Capítulo 10 - Tempo: és um dos deuses mais lindos.

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Acordei incrivelmente disposta, minhas roupas já estavam todas separadas, só faltava colocar na mala e fechar. Espreguicei-me em minha cama e permiti meus olhos abrirem e encontrarem a claridade que passava pela fresta da cortina branca. O cheiro característico de café e de chá da minha casa era uma ótima sensação.

Levantei da cama com bastante preguiça, pois, era feriado, ninguém gosta de levantar cedo no feriado, mas eu precisava porque daqui a pouco Enzo iria chegar e me buscar para irmos para Curitiba visitar os avós dele e o restante da família, afinal já fazia bastante tempo que ele não os via. Minha mãe estava um pouco chateada por eu não participar dos rituais da nossa igreja, afinal era sexta feira santa, mas Enzo havia me convidado e eu não podia recusar.

Fiz um coque no cabelo ainda despenteado, escovei os dentes e desci de camisola mesmo para a cozinha, eu queria comer logo, aquele cheiro ainda cedo abria meu apetite. Dei Bom dia para meus pais que já estavam de pé. Meu pai lia seu jornal corriqueiro e minha mãe terminava de fazer panquecas, dei um abraço por trás nela elogiando suas panquecas perfeitas, algo que eu nunca consegui fazer na vida.

_ Filha, que horas o Enzo vai chegar? - perguntou ela.

_ Mãe, acredito que 8h ele deve estar por aqui para irmos! - ela fez um "hum" - A senhora quer me falar alguma coisa?

_ Sônia! - repreendeu meu pai, olhei para ele e depois voltei-me para minha mãe.

_ Ok, podem começar a me contar! - eu disse dando batidinhas no balcão.

_ Não é nada filha, nada demais! - minha mãe tenta desconversar, mas ao ver minha expressão determinada ela solta um suspiro e retorna a fala - é que, eu encontrei os pais do Diego - sinto meu corpo tencionar por inteiro e fico ligeiramente desconfortável - eles disseram que a Rebecca voltou para a casa dos pais, que o Diego esta desolado, eles estão muito preocupados com ele minha filha, parece que ele anda bebendo demais! - "Bem sei" - Tu sabe que bebida demais não é legal! Diego é um guri bom demais, ai meu Deus, que o senhor o proteja! - engoli seco e fitei o mármore que formava o balcão.

_ Eu não estava sabendo, espero que eles se acertem! - eu digo, e retiro-me de perto de minha mãe e vou até a mesa me servir do café. Pego uma panqueca e coloco recheio de frango e depois o suco de laranja de caixinha e coloco em um copo de vidro.

_ Minha filha, deixa isso para lá viu! - meu pai falou virando-se para me olhar sentada na mesa. Eu apenas dou um sorriso fraco e continuei comendo meu café da manhã totalmente dispersa. Depois demorar mais do que o necessário no café, eu me levanto e retorno para o meu quarto descobrindo que eu já estava atrasada. Praticamente corro para o banheiro para tomar logo meu banho, e Diego mais uma vez assume a figura dos meus pensamentos. Independente da nossa história tortuosa eu ainda gostava dele como amigo, acima de tudo, e eu não poderia simplesmente ouvir tudo aquilo e fingir que não estou sabendo de nada.

Saio do banho e trato logo de me enxugar e vestir a roupa separada na cama. Um shorts de tecido coral e uma blusa branca bem soltinha e uma sandália de pedras nas hastes. E assim que eu termino de arrumar escuto a voz do Enzo ecoando lá em baixo, olhei no relógio e noto que já são 8:15 da manhã. Fitei o aparelho de celular e imaginei se seria de bom tom mandar uma mensagem para Diego nessa altura do campeonato. Digitei a mensagem e enviei ansiosa e apreensiva ao mesmo tempo.

Peguei minha pequena mala e minha bolsa, tudo isso realizado com movimentos completamente afoitos e desajeitados, que fez eu acertar em cheio meu dedinho do pé em alguma parte do quarto. Enzo veio ao meu encontro no corredor e sorrimos um para o outro, ele prontamente pegou minha mala e nos demos as mãos e descemos as escadas.

A caminho do seu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora