Capítulo 4

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Voltei para o pátio da escola escondendo minhas mãos ensanguentadas no bolso do meu casaco, minha respiração estava visivelmente acelerada e minhas mãos tremiam. Eu havia matado alguém, estava nervoso e perturbado . Não pelo fato de ter matado , mas sim por que logo iriam achar o corpo e na falta de Renato, o bosque seria um local perfeito para os investigadores.

___ Gabriel? Tudo bem? – perguntou Eloísie à minha frente. Estava tão concentrado em meus pensamentos que nem havia reparado há quanto tempo ela estava ali.

___ Sim estou... – respondi analisando o local em busca de alguma torneira.

___ Não parece estar. Está escondendo algo? – insistiu ela apontando para os meus bolsos.

Apenas balancei a cabeça negativamente e , e comecei a caminhar ao ouvir o sinal tocar. Eloísie segurou meu punho tirando minha mão do bolso vendo o sangue que a cobria.

___ Isso é sangue? O que você fez? – ela virou o meu rosto me fazendo olhar para ela.

___ Por que se importa? – perguntei irritado com as perguntas dela, com aqueles olhos castanhos que me encaravam como se eu fosse uma criança que havia feito bagunça.

Ela olhou para as minhas mãos e depois me encarou novamente.

___ Porque agora é aula de natação... Não vai poder fazer a aula com as mãos sujas assim, vai?

Realmente uma resposta inesperada, eu pensei que ela estivesse espantada por ter sangue em minhas mãos, mas apenas estava pensando em como eu iria fazer a aula de natação com as mãos sujas. Depois de 7 anos estudando na mesma classe que ela , eu finalmente me perguntei "Quem é essa garota?" .

***

Após ter lavado minhas mãos na pia do banheiro , aproveitando que estavam todos na aula de natação , entrei no saguão observando os outros alunos se esforçando para conseguir nadar até o meio daquela grande piscina. Sentei-me na arquibancada apoiando meus cotovelos nos joelhos , Jason viu-me do outro lado saguão caminhando até mim, em curtos passos rápidos já com um sorriso sarcástico no rosto.

__ Gabriel.... O porquinho tem medo de água? Por que não se molha um pouco ? – ele assobiou chamando os amigos , que já se aglomeraram em volta dele. Eles me seguraram pelo colarinho do casaco me lançando na piscina.

A profundidade era grande e eu não sabia nadar. Balancei os braços na esperança de tomar impulso e subir novamente para a superfície, sem sucesso. Conseguia ouvir ao longe risadas e vozes que gritavam "Fraco...Fraco! Não sabe nadar! O porquinho tem medo de água!".

Estava ficando sem ar , meu coração disparava , minhas forças desvaneciam-se e eu começava a engolir água. Senti uma mão segurar meu braço e puxar-me para a superfície, quando meus olhos pesaram e tudo se apagou.

Diário de um psicoloucoOnde histórias criam vida. Descubra agora