15 FINALMENTE A BATALHA

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Eram uns trinta ao todo. Iriam ser divididos em pequenos grupos e destinados a unida desempenhadas em diferentes frentes de batalha.

Cada turma ficaria sob o comando direto de um veterano, ao qual caberia a tarefa de avaliar o comportamento deles no campo, além de salvar a pele de quem ficasse em perigo.

Cada um iria vestir corpetes de cores vistosas que permitissem identificá-los como cadetes da Academia. Desta forma, o supervisor poderia controlar mais facilmente o comportamento dos jovens em combate.



A prova foi antecedida por toda uma série de treinamentos bastante puxados.

Os aspirantes a cavaleiro lutavam na arena desde o alvorecer, aperfeiçoavam-se nas técnicas das várias armas, corrigiam seus erros, aprimoravam o comportamento que deveriam ter em combate.

Ao pôr do sol estavam todos exaustos. Todos, exceto Nihal.

Sozinha no quarto, virava-se embaixo dos cobertores sem conseguir pegar no sono.Todos os seus pensamentos já estavam focalizados na guerra. O seu sonho estava aponto de tornar-se realidade: finalmente iria contribuir para a destruição do Tirano. Quase não conseguia acreditar ter chegado tão longe. E não via a hora de lutar: parecia-lhe que nessa batalha iria finalmente encontrar um sentido para a sua existência. Combatendo iria resgatar a culpa de ter sobrevivido aos seus similares, a culpa de não ter amado o bastante Livon e de tê-lo deixado morrer. Contava os dias.



Nem todos estavam tão felizes e ansiosos.

Laio havia sido admitido à prova graças à influência do pai, mas estava apavorado.Até então aceitara sem se importar demais o destino que a família escolhera para ele:imaginava o dia em que iria entrar na luta tão distante que não precisava se preocupar.Mas agora, à noite, já lhe parecia ouvir o clangor das armas ressoando na sua cabeça.Talvez não fosse morrer em combate, mas na certa morreria muito antes de susto.

Nihal procurava reanimá-lo, mas sem muito sucesso.Afinal forçou-o a aceitar um trato.

- Ouve-me com atenção, Laio. Juro que se as coisas ficarem mal eu mesma cuidarei de salvar-te. Mas tu precisas prometer que vais falar com teu pai e vais convencê-lo a deixar que tu mesmo escolhas o que queres fazer na vida.

Ele concordara, entregando-se com toda a força do seu ser à esperança de Nihal manter o seu juramento.



Senar estava preocupado com Nihal, mas a prova não foi uma surpresa para ele: sabia desde sempre que ela não pararia diante de coisa alguma até conseguir sentir na boca a poeira do campo de batalha.

Os meses passados na Terra do Sol haviam sido bons para ele: depois dos horrores da guerra, poder finalmente viver em paz havia sido maravilhoso. Começava quase agostar daquela terra barulhenta e confusa. Quanto a Flogisto, então, o mago que com seus ensinamentos o estava ajudando a aperfeiçoar-se, era uma figura extraordinária: um velhinho de idade indefinida, dobrado em dois pelos achaques e sujeito a uma marcada tendência a esquecer tudo. Os anos haviam passado, deixando nele o dom da sabedoria e a capacidade de entender os outros.

Com ele Senar aprendeu a paciência, a diplomacia, a compreensão e a empatia.

E ficou então pronto para entrar oficialmente no Conselho dos Magos.



Para a ocasião foi organizada uma cerimônia solene no palácio real da Terra do Sol, sem esquecer a investidura, a apresentação oficial à alta sociedade e um faraônico banquete final. Todos os cozinheiros da corte ficaram empenhados durante vários dias no preparo do simpósio e a grande sala central foi adornada com cornucópias de ouro repletas de frutas provenientes dos mais remotos recantos do Mundo Emerso, tapeçarias antigas e tecidos preciosos.

A garota da terra do ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora