Capítulo 8- Algo grave aconteceu...

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5 de Outobro 2022

Querido Rodrigo,

Desta vez quem te escreve não é a Ana mas sim a Cristina, mãe dela.
Descobri a semana passada que ela te escrevia e pareceu-me tão importante escrever-te que eu própria vou escrever visto que neste momento ela luta contra a morte.
Não sei o que fazer para ela acordar do coma...
Parecia-me tão bem mas no entanto jogou-se para a frente de uma moto na sexta passada.
Soube da noticia pelo telefone quando saia do trabalho. A recepcionista do hospital S. Carlos contou-me com clareza e pontualmente que a minha filha havia sido atropelada a cerca de dois minutos por uma moto perto de casa, disse-me também que se encontrava em coma e já estava acompanhada pela presença do pai.
O meu coração disparou naquele momento. Desatei a correr para o carro e cheguei ao hospital o mais rápido que pode.
Ela estava tão mal, ela a minha menina, ali deitada e ligada a maquinas para poder sobreviver...
Acho que tu és o anjo da guarda dela agora. Tu ai em cima, com asas pois eras um miúdo exemplar, fica a cuidar da minha menina por favor.
Peço-te que não sejas egoísta ao ponto de a querer só para ti. A Ana tem tanto para viver ainda!
Quinze anos de vida não chegam para poder saborear o que há de melhor na vida.
Fazes ideia de como foi encarar o meu marido quando ele estava sentado numa daquelas cadeias pretas de espera com as lágrimas nos olhos? A cara dele transmitia desespero e de certa que o pensamento dele era o mesmo que o meu: "Onde é que nos erramos para merecer isto?"
Corri para o abraçar mas foi o abraço mais frio que alguma vez senti. Têm razão quando dizem que um filho aquece a vida de qualquer um. E a minha filha, nossa filha, é a luz dos meus olhos e a nossa alegria lá em casa, o nosso calor num abraço!
Não me tires a minha menina por favor!

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