Lembranças!

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Nós três trocamos olhares e logo pedimos para ele falar.

- Vou começar com a mais ou menos... - ele olha para umas folhas de papel que está em suas mãos e continua - Bom, fizemos uns exames de tomografia e não deu nada quanto aos seus movimentos, mas ainda não temos certeza, temos que fazer uma fisioterapia quando acordar para...

- Como assim "quando acordar"? - o corto

- Então... A resposta para essa pergunta é uma das noticias desagradáveis. Bom... Ela entrou em coma compulsivo e não ira acordar com tanta facilidade, - explica - e a outra ruim é que tem 95,9 por cento de chances de ela perder a memoria por completo. Isso tudo por conta de uma forte batida em uma parte do cérebro que afeta a memoria, mas também não temos muita certeza disso, temos que esperar para que ela acorde para poder ter a certeza, mas já aviso que as chances são altas.

- Mas como assim perder a memoria por completo? Afeta até quanto tempo da vida dela? - há um desespero em minha voz ao saber que provavelmente Ally pode esquecer tudo do que já vivemos e já tivemos juntos.

- Ela continuará agindo de acordo com sua idade, mas poderá perder as memórias das coisas que aconteceram a partir de seus 10 anos.

- Isso que dizer que ela não se lembrará de sete anos de sua vida? É isso?

Ele apenas assentiu confirmando.

Isso me deixa mais aflito do que já estava. Desabo por completo em saber que Ally se lembrará de mim como um garoto de 10 anos repugnante que tanto a fez sofrer. Ela não vai saber quem eu sou de verdade e que um dia já ficamos e nos amamos, apenas olhará nas fotos, mas isso não mudará praticamente nada de nosso passado.

...

Chego à escola e entro na sala de aula. A primeira pessoa que vejo é a menina chata e nerd da classe: Ally Dawson.

Só de olhar para aquela cara enjoada já me dá vontade do vomitar. Uma pena mesmo meus pais teres que ir para o trabalho mais cedo e me deixar uma hora adiantado aqui nesse fim de mundo com a única garota mais monga que conheço.

Estamos a sós eu e ela na classe, pois ainda não chegou ninguém e a escola esta totalmente vazia.

Vou até a minha carteira e jogo minha bolça em cima da mesa como todos os dias. Ela olha para mim de sua mesa ao ouvir o barulho e volta a olhar para frente sem dar um "piu" se quer. A partir dai, achei uma brecha para me divertir e passar o tempo.

- O que tá olhando Dawson? - começo

Ela simplesmente não responde e continua quieta no seu canto escrevendo em um caderno marrom médio que aparenta ser um diário.

- O que é isso? - vou até ela e o tomo de sua mão e saio correndo.

- Não. Devolva-me, Austin. Você não tem direito algum de mexer nele. É meu!

- A é. Vem pegar esse lixo aqui então.

- Não é. Pelo menos esse "lixo" ai é melhor que você. - ela fala entre dentes

Ally corre atrás de mim passando pela porta da sala de aula. Fui em direção à quadra de vôlei cheia de areia e jogo o caderno inútil no chão e pulo em cima com raiva. Ela gritava para eu para, mas nem ligava. Por que parar com uma coisa que está sendo tão divertida?

- NÃO AUSTIN... - reparo lagrima em seus olhos - Esse caderno era da minha avó!

Ela vem correndo até mim e arranca-o a força. Ally tenta limpa-lo o máximo que pode. Ela chorava ao ver o estado do objeto com folhas.

Ainda tenho Esperança!Onde histórias criam vida. Descubra agora