria ser minha pata quebrada, mas me assustei ao ver uma mão humana de frente para os meus olhos. Parecia que o efeito da poção já havia acabado.

Meu braço estava enrolado em ataduras, também feitas de folhas de planta, Ainda doía um pouco, mas estava surpreendentemente firme e curado.

Comecei a analisar o estranho ambiente. Aonde eu estava? Onde estavam Rony e Darel?

Saí da cama e arrisquei alguns passos, cambaleando um pouquinho outra vez. Já havia me acostumado a galopar e trotar... andar outra vez parecia muito esquisito. Pisquei, tentando enxergar dentro do que parecia ser uma cabana bem rústica.

– Rony? Darel? - chamei-os, olhando ao meu redor. Tudo estava escuro, exceto pela luz que vinha da entrada à frente.

Foi por ali que entrou, dentro da cabana, para minha surpresa, um canguruzinho minúsculo, que provavelmente acabara de deixar o conforto da bolsa da mãe. Era magricelo e muito fofo, e se aproximou de mim com uma curiosidade infantil no olhar.

– OI, pequenininho - sorri, estendendo a mão para ele - está perdido? O que faz aqui?

Para meu choque, ele não só chegou perto o suficiente para que eu acariciasse sua cabecinha, como começou a pular e bater as patinhas em minhas pernas, como se pedisse colo.

– Ora essa - tentei aninha-lo em meu colo com o braço que não quebrara. O canguruzinho era tão leve quanto um bebê recém-nascido - parece que nós dois não sabemos onde estamos, não é?

Ele farejou meu pescoço, me fazendo rir.

Comecei a andar em direção à saída, equilibrando o filhote brincalhão em meu colo. Pisquei quando a luz do lado de fora engolfou meus olhos.

Recuei vários passos quando dei de cara com uma mulher morena, com tatuagens bonitas no rosto, que vestia uma roupa de peles e algodão. Parecia assustada ao me ver com o pequeno canguru nos braços. Ela pôs as mãos na boca, parecendo não saber como reagir.

– Tama ... he aha kei te mahi koutou i roto i te uma o te kotiro? Whakaara e koe??

Eu era uma completa estúpida em outras línguas, mas reconheci a primeira palavra que ela dissera. Segundo Darel, era a palavra maori para "filho".

Filho? Será que ali era a tribo dos maoris?

Abaixei o olhar para o canguruzinho, que encarava a mulher com uma expressão quase humana de travessura.

Ele saltou dos meus braços, indo em direção à ela aos pulos. Quando faltava apenas alguns centímetros entre eles, porém, o canguruzinho desapareceu, dando lugar à um garotinho moreno que não devia ter mais de um ano e meio. O bebê agarrou as pernas da mulher, gargalhando.

Rony e Hermione na Terra dos Cangurus (A Saga da Lontra) - Temporada IIOnde histórias criam vida. Descubra agora