Há, claro, todo um desejo
de falar de cigarros
e bebidas.Há, claro, todo um intuito
de se parecer culto
e letrado.Mas nada disso é belo
o suficiente,
atrativo o suficiente.
Clássico o suficiente.E estão a usar palavras
difíceis, e contar
histórias complexas.
Querem que ensinem sobre
os escravos, que falemos
sobre a depressão de 29.Mas esqueceram,
esqueceram da finalidade
poética. Do encanto.
A arte de apaixonar,
de pintar cores nos rostos.
De roubar as telas.
Escrever sobre
ela.E eu ainda sou um
miúdo, que recém
escreveu o seu centésimo
poema e não ganhou nada.
Por hora.Mas já sei fumar,
beber, falar de amor
e de filhos.
Rir e fazer gargalhar.
Às vezes sei fazer
desmoronar.
Sei provocar trovões
dos olhos, mas não,
não me orgulho disso.E uma palavra
foi usada pela primeira vez
depois de dezenas de poemas.Mas tudo bem, a lua também cairá.
Não se esqueça que a lua também cairá.
A lua também cairá.
Ela cairá.- William Philippe 28.10.15
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Hoje, a noite tocou blues
PoesíaATENÇÃO: LIVRO AINDA NÃO REVISADO Há mais poesias do que se pode catalogar. Mas agora toca blues e eu não me importo tanto. Estou escrevendo e não me sinto bem. Tudo tem a ver com mulheres e este cigarro já está apagando. É tudo melancólico e azul...